Os recursos aportados por investidores anjo em startups brasileiras ao longo de 2019 passou de R$ 1 bilhão, um crescimento de 9% em relação a 2018, segundo pesquisa feita pela Anjos do Brasil. É a primeira vez que o total de recursos supera a marca de R$ 1 bilhão desde que a rede de anjos começou a fazer o acompanhamento anual do mercado, em 2010. O avanço foi resultado, principalmente, de um incremento no número de investidores: 6%, para 8.220 pessoas.
“O crescimento de 2019 foi impulsionado em parte pela retomada das expectativas de crescimento econômico e também pela maior divulgação de cases de sucesso de startups como Nubank, 99, entre outras, que estimulou novos investidores a investirem”, diz Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil.
O bom momento de 2019, no entanto, não deve se repetir em 2020. Com o impacto da pandemia, o crescimento esperado para o ano tende a se reverter em uma queda de pelo menos 10%. “No começo da pandemia metade dos anjos nos diziam que iam deixar de investir. Então achávamos que a queda no ano seria ainda maior”, diz Spina. Segundo ele, a pandemia afetou os investidores de duas formas: os que tinha investimentos no mercado financeiro, viram seus recursos encolherem com a queda do mercado nas primeiras semanas da pandemia. Já os que estão ligados à economia real, que ainda tocam seus negócios, precisaram voltar sua atenção e recursos para essas operações. Com a melhora do mercado financeiro, o primeiro grupo voltou a se sentir à vontade em investir. Já o segundo ainda enfrenta desafios.
Na avaliação de Spina, para que o mercado se recupere, além da melhora no cenário econômico, é preciso resolver algumas questões antigas, como a tributação dos investimentos. “Enquanto diversos investimentos são incentivados, o em startups é duplamente tributado. Além do imposto sobre os ganhos de capital, as eventuais perdas não podem ser deduzidas. Percebemos que é urgente o estabelecimento da equiparação de tratamento tributário e a criação de mecanismos de incentivo, como por exemplo os existentes no Reino Unido, Itália e Espanha, países nos quais, além de isenção, se permite a compensação de até 50% do valor investido em startups nos impostos devidos”, diz Spina.
De acordo com Spina, o investimento anjo no Brasil tem potencial de crescimento de 10 vezes, chegando a R$ 12 bilhões por ano. A conta é feita tomanado como referência o volume de investimento em outros mercados, como os EUA. Por lá, R$ quase 24 bilhões são aportados em startups por investidores anjo todo ano.