A disputa tecnológica entre China e Estados Unidos está cada vez mais acirrada: de um lado, as big techs que já conhecemos tentando se adequar à inteligência artificial e, de outro, a China tentando acompanhar o mesmo ritmo. E no meio disso tudo, o Brasil terá os seus desafios para lidar.
Esse foi um dos focos durante o bate-papo entre Antonio Eduardo Nascimento (Diretor de Segmento BU de Investimentos da Dimensa), Chris Garman (Diretor para Américas da Eurasia Group) e Rodrigo Nardoni (Vice-Presidente de Tecnologia e Segurança Cibernética da B3), no segundo dia de Febraban Tech, realizado nesta quarta-feira (11).
Para Chris Garman, China e Estados Unidos são dois países “interligados” e as transformações relacionadas à IA estão em várias camadas, mas o impacto social da tecnologia ainda está para chegar. “Nós vamos ter uma grande competição entre as duas potências”, disse durante a conversa.
O executivo também acredita que haverá uma resistência política durante a adoção da IA, e que os países que não adotarem a tecnologia acabarão ficando para trás, assim como os que tiverem uma regulamentação excessiva. “Aqui no Brasil, o primeiro Projeto de Lei (PL 2338/2023) pesa pelo lado de regulação e proteção, mas não foca nos ganhos e oportunidades da IA”, exemplificou.
Por um ponto de vista mais positivo, Chris Garman também enxerga que o assunto da IA no Brasil está começando a ter um “cheirinho de oportunidade maior”.
No caso da disputa EUA-China, uma oportunidade para o Brasil é aproveitar a sua boa posição comercial com a China. Inclusive, segundo muitos especialistas de mercado, há uma expectativa do aumento de investimentos chineses no Brasil, inclusive na área de tecnologia – nomes como a Huawei estão voltando a investir no país. Além disso, com o enfraquecimento dos EUA como parceiro comercial na era Trump, a União Europeia também vê o Brasil com o potencial de crescer enquanto parceiro estratégico.
Entretanto, de acordo com o diretor do Eurasia Group, as empresas que desejam se beneficiar em cima desse redesenho geopolítico e seus impactos no cenário tecnológico precisam estar preparadas.
A dica de Garman é que as companhias coloquem em seus planejamentos estratégicos medidas para lidar com um mercado polarizado – inclusive, ele prevê que os Estados Unidos intensifiquem sua agenda de sanções nos próximos cinco anos.