Investimento-anjo

Greentech MABE Bio recebe investimento anjo e totaliza R$ 1M

Startup que transforma plantas brasileiras em novos materiais, como biocouro, quer expandir a capacidade produtiva

MABE Bio. Foto: Divulgação
MABE Bio. Foto: Divulgação

Imagine criar materiais, como couro e plástico, a partir de plantas nativas do ecossistema brasileiro. É isso que a greentech MABE Bio faz. Após captar sua rodada pré-seed com a Antler, a startup liderada pelas empreendedoras Marina Belintani e Rachel Maranhão levantou um novo aporte com a Anjos do Brasil, Sororitê e a investidora-anjo Isabella Prata, e agora totaliza R$ 1 milhão em investimentos. Os recursos serão usados para expandir a capacidade produtiva e dar sequência na pesquisa e desenvolvimento de outros materiais.

Em entrevista ao Startups, Rachel conta que a greentech recebe pedidos toda semana de clientes que querem testar os materiais, que hoje consistem no biocouro, bioplástico e biocompósito, um material que pode substituir o MDF. A principal matéria prima utilizada pela startup é o angico, árvore encontrada principalmente na Mata Atlântica, Caatinga e Serrado, e que é normalmente utilizada para recuperação do solo.

“Ela é altamente usada para projetos de recuperação florestal, porque entra em um solo degradado pela pecuária, por exemplo, e ajuda a nutrir, preparar o bioma para receber outras espécies. Nosso produto é o primeiro biocouro carbono negativo, mas quando olhamos para a escalabilidade, é importante ter substitutas, sempre olhando para plantas brasileiras”, explica.

A empreendedora quer licenciar a tecnologia e conseguir escalar para o Brasil e o exterior, colocando o país no epicentro da indústria de materiais sustentáveis. A demanda pelos produtos existe, mas Rachel afirma que conseguir investimentos para atender a essa procura ainda é um desafio. Tanto pelo fato de ser uma startup com lideranças exclusivamente femininas, o que enfrenta um viés inconsciente por parte dos investidores, quanto pelas particularidades do negócio.

“A gente tem uma tecnologia bem desenvolvida, mas precisa de investimento para poder vender. Só que os investidores querem olhar venda e faturamento para investir. Por isso que o investimento anjo é tão importante. Ele vai nos dar fôlego neste momento para passar pelo vale da morte”, diz.

Interesse por greentechs

Jaana Goeggel, sócia-fundadora da Sororitê, acredita que a MABE Bio está bem posicionada para liderar mudanças significativas no setor de materiais sustentáveis, especialmente dentro da indústria da moda. A investidora acrescenta ainda que, após a inteligência artificial, o setor de greentech é um dos que mais desperta interesse entre os investidores de venture capital globalmente.

“Apesar disso, inovações de deep tech como as da MABE Bio apresentam riscos elevados e exigem um alto volume de capital, características que geralmente são menos atrativas para investidores anjo. No entanto, o Brasil possui uma vantagem competitiva única em tudo que se relaciona à bioeconomia, devido à sua rica biodiversidade e forte setor agrícola. Rachel e Marina possuem um perfil excepcional e acreditamos que sua visão e capacidade de inovação posicionam a MABE Bio de maneira ideal para aproveitar as oportunidades no crescente mercado de greentechs, tanto no Brasil quanto no exterior”, aponta.

Para Carolina Strobel, partner da Antler no Brasil, existe um potencial de lucro no mercado crescente de produtos sustentáveis, de modo que a investidora tem buscado apoiar apoia tecnologias que contribuam para a redução do impacto ambiental da indústria da moda e do couro. Ela acredita, ainda, que os materiais poderão ser aplicados na indústria automotiva.

“Embora o interesse por greentechs esteja crescendo, ainda é um setor que recebe menos investimentos em comparação com setores mais estabelecidos, como fintechs, por exemplo. No entanto, à medida que a conscientização sobre questões ambientais aumenta e as regulamentações se tornam mais rigorosas, acreditamos na expansão de tais investimentos, com o consequente aumento do valor de mercado das startups nesse setor”, avalia.