Quem nunca se frustrou ao pedir uma comida por delivery e, ao abrir a embalagem, se deparar com o alimento quase frio? Ou ainda, batatas fritas totalmente murchas? Pois é, a foodtech Kenti pensou nessas questões e criou uma solução que mantém o alimento aquecido durante todo o tempo da entrega: uma bag inteligente que usa Internet das Coisas para fazer a “mágica”.
Há apenas 2 meses com 150 bags rodando oficialmente pelas ruas de São Paulo, a startup agora mira um seed de R$ 3,5 milhões para expandir esse número para 1 mil bags. Com a grana, a Kenti também quer ajustar a equipe comercial para levar sua criação a outras capitais do país.
Até então, o fundador e CEO Alessandro Andrade, e os sócios Armando Pompeu e Marcelo Guimarães, investiram R$ 2,5 milhões – R$ 1 milhão do bolso deles e R$ 1,5 milhão via FFF (family, friends and fools) – para a criação de protótipos, testes, validação, patente e largada no mercado, processo feito desde pouco antes do início da pandemia de Covid-19.
“Acreditamos que temos um produto bom e que conseguimos escalar, mas precisamos de recursos para isso. Somos brasileiros criando um negócio pioneiro no mundo, motivo de super orgulho para nós”, comentou Alessandro em conversa com o Startups. Em julho, as bags inteligentes da Kenti totalizaram 75 mil entregas pela capital paulista.
Segundo ele, a missão da foodtech não é exclusivamente a de manter o alimento quente e crocante durante todo o percurso de entrega, assim como é a experiência no restaurante físico, mas também aumentar o faturamento dos estabelecimentos. Isso porque o produto permite ao restaurante entregar vários pedidos em uma mesma viagem e em um raio muito maior. Outro benefício é a economia de até 50% nos custos com logística e embalagem.
Atualmente as bags são usadas por 35 restaurantes de São Paulo, incluindo o La Nona Di Lucca, a steakhouse Deck e a hamburgueria Big Lui. Entre os mais novos clientes da Kenti estão o Arábia, conceituado restaurante árabe do empreendedor Sérgio Kuczynski, e a rede de pizzarias Pizza 4 Fun.
Por dentro da bag
A inovação da Kenti partiu de pesquisas realizadas ao longo dos últimos dois anos. A empresa desenvolveu e patenteou uma tecnologia de Internet das Coisas para a mochila que mantém o pedido aquecido no trajeto por meio de algoritmos e de um sistema de aquecimento que não resseca o alimento.
A bateria inclusa na mochila tem autonomia de até 5 horas e só começa a funcionar quando os sensores de movimento reconhecem que uma refeição será colocada em seu interior. Se não há atividade, ela permanece em stand by, sem gasto de energia. Tudo muito bem pensado. A bag conta ainda com compartimentos também destinados a pratos frios e sobremesas, que não recebem interferência do calor, além de bolsos externos para bebidas.
Em todas as entregas, são anexados folhetos com uma pesquisa, para que a startup entenda melhor o consumidor e continue a evoluir seu trabalho. Como resultado, 85% das pessoas disseram sentir muita diferença na qualidade do alimento entregue, e 93% mudariam de restaurante para um que entregue a comida quente.
Modelo de negócio
Considerando a logística e eventuais manutenções do equipamento, a Kenti optou por um modelo de aluguel de suas mochilas para os restaurantes. O estabelecimento paga uma mensalidade, que varia entre R$ 750 a R$ 900, e usa a bag quantas vezes quiser. Fazendo as contas, considerando R$ 750 mensais, na prática sai R$ 2,50 por entrega com um mínimo de 10 entregas por dia.
Além da bag, a Kenti oferece aos restaurantes clientes treinamento para os entregadores e ações de marketing. Questionado sobre possíveis parcerias com players como iFood e Rappi, Alessandro afirma que não descarta a possibilidade. Para ele, há muitos caminhos pela frente, mas tudo no seu devido tempo.
“Primeiro queremos ser rentáveis, cair realmente no gosto do consumidor para daí sim dar passos maiores. Em algum momento queremos ser referência de mercado, assim como a Intel é para computadores”, diz o CEO.