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Lá Fora: Febre na pandemia, Peloton demite, avalia venda e abre espaço para rivais

Fundada nos Estados Unidos, a startup Peloton oferece equipamentos e plataformas virtuais para exercícios em casa

Exercício
Foto: Canva

A norte-americana Peloton passou da ascensão para a queda de seu reinado em menos de 5 anos. No auge da pandemia, suas ações giravam em torno de US$ 171 cada e o valor de mercado batia a casa dos US$ 50 bilhões. Pula para setembro de 2022 e a empresa já demitiu mais de 4 mil funcionários, perdeu boa parte do quadro de executivos e, segundo apurou o Business Insider, está considerando uma possível venda para empresas como Amazon, Apple ou Nike.

Fundada em 2012 por John Foley, Hisao Kushi, Tom Cortese e Graham Stanton e Yony Feng, a Peloton oferece equipamentos e plataformas virtuais para exercícios em casa. Não demorou muito para que a companhia formasse uma forte comunidade de fãs e atraísse investidores de peso. A série B, em 2014, já tinha nomes como Tiger Global, que voltou a liderar a série C no ano seguinte e a participar das rodadas seguintes.

Quando chegou na série F, em 2018, a startup já estava avaliada em mais de US$ 4 bilhões, com um grupo de investidores como TCV, True Ventures, Wellington Management, Felix Capital e Winslow Capital. O IPO veio em 2019, ano em que a empresa já havia lançado um segundo produto e vendido cerca de 577.000 esteiras e bicicletas.

Não é difícil entender porque a Peloton disparou na pandemia. Com as medidas de restrição, as pessoas passaram mais tempo em casa e buscaram alternativas para manter – ou iniciar – a prática de exercícios. Em maio de 2020, a empresa viu saltos de 66% nas vendas e um aumento de 94% no número de assinantes. Em setembro do mesmo ano, a startup registrou seu 1º trimestre lucrativo, com vendas subindo 172% desde o mesmo trimestre do ano anterior, e receita chegando a US$ 607 milhões. 

O que deu errado

O aumento de demanda, no entanto, revelou algumas fragilidades do negócio. Os prazos de entrega dos equipamentos tornaram-se cada vez maiores e os clientes começaram a ter problemas com as bicicletas, alegando quebra dos pedais durante o execício. Em 2021, uma criança foi fatalmente ferida em um acidente com uma esteira da marca. Na época, as ações caíram 4% e os reguladores pediram um recall. A companhia tentou tornar as esteiras mais seguras e fez mudanças no modelo de negócio, exigindo uma assinatura de US$ 39 mensais para o uso – o que deixou os clientes ainda mais insatisfeitos.

Os negócios sofreram um forte impacto a medida que as restrições diminuíam e as academias reabriam as portas. As ações da empresa seguiram em queda. Em fevereiro de 2022, cerca de 2.800 funcionários foram desligados e o cofundador e CEO da Peloton, John Foley, anunciou que estava deixando a posição.

No mesmo mês, o Wall Street Journal informou que a Amazon avaliava adquirir a Peloton. O Financial Times reportou que a Nike estava considerando o mesmo. Analistas de Wall Street analisaram que a Apple seria outra opção natural como o novo proprietário da Peloton. A possibilidade de venda fez as ações da startup saltarem 25% .

As ondas de layoff continuaram. Em julho, a empresa demitiu mais 570 colaboradores. em agosto, outras 800 demissões. Em setembro, o cofundador e diretor jurídico, Hisao Kushi, e o diretor comercial, Kevin Cornils, também deixaram a empresa, assim como Dara Treseder, diretora de marketing, conforme reportou o New York Times.

Quem se beneficia

A queda de popularidade da Peloton é boa notícia para alguns players nacionais e internacionais. Lá fora, os clientes têm como alternativa a Echelon e iFit Health, que oferecem produtos semelhantes e mais baratos. Aqui no Brasil, uma opção é a Call4Fit, do Espírito Santo, que atua como uma startup de saúde com foco em inteligência artificial para praticantes de bike indoor.

Criada em 2021 por Gabriel Scopel, a Call4Fit surgiu com um investimento inicial de R$ 210 mil. O produto foi pensado em um modelo de negócio B2C, focado em assinaturas. Durante o treino, o sistema identifica movimentos, corrige falhas em tempo real, marca velocidades de giro e, ao final da aula, dá uma nota relacionada à performance do usuário em comparação com os professores da aula.

Em entrevista ao Startups, Gabriel afirmou que a tecnologia democratiza o exercício. Isso porque para usar o serviço não é necessário nenhum equipamento específico. Basta acessar o site e usar a câmera de laptop para captar a imagem do corpo. “Ao invés de comprar uma bike da Peloton, por exemplo, que custa US$ 2 mil, nossa tecnologia pode ser usada em uma bike de US$ 200 com a mesma precisão”, disse o empreendedor.