A Kiro, marca de bebidas não alcoólicas para adultos, acaba de levantar uma rodada de R$ 3 milhões para acelerar sua presença no mercado. Em um contexto em que o consumo de álcool perde força entre os jovens e episódios como a crise do metanol expõem riscos associados à bebida, a startup aposta em uma proposta diferente: entregar a complexidade e o “punch” típicos dos alcoólicos, mas em versões saudáveis, com ingredientes naturais e sem uma gota de álcool.
O aporte contou com a participação da GVAngels e de investidores-anjo como Rodrigo Dantas (ex-CEO da Vindi), Paulo Silveira (Alura), Ronaldo Lemos (fundador do Instituto de Tecnologia e Sociedade) e Valéria Amoroso Lima (diretora do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás).
Fundada em 2017 por Roberto Meirelles (co-CEO responsável por marketing, finanças e administração) e Lee Wang (co-CEO com foco em operações e comercial), a Kiro pretende usar os recursos da rodada para investir em marketing e ajudar a ressignificar a relação das pessoas com o álcool, mirando um mercado em crescimento no Brasil e no exterior.
Gigantes nacionais como a Ambev têm apostado em “primos sóbrios” de cervejas e outras bebidas normalmente alcoólicas, enquanto nos Estados Unidos marcas como Olipop e Poppi oferecem alternativas semelhantes às da Kiro, com “refrigerantes” saudáveis prebióticos. A Poppi, inclusive, foi comprada pela Pepsi em maio deste ano, enquanto a Olipop foi avaliada em US$ 1,85 bilhão após levantar uma rodada de US$ 50 milhões liderada pela Growth Equity Partners do JP Morgan Private Capital.
“Quando começamos, falar em bebidas não alcoólicas para adultos parecia bem distante, mas hoje o tema está muito em alta. E não é modismo, é uma mudança de comportamento que é crescente e veio para ficar”, afirma Roberto, em entrevista exclusiva ao Startups.
A Kiro hoje oferece quatro sabores da bebida: gengibre; maçã e pimenta; maracujá e cúrcuma; e cupuaçu e cumaru. A ideia é priorizar ingredientes brasileiros e funcionais, como o vinagre de maçã, que integra as receitas proporcionando acidez e benefícios para a saúde.
Antes da pandemia, 80% do faturamento da empresa vinha de bares e restaurantes. Hoje, porém, a Kiro possui uma presença multicanal, com as vendas online representando 35% do faturamento. O restante vem de vendas on trade, como bares e restaurantes (35%) e off trade, como supermercados (30%).
“O nosso objetivo nunca foi fazer militância contra o álcool, mas repensar o consumo excessivo e abrir espaço para quem busca outras formas de socialização”, diz Roberto. A marca já realizou colaborações como a Low Cura, cerveja de baixo teor alcoólico (2,8%) em parceria com a cervejaria Trilha, e a Kiro & Amarello, que une cachaça à mistura de cajá e manga, também com baixo teor alcoólico (4,2%).
Como estratégia de marketing, a Kiro também tem apostado em collabs com marcas como Nubank e Feira do Livro. A parceria mais recente é com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece de 16 a 30 de outubro, e terá uma latinha personalizada da Kiro.
Com fábrica própria inaugurada em 2019, a Kiro passou quatro anos produzindo internamente, mas depois terceirizou para ganhar escala. Segundo os fundadores, a rodada atual vai permitir redesenhar o modelo de produção em parceria com fornecedores estratégicos, negociando contratos mais agressivos e fortalecendo a estrutura de caixa. A Kiro alcançou o breakeven em agosto deste ano.
Para Lorenzo Barbati, diretor executivo do GVAngels, a trajetória da Kiro destoa do estereótipo de startups que dependem exclusivamente de rounds de venture capital. “É um negócio de economia real, mas com forte inovação em produto e marketing. Isso atrai muito os investidores-anjo, porque é um mercado grande em construção, com hábitos de consumo mudando rápido, especialmente entre as novas gerações”, afirma.