Após a bem-sucedida venda da sua participação na Transfeera, a Bossa Invest agora chama investidores para participar do seu terceiro pool de fintechs. O objetivo é levantar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões até meados deste ano. Entre follow ons (quando o investidor participa de rodadas posteriores nas mesmas startups) e novas entrantes, o novo fundo quer investir em pelo menos 10 fintechs.
A informação foi dada ao portal Finsiders Brasil com exclusividade por Tiago Fabris, diretor da Bossa Invest.
“Estamos em um momento bem diferente para investimentos em fintechs do que estávamos em 2020, quando lançamos o primeiro pool“, diz João Bezerra Leite, investidor anjo, conselheiro e líder do comitê de investimentos em fintechs na Bossa. Para ele, o Brasil ainda tem poucas fintechs perto do potencial à frente, principalmente considerando a agenda de inovações do Banco Central.
João diz que após um período de euforia e outro de recesso, agora as fintechs voltam à sua verdadeira origem. Ou seja, tirar a fricção dos serviços financeiros – com tecnologia e inovação.
Filosofia
A filosofia dos fundos de venture capital da Bossa envolve não apenas aportar recursos, mas monitorar e “mentorar” as investidas. “Nunca fomos do time ‘spray and pray‘, mas sim ‘spray and help‘”, afirma João. Ou seja, não espalham investimentos por aí e rezam para dar certo; investem e ajudam para dar certo.
“Além dos recursos, acreditamos na somatória das capacidades, e ajudamos com conexões comerciais, por exemplo”.
O case da Transfeera é o mais recente, mas eles também venderam parte da Dr.Cash para o BV no final de 2022. “Recuperamos todo o dinheiro investido e ainda ficamos com uma participação na fintech”, diz João.
“Nós não investimos em powerpoint, buscamos as startups que já estejam faturando ao menos R$ 15 mil mensais. Mas preferimos as que estão começando, com foco em B2B”, diz Miguel Araújo, o responsável pela vertical de fintechs na Bossa.
Miguel explica, no entanto, que a Bossa também gosta de diversificar, investindo em fintechs de blockchain, crédito, segurança digital, ramo imobiliário e crowdfunding, entre outros.
Nesses quatro anos, os dois pools de fintechs da Bossa investiram cerca de R$ 15 milhões em 30 fintechs. Dos 30 a 40 investidores desses pools, muitos deles também são mentores e integram o comitê de investimentos. Para esse terceiro pool, a Bossa quer atrair não apenas os mesmos, mas outros entre os 1,2 mil que já fazem parte do ecossistema Bossa. “E alguns de fora também”, afirma Tiago.
Perdas e ganhos
Mas, claro, nem tudo são flores nesse negócio de risco chamado venture capital. A Bossa escolheu investir cautelosamente – para escolher as 30 fintechs, foram analisadas mais de mil. E começa com cheques de pequeno valor (ao redor de R$ 300 mil). Essa cautela pode ser uma das razões pelas quais até agora tenha registrado taxa de mortalidade das investidas abaixo da média de 30% esperada para um VC: 10%. Ou seja, três em 30.
“Por outro lado, nas outras o faturamento pelo menos dobrou”, diz João.
O primeiro fundo já investiu todos os recursos, e o segundo está em fase final. Para esse terceiro pool de fintechs, a previsão é de que a alocação leve de dois a três anos.