Se o mercado de venture capital não anda tão aquecido assim, gestoras de investimentos estão abrindo o seu leque de opções para atender as necessidades das startups em busca de cheques. Recentemente, falamos dos planos da Blackstone, que separou US$ 2 bi para venture debt. Agora mais um peso-pesado do private equity está crescendo o olho no venture debt: é o caso da Kohlberg Kravis Roberts & Co (KKR).
Conforme reportou o The Information, o fundo está considerando a abertura de uma frente de negócios para emprestar dinheiro a startups que já receberam aportes de venture capital. De acordo com a publicação, a KKR chegou inclusive a avaliar a compra de uma gestora especializada em venture debt para tocar este plano.
Segundo fontes de mercado, a KKR, gestora que administra aproximadamente US$ 491 milhões em investimentos, está em conversas com uma gestora de venture debt. Ao mesmo tempo, a empresa está trabalhando com uma firma de recrutamento, explorando a possibilidade de abrir um time interno para tocar a frente de empréstimos.
O interesse de fundos como a KKR neste mercado, de acordo com analistas, se encaixa no atual cenário em que fundadores estão buscando formas de estender seus runways, sem recorrer à diluição de capital que o VC traz, já que os valuations atuais andam em baixa. Além disso, o plano é investir em startups que precisam de caixa enquanto esperam o melhor momento para seus IPOs, outra prática que caiu drasticamente em 2022.
Movimentos concretos
Enquanto a KKR planeja, a Blackstone já está em ação. No mês passado, a empresa confirmou que planeja colocar pelo menos US$ 2 bilhões em linhas de crédito para startups e empresas de tecnologia nos próximos anos. A expectativa da empresa é entrar em acordos de venture debt, deals com empresas às vésperas de uma oferta pública (IPO) e outros acordos para reforçar startups que há pouco tempo fizeram o seu IPO.
Para startups menos maduras, o plano da gestora é o de fornecer empréstimos na média dos US$ 50 milhões, entrando em competição com fundos médios de venture debt como Hercules Capital e TriplePoint. Porém, nos financiamentos mais para o alto da pirâmide, a Blackstone deve optar por deals mais elaborados, incluindo opções por equity nos contratos.
Neste cenário, cada vez mais o venture debt e outras linhas de financiamento estão ganhando adeptos, inclusive no Brasil e América Latina. Segundo um levantamento da Sling Hub, em julho os aportes por venture debt representaram 37% de todos os deals no mês – um montante de US$ 311 milhões.
Empresas daqui como a gaúcha Umbler já estão tomando este caminho. Ela captou US$ 10 milhões com a Brasil Venture Debt para acelerar seu go-to-market, guardando a possibilidade de diluir seu capital em um momento mais aquecido do mercado.
O private equity também vive um momento de aceleração no Brasil. Conforme estudo da Abvcap e KPMG, no primeiro trimestre do ano o segmento movimentou R$ 5,2 bilhões, uma alta de 173% em relação ao mesmo período no ano passado. Para efeitos de comparação, no mesmo período o setor de venture capital teve queda de 27%, totalizando R$ 6,4 bilhões.