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Wood Chat: startup busca unir IA e conservação da Amazônia

Startup busca apoio do Ibama e de voluntários para desenvolver ainda mais sua tecnologia e, consequentemente, expandir

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Fernanda Onofre, CEO da Wood Chat
Fernanda Onofre, CEO da Wood Chat (Imagem: Divulgação/Arquivo Pessoal)

O desmatamento na Floresta Amazônica somou 377.708 hectares em 2024, segundo o relatório da Rede MapBiomas divulgado nesta quinta-feira (15). Isso significa que o combate à extração ilegal de madeira no Brasil ainda é um desafio — e é justamente nesse cenário que entra a Wood Chat, startup que aposta na inteligência artificial para ajudar na preservação da Amazônia.

Formalizada em junho de 2024, a empresa dividiu seu negócio em duas frentes: uma assistente de inteligência artificial no WhatsApp, apelidada de “Violeta” (ou professora da floresta), que ensina sobre conservação ambiental, e uma IA que, com acesso exclusivo (login e senha) a uma página da web, permite tirar fotos de madeiras extraídas para identificar a espécie. A ideia aqui é de criar um catálogo, para ajudar na fiscalização e na não-comercialização de madeiras extraídas ilegalmente.

Hoje, a Wood Chat conta com a tecnologia de LLMs (Large Language Models) para interpretar perguntas em linguagem natural, integração com o modelo ChatGPT, aprendizado de máquina (ML) e aprendizado profundo (DL), processamento de imagens e visão computacional para identificação da espécie da madeira.

O que a Wood Chat oferece hoje?

No começo, a Wood Chat não se separava em dois — tanto a Violeta (professora da floresta), quanto a IA reconhecedora de madeira, ficavam dentro do WhatsApp. Mas os produtos acabaram sendo divididos por uma questão estratégica.

A Violeta, por si, é uma espécie de “assistente florestal” no WhatsApp. O chatbot oferece uma interface de diálogo com inteligência artificial que processa as interações e busca melhores respostas com rapidez e precisão. Além de oferecer quizes sobre a floresta, também consegue responder perguntas. Confira:

Chatbot faz quizzes, traz curiosidades e responde dúvidas sobre a Floresta Amazônica
Chatbot faz quizzes, traz curiosidades e responde dúvidas sobre a Floresta Amazônica (Imagem: Divulgação/Startups)

O outro produto seria a IA que consegue, através de fotos enviadas pelo usuário, identificar espécies de madeira. Segundo Fernanda Onofre, CEO da Wood Chat, a ideia não é de substituir o trabalho do engenheiro florestal — e sim de apoiar esse profissional.

“A tecnologia vai ajudar o engenheiro florestal a ter mais produtividade no dia a dia e também ter qualidade no trabalho dele. Menos cansaço físico e mental”, anuncia, exemplificando que existem profissionais que têm de reconhecer mais de 500 toras por dia.

“Quando o madeireiro vai fazer o manejo florestal sustentável, ele precisa preencher o documento de origem florestal, que precisa ser preenchido com precisão, principalmente para o madeireiro que faz a venda ou exporta. Hoje, esse reconhecimento é feito a olho nu. Então, ele tende ao erro pelo cansaço humano, por muitas toras que eles têm que reconhecer diariamente”, diz a CEO.

Como tudo começou?

A Wood Chat surgiu no começo de 2024 como um projeto de pesquisa em Manaus, em um edital envolvendo o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), PPBio (Programa de Pesquisa em Biodiversidade) e o Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia. Na época, foram captados R$ 90 mil.

Mas a formalização com CNPJ só veio em junho do mesmo ano. Não demorou muito para que a Wood Chat recebesse mais uma captação: em julho de 2024, foram R$ 60 mil da Fundação CERTI. Já em fevereiro de 2025, a startup ganhou o Desafio Whatsapp pela Amazônia, recebendo o prêmio de R$ 250 mil.

Depois do dinheiro, os desafios

Agora, o que a startup busca é desenvolver ainda mais sua tecnologia e, consequentemente, expandir. De acordo com Fernanda Onofre, a IA reconhecedora de madeira já está pronta, mas ainda precisa de uma base de dados maior, uma vez que é difícil catalogar todas as espécies de árvores. “Na Floresta Amazônica temos de 40 a 300 espécies de madeira por hectare, uma grande biodiversidade”, explica.

A ambição da CEO é de conseguir contato com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e também de construir um grande time de pesquisadores dentro da área madeireira. Com isso, conseguirá um banco de dados mais robusto.

“Se eu faço a integração com um documento de origem florestal, seja o Ibama, seja o Serviço Florestal Brasileiro, eu consigo dados. Então, quando o madeireiro começar a usar a nossa tecnologia, terá um banco de dados e um serviço melhor”, diz.

Para quem acredita no projeto, Fernanda Onofre anunciou ao Startups que está com vagas abertas para voluntários, pesquisadores e doutores da física da madeira. As inscrições podem ser feitas entrando em contato pelo e-mail [email protected].