Tem gente que não gosta muito do Thiago Nigro, o Primo Rico, mas quando ele tem algo a dizer, muita gente presta atenção – vide o auditório lotado no encerramento do evento Fire Festival 2022, em Belo Horizonte. E ele tem algo a comentar sobre o atual cenário das startups no país, com redução de investimentos e ondas de demissões. Segundo o CEO do Grupo Primo, está na conta dos fundos e investidores.
“Os investidores são os principais culpados pelo momento”, disparou o influencer-agora-empresário, quando perguntado pela reportagem do Startups. Segundo ele, empresários e fundos tiraram os olhos do foco, que é a geração de caixa. “Quem não se esqueceu disso, está surfando bem no mercado atual”, avaliou.
A declaração do Nigro não chega a surpreender. Na verdade, ela se alinha com uma afirmação recente de João Kepler, fundador da Bossanova Investimentos, que culpou fundos que investem cheques altos em rodadas late stage por prometerem rodadas para sustentar as estratégias agressivas de crescimento das investidas, e não seguirem com o plano.
A fala de Nigro não é por acaso, já que a Bossanova tem o Grupo Primo – formado pelos influenciadores Nigro e Bruno Perini (Joel Jota saiu recentemente) – no seu conselho administrativo. “É um momento para ver quem entende onde está o foco principal do negócio, e ver quem está nadando pelado”, pontuou, fazendo alusão à famosa metáfora da maré baixa.
Expectativas ajustadas
Por falar em maré baixando, segundo Thiago Nigro, o momento do Grupo Primo é de expectativas ajustadas. No começo do ano, ele chegou a afirmar que a companhia anunciaria em breve uma série B e um possível IPO estava no horizonte. Corta para setembro de 2022 e o cenário é outro.
Aliás, em junho, nem o Grupo Primo escapou da onda de demissões, dispensando cerca de 50 dos seus 280 funcionários na época. Porém, a justificativa para as demissões não foi em função de caixa, e sim uma reestruturação de operações, após ter anunciado a aquisição de três edtechs: a TopInvest, voltada a traders; a Edufinance, focada em valuations; e Paradigma Education, especializada em cripto.
Além do foco em educação, a empresa de Nigro quer reforçar a oferta de uma de suas principais aquisições: a fintech Grão, comprada em março deste ano e que trouxe funcionalidades transacionais para a plataforma do Grupo Primo. “Vamos oferecer nosso primeiro produto de investimentos, de previdência privada, fora da plataforma da XP”, adiantou.
Quanto ao papo de novos investimentos para crescer, o Primo Rico voltou ao assunto do caixa. Em 2021, a empresa faturou cerca de R$ 120 milhões em suas diferentes linhas de negócio, e Nigro afirma que vai se concentrar nisso. “No momento estamos gerando caixa e não temos nenhuma aquisição que justifique a busca por uma nova rodada”, finaliza.
(O jornalista viajou a Belo Horizonte a convite da Hotmart)