Quando falamos que o mercado está reajustando violentamente os cheques das rodadas, não é brinquedo não. Olha o caso da JOKR: depois de levantar uma série B unicórnio no fim do ano passado, com um cheque de US$ 260 milhões, agora a startup de delivery está negociando sua série C. O tamanho do cheque? De US$ 35 milhões a US$ 50 milhões.
Segundo apurou o The Information junto a fontes de mercado, a JOKR está sentando à mesa com os fundos, negociando a um valuation de US$ 1,3 bilhão pre-money. É um aumento mínimo em relação ao valuation que a companhia obteve em dezembro passado (US$ 1,2 bilhão). Os fundos G Squared e GCV Capital, que já investiram antes na JOKR, devem liderar a nova rodada, junto com outros nomes como Tiger Global, Greycroft, Activant Capital e Balderton Capital.
Para explicar a queda no valor do cheque, além do cenário geral, 2022 não foi um ano com as melhores notícias para a JOKR, que opera na América Latina sob o nome Daki: em junho passado a companhia desligou sua operação no mercado norte-americano. Contudo, os planos da empresa seguem na América Latina, e agora ela está em busca de investimentos.
De acordo com as fontes ligadas à JOKR, o novo aporte deve ajudar a companhia a estancar (um pouco) a sangria em seu caixa, que operava tendo prejuízos na média de US$ 10 milhões por mês. Contudo, com a saída do mercado dos EUA, este valor de cashburn já deve ter diminuído.
Mercado em baixa
Com a novidade da JOKR, a conclusão que dá pra tirar é que ainda tem investidor andando na contramão, querendo se arriscar com startups de entregas rápidas. Nos EUA, duas companhias do ramo já deixarem de operar: Buyk e Fridge No More. Já Gorillas e Getir fizeram cortes pesados. Para sobreviver, nomes como Gopuff estão buscando alternativas como o venture debt para reforçar seus caixas.
Aqui no Brasil o segmento ainda é incipiente e vem recebendo investimentos do iFood, Rappi, Uber (com Cornershop) e a própria Daki, que atualmente possui cerca de 90 lojas. Com a mudança de ventos no mercado de venture capital, os planos também mudaram e o foco deixou de ser expansão para colocar ordem na casa, se concentrando nas operações em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. A companhia tem aberto mais lojas nessas cidades e montou um centro de distribuição em SP com investimento de R$ 4 milhões.
Em abril, a startup anunciou o lançamento de uma linha de produtos própria, que tem como objetivos aumentar a fidelidade dos clientes e verticalizar a operação, melhorando as margens.