Na ativa desde 2015, a startup D4Sign compete em um mercado acirrado. No segmento de assinatura digital, no Brasil ela tem a concorrência de gigantes internacionais como DocuSign e Clicksign. Contudo, para aumentar seu “poder de fogo” nessa concorrência, assim como o plano próprio de se tornar uma marca internacional, ela acabou de ser adquirida pelo grupo italiano Zucchetti.
A startup paulistana foi comprada por R$ 180 milhões, a maior aquisição já feita pelo grupo europeu no mercado brasileiro até o momento. Com a fusão, agora a D4Sign vai incluir o nome “by Zucchetti” no seu nome, e tem planos agressivos de expansão de sua base, agora debaixo do “guarda-chuva” da companhia italiana.
De acordo com Rafael Figueiredo (na foto, à direita), cofundador e CEO da D4Sign, antes da aquisição a startup anotou uma média de crescimento de 40% nos últimos anos. “A ideia é que nosso ritmo de crescimento suba agressivamente a partir do M&A”, pontua Rafael. Em 2023, a empresa divulgou uma receita estimada de R$ 45 milhões.
De acordo com o CEO, um dos primeiros movimentos esperados com a fusão é a de buscar sinergias entre as bases de clientes das companhias. Atualmente, a D4Sign atende cerca de 35 mil empresas no Brasil. Do lado da Zucchetti, dona de um ecossistema de soluções de ERP, automação comercial e RH, entre outros, são mais de 100 mil empresas na carteira de clientes, isso somente no mercado brasileiro.
Segundo o CEO da Zucchetti no Brasil, Alessio Mainardi (na foto, à esquerda), outro “empurrão” que a multinacional pode dar nos negócios da D4Sign é o de integrar o ecossistema de revendas que a empresa italiana tem no Brasil à estratégia de vendas da startup, que até então focava suas vendas no digital.
“Temos 3 mil revendas fisicamente presentes em todo o território nacional, e podemos juntar com esse lado digital que a D4Sign já possui para crescer, chegando a clientes que antes eles não alcançavam”, pontua Alessio.
“A gente espera um crescimento bastante exponencial, de 35 mil para 100 mil empresas atendidas em pouco tempo. No Brasil, estamos falando de um universo de 50 milhões de empresas, então são todos clientes em potencial para nós”, completa o CEO da D4Sign, que se manterá à frente da startup depois da aquisição.
Oferta que fez sentido
Com quase 10 anos de mercado, a D4Sign se sustentou até então na base do bootstrapping. Não que a companhia não tenha recebido ofertas de investidores. Entretanto, segundo Rafael, a companhia preferiu se bancar com dinheiro próprio, e o boom da pandemia colocou a saúde financeira do negócio em outro patamar. “Entre 2020 e 2021 tivemos um crescimento de 400%”, revela o empresário.
“Sempre operamos com lucro, mas a Zucchetti foi a primeira empresa que fez uma proposta que fez sentido pra gente, pois vai nos possibilitar um crescimento exponencial dentro do Brasil, assim como abrir portas para nossos planos de expansão internacional”, destaca Rafael.
Por falar em expansão internacional, a D4Sign começou no ano passado a sua entrada em novos mercados, começando pelo México, e tem planos de atacar o mercado argentino e chileno. “Agora, a gente meio que indiretamente vira uma multinacional, e o fato da Zucchetti já ter presença em outros países, facilita o processo pra gente. Pela experiência no México, vimos que não é tão simples internacionalizar por conta própria”, avalia o CEO.
Além dos planos georgráficos, a companhia quer investir em novos produtos, indo além das assinaturas digitais e atendendo em áreas como gestão dos documentos. Assim nasceu o mais recente lançamento da empresa, o D4Sign.AI, solução de GenAI que otimiza a assinatura de contratos e potencializa a gestão dos documentos, “tornando o processo 7X mais rápido que o método manual”, conforme frisa a companhia.
Estratégia de compras
A D4Sign é a oitava aquisição da Zucchetti no Brasil, e faz parte de um plano contínuo de expansão inorgânica do grupo italiano, uma empresa familiar e de capital fechado, no mercado local.
Com cinco unidades no país (duas em São Paulo, duas em Santa Catarina e uma no Rio Grande do Sul), a Zucchetti tem 340 funcionários no Brasil e 60% de sua receita vem de soluções para pequenos varejistas. Na Itália, a empresa é conhecida por seus softwares para gestão de hotéis e hospitais.
Segundo Alessio, nos últimos dez anos a companhia já destinou mais de R$ 500 milhões para adquirir companhias brasileiras para montar um ecosssistema de soluções para pequenas e médias empresas.
As companhias compradas foram a Infoles (desenvolvimento de software), Debcred e Novalis (ambas de ERP para PMEs), Compufour, Elofy (gestão de desempenho e engajamento), Gdoor (emissão de notas) e Smallsoft (automação comercial).
Globalmente, a Zucchetti já fez mais de 200 aquisições nos últimos 20 anos, e hoje anota um faturamento anual da ordem de € 1,9 bilhão.
“Queremos chegar a R$ 1 bilhão investidos no Brasil nos próximos 3 a 4 anos”, destaca Alessio, adiantando que o grupo deve fazer a sua nona aquisição no Brasil ainda este ano.