Apesar de toda instabilidade e tensões econômicas e políticas, as startups brasileiras levantaram, em fevereiro, um volume de investimentos 129% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Foram US$ 763 milhões, segundo levantamento mensal feito pelo Distrito.
Ao longo do mês, foram 40 transações, um pouco abaixo dos 55 deals fechados em fevereiro de 2021. Mas o tamanho dos cheques colaborou para turbinar o mês. Só a fintech Neon com os US$ 300 milhões injetados pelo banco espanhol BBVA, e a plataforma de compra e venda de ativos ilíquidos Velvet, com os US$ 200 milhões da Yolo Investments, representaram praticamente 2 terços de toda a movimentação de fevereiro.
Já á a série B de US$ 100 milhões da hrtech Sólides, liderada pela gestora de private equity Warbug Pincus, chamou a atenção pelo cheque baixo para uma gestora tão grande. “O Pincus é um fundo acostumado em investir em empresas mais maduras e consolidadas, mas que está entrando cada vez mais em venture capital”, afirma Gustavo Gierun, cofundador e sócio do Distrito, em coletiva de imprensa. “[O investimento na Sólides] é um indicativo de que fundos maiores e mais robustos também vão olhar para companhias um pouco mais early-stage, mas com potencial de crescimento e consolidação de mercado enormes”, completa o executivo.
Investimentos por setor
As fintechs seguem como o mercado mais aquecido: empresas com soluções de serviços financeiros movimentaram US$ 567,6 milhões em fevereiro e US$ 886,8 desde o ínicio de 2022. Segundo o Distrito, o segmento deve continuar crescendo com grande itensidade nos próximos anos, mantendo a liderança absoluta em número e volume de investimentos. Para a surpresa de ninguém.
Em 2º lugar estão as HRTechs, que já levantaram US$ 196,3 milhões em 2022. O volume já é maior do que a metade dos US$ 244,5 milhões movimentados pelo setor em todo o ano de 2021 e quase 1/4 dos US$ 812,3 milhões movimentados de 2018 a 2022. Parte desse avanço aconteceu por causa da Gupy, HRTech que fechou uma rodada de US$ 92 milhões liderada pelo SoftBank e pela Riverwood.
Fechando o TOP 5 estão as startups de real estate, que levantaram US$ 25,9 milhões em fevereiro, as retailtechs (US$ 17,2 milhões) e as martechs (US$ 14,7 milhões). “O agronegócio ainda está tímido em termos de investimento de venture capital, mas é uma das nossas apostas como tendência para os próximos anos”, afirma Gustavo.
Quando questionado sobre as perspectivas para o restante do ano em termos de volume de investimento e tamanho dos cheques, o executivo afirma que “o mercado brasileiro vai continuar recebendo investimentos de maneira intensa, maior do que o praticado em 2021”. No entanto, ele reconhece que “ainda é difícil descrever o que vai acontecer no ecossistema, por conta da instabilidade e o cenário desafiador no mundo e na realdiade brasileira”.
Estratégias M&As
O Brasil registrou 13 M&As em fevereiro, um decréscimo ligeiro em relação às 14 operações do mesmo período no ano passado. No acumulado do ano, já são 34 deals, 17% a mais do que no total de janeiro e fevereiro de 2021. “Provavelmente teremos um crescimento intenso dessas transações, com empresas cada vez mais buscando M&As como estratégias para compelementar seus times e produtos”, explica Gustavo.
Os principais M&As do mês foram a compra da Kenoby pela Gupy, da Conpass pela Omie, e a fusão entre PartMed e Tem Saúde. Assim como em 2021, os setores mais aquecidos para M&As são fintechs, martechs e edtechs.
Hoje mais cedo, o QuintoAndar anunciou a compra da Noknox, reforçando sua atuação no segmento de condomínios.