Investimento

Founders respondem: Vale a pena ter celebridade como investidor?

Escolha dos investidores deve priorizar sempre a sinergia entre os valores e áreas de atuação da empresa, dizem fundadores

Rapha Avellar, da BrandLovrs, com o rapper Will.i.am, investidor da empresa. Foto: Acervo pessoal
Rapha Avellar, da BrandLovrs, com o rapper Will.i.am, investidor da empresa. Foto: Acervo pessoal

Celebridades sempre despertam curiosidade e encanto, ainda mais quando é alguém cujo trabalho admiramos. Com muitas delas se aventurando pelo universo do venture capital, a chance de ter um artista ou atleta famoso entre os investidores parece a chance perfeita de fazer a empresa decolar. No entanto, apenas fama não garante uma parceria de sucesso.

Fundadores ouvidos pelo Startups contam que a escolha dos investidores deve priorizar sempre a sinergia entre os valores e áreas de atuação da empresa.

“Tem que preencher mesmos critérios de investidores institucionais. Na hora que estou olhando um investidor, a análise que eu faço é: eu quero compartilhar essa jornada com esta pessoa? Tenho admiração por ela? Eles acreditam no nosso propósito? Dinheiro por dinheiro, há muito por aí”, afirma Rapha Avellar, fundador da BrandLovrs.

O empreendedor tem entre seus investidores artistas internacionais como o rapper norte-americano Will.i.am e o cantor colombiano J Balvin. Sua plataforma usa tecnologia para unir criadores de conteúdo e marcas, com um modelo de assinatura mensal. Este ano, eles levantaram R$ 35 milhões em rodada liderada pela Kaszek.

“Um dos grandes valores que eles trazem é que eles vivem no dia a dia a creators economy. São pessoas com quem eu aprendo bastante”, acrescenta Rapha.

Outro exemplo de startup brasileira com investidores famosos é a Typical, uma foodtech que produz alimentos à base de micélio, a raiz do cogumelo. A ideia contou com aportes de Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei, e Bruninho, jogador de vôlei.

Paulo Ibri, CEO da Typical, e Bernardinho, investidor da startup: valores alinhados. (Foto: Divulgação)

Para Paulo Ibri, CEO e cofundador da Typcal, ter como sócio alguém que tem notoriedade na mídia pode tanto ajudar, quanto atrapalhar a startup. “Por isso, é super importante garantir que os valores e posicionamentos da celebridade estejam alinhados com os da empresa, evitando possíveis atritos ou até uma associação negativa entre os dois, podendo transferir percepções ruins de um para outro”, diz.

A aproximação da empresa com os atletas aconteceu por meio de um investidor. Segundo Paulo, a parceria se deu por conta da sinergia entre os valores e rotinas praticados por Bernardinho e Bruninho com os da Typcal.

“No final do dia, ambos estão buscando causar um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Além disso, a relação com a saúde, muito guiada pelo esporte, está clara. No mais, Bernardinho não é só um ícone do esporte brasileiro, é também um empresário de sucesso, fazendo parte do conselho de diversas empresas e um dos principais treinadores do nosso país no tema liderança, o que agrega valor para qualquer startup que esteja pensando em longo prazo e na construção de equipes fortes e vencedoras”, acrescenta o empreendedor.

Assim como com o investidor institucional, a startup que deseja atrair celebridades para seu quadro de investidores deve estar no lugar certo, na hora certa. No caso da BrandLovrs, Rapha conheceu Will.i.am durante um programa executivo em Harvard do qual o rapper, que é investidor anjo, também estava participando.

Já J Balvin, que investe em Tecnologia na Colômbia, estava em São Paulo para um show, quando pediu indicação de empreendedores a uma investidora, que sugeriu o nome de Rapha.

“Eu não nasci em berço de ouro, não tinha esses relacionamentos quando nasci, então foi preciso construir esse networking. Todo mundo conhece alguém, a questão é se você impressiona, brilha e constrói credibilidade. Quando isso acontece, essas coisas só se multiplicam”, diz.