Investimento

Quer captar? Veja dicas de 7 founders que levantaram recursos este ano

Conselho dos fundadores é apostar em sustentabilidade financeira e tração para atrair investidores de venture capital em 2025

Luiz Ramalho (Magie), Chris Cornehl (MeetRox) e Igor Bonatto (Noodle). Fotos: Divulgação
Luiz Ramalho (Magie), Chris Cornehl (MeetRox) e Igor Bonatto (Noodle). Fotos: Divulgação

O ano de 2024 não foi fácil para as startups, mas muitas conseguiram não apenas sobreviver, como até mesmo captar investimentos para seus negócios. Para quem planeja levantar rodadas no ano que vem, o conselho desses fundadores é apostar em sustentabilidade financeira e tração.

O Startups reuniu dicas de sete empreendedores que realizaram rodadas neste ano e contam o que fez a diferença para que suas empresas atraíssem investidores. Confira:

  • Magie

A fintech Magie levantou em agosto uma rodada Seed no valor de R$ 28 milhões para expandir sua atuação no Brasil como banco digital impulsionado por IA no WhatsApp. O aporte foi liderado pelo fundo de venture capital norte-americano Lux Capital e se somou aos R$ 6 milhões recebidos anteriormente do fundo brasileiro Canary.

Para Luiz Ramalho, co-fundador e CEO da Magie, a tração é mais importante do que nunca:

“É preciso ter uma narrativa consistente sobre a visão da empresa e do mercado, um time excepcional e mostrar tração. Também ajuda bastante ter um histórico de entregar o resultado prometido na rodada anterior. Os VCs ainda estão se recuperando dos excessos de 2021, e alguns deles terão dificuldade de levantar novos fundos. Isso reflete em um ambiente onde a barra está mais alta para captação de capital, e todos estão mais criteriosos”, diz.

Leandro Noel, co-founder da BRLA. Foto: Divulgação
  • BRLA Digital

Depois de captar R$ 3 milhões em outubro de 2023, na primeira etapa da sua rodada pré-seed, a BRLA Digital levantou um novo aporte em janeiro deste ano, totalizando R$ 4 milhões. O novo investimento teve participação da 99 Capital, de Dave Wang.

Leandro Noel, co-founder da fintech, afirma que, para captar recursos, é importante entender como os investidores pensam.

“Mostrar que seu negócio é atraente e tem tração, especialmente com clientes pagantes, é o que mais importa, pois isso demonstra o potencial da empresa. Além disso, é fundamental garantir que você está em um mercado grande e em crescimento, idealmente bilionário e com uma taxa de crescimento anual de dois dígitos”, aconselha o empreendedor.

Segundo ele, ao escolher fundos, é essencial fazer uma triagem rigorosa, considerando a tese de investimento, estágio de desenvolvimento e setor.

“Se sua startup é uma healthtech no início da jornada, por exemplo, buscar um fundo focado em fintechs em estágio avançado não será produtivo”, afirma.

  • Tuna

Tuna Pagamentos anunciou em outubro a captação de US$ 2 milhões em uma rodada liderada pela ABSeed, com o objetivo de estruturar a empresa rumo à Série A. 

Para Alex Tabor, CEO da Tuna, há quatro elementos que os fundadores devem valorizar na hora de “vender o peixe” para os investidores: tamanho de mercado; proposta de valor do produto e visão de desenvolvimento de novos produtos; barreira de entrada; e capacidade de execução do time.

“O investidor está disposto a apoiar a empresa e investir recursos substanciais para conquistar o mercado, desde que a empresa consiga proteger e monetizar esse mercado posteriormente. É essencial demonstrar que há uma barreira de entrada que dificulta a entrada de concorrentes. Mercados grandes costumam ser muito competitivos. Para competir, o produto precisa gerar valor significativo e ser diferenciado”, explica.

O empreendedor também destaca que a decisão é uma via de mão dupla. Ou seja, é importante que o investidor também faça sentido para os fundadores.

“O investidor deve contribuir para a realização da visão dos fundadores. Se a equipe fundadora já tem experiência sólida e convicção sobre o caminho a seguir, é importante que o investidor compartilhe dessa visão e dê liberdade para o time executar o plano, sem exigir muitos relatórios ou informações. Se, por outro lado, os fundadores precisam de apoio para detalhar sua estratégia e entender o mercado, é importante que o investidor agregue valor nesse sentido”, avalia.

Martín Lemos, CEO da Nemu. Foto: Divulgação
  • Nemu

A martech Nemu captou, em março deste ano, R$ 1,3 milhão em uma rodada pré-seed que contou com a participação do fundo mexicano H20 Capital e de empreendedores como Guilherme Bonifácio (iFood), André Siqueira (RD Station), Diego Libanio (Zé Delivery) e o ex-head de Marketplaces da B2W Raoni Lapagesse.

“Para atrair investidores, é preciso mostrar tração desde o início”, afirma Martín Lemos, CEO da Nemu. “Por exemplo, 7% de crescimento semanal equivale a um crescimento de mais de 33x ao ano, o que é exatamente o tipo de potencial que buscamos demonstrar. Lançamos o produto em maio e, rapidamente, chamamos a atenção de fundadores de empresas relevantes”.

  • Noodle

A fintech especializada em soluções financeiras para a creator economy, recebeu aporte de R$ 5 milhões do fundo QED.

Igor Bonatto, fundador da Noodle, aconselha que os empreendedores pesquisem sobre os fundos e façam uma lista daqueles com os quais gostariam de trabalhar. “Muitos fundadores abordam investidores apenas quando precisam de recursos. Aí já é tarde demais. Não só os fundos estão mais criteriosos, como isso torna a captação muito mais difícil. Os melhores investidores têm muito mais a oferecer do que o cheque. Ter interesse genuíno e respeito pelo que dizem sobre sua empresa é uma forma de acelerar o aprendizado”, diz.

O empreendedor destaca ainda que não basta apenas executar bem. É preciso executar bem as coisas certas.

“Ser um ótimo founder com uma boa promessa é insuficiente na maior parte do tempo. Prove desde o dia zero que sua ideia para de pé e dinheiro não será um problema”, afirma.

  • MeetRox

A startup curitibana MeetRox, que criou uma solução de inteligência artificial para vendas, captou em setembro uma rodada Seed de R$ 2,5 milhões liderada pela Stamina VC (antiga Aimorés) para investir no time e no desenvolvimento de produtos. O aporte teve participação dos fundos Alta Escala e Raio Capital, e contou ainda com três investidores anjo: João Del Valle (Ebanx), Tiago Dalvi (Olist) e Alessio Silva Alionço (Pipefy).

Chris Cornehl, CEO e co-fundador da MeetRox, afirma que, nos últimos anos, a eficiência das empresas está cada vez mais valorizada pelos investidores.

Para startups em estágio inicial, ele recomenda reforçar a capacidade de execução do time, bem como a visão de longo prazo. “Pontos de atenção são investidores que estão mais preocupados em colocar a própria visão no negócio ou que exigem muitas certezas já no início do relacionamento. O investimento é de risco, para os dois lados”, diz.

Nicholas Love, CEO e co-fundador da Revi. Foto: Divulgação
  • Revi

Revi levantou uma rodada pré-Seed no valor de R$ 2,5 milhões para desenvolver um modelo avançado de inteligência artificial que funcione como um copiloto de marketing para as empresas. O aporte foi liderado pela norte-americana Veredas Partners, com participação de Crivo VenturesStamina VC e Verve Capital.

Nicholas Love, CEO e co-fundador, conta que a empresa iniciou sua jornada em um momento difícil para captação, em 2023, e que por isso decidiu seguir com capital próprio no começo.

“A necessidade do dinheiro veio quando estávamos com quase 50 clientes na carteira. Essa dica pode ser mais controversa, mas acho que foi um dos nossos maiores triunfos no nosso processo de captação: não fale com fundos de VC se não estiver captação. Os investidores sempre vão estar te avaliando, e se você falar com eles antes do momento certo, pode estar queimando a largada”, aconselha.