É downroundzaço que chama? A Klarna, uma das fintechs mais badaladas no mercado quando se trata do modelo “buy now, pay later” (BNPL) – o carnê das Casas Bahia de gringo -, está fechando uma nova rodada de investimento, de aproximadamente US$ 650 milhões junto à Sequoia Capital. Porém, segundo reportou o Wall Street Journal, o tamanho do cheque é o de menos. Para a nova rodada, a startup reduziu a sua avaliação de mercado de US$ 46 bilhões para US$ 6,5 bilhões.
Estamos falamos de uma desvalorização de 7 vezes, uma queda violenta desde a rodada de US$ 639 milhões que a startup sueca levantou junto a SoftBank no ano passado e colocou a empresa em um valuation de US$ 45,6 bilhões. Para se ter uma ideia, o tombo é maior que o do WeWork, que saiu de uma expectativa de IPO valendo US$ 47 bilhões em 2019 para US$ 9 bilhões dois anos depois. coincidentemente (ou não) a SoftBank também era (e ainda é) investidora da companhia
Segundo fontes de mercado, a Klarna até tentou mantar o ritmo de crescimento de seu valor, buscando o financiamento com um valuation de US$ 50 bilhões, depois reduzindo pra US$ 30 bilhões e descendo mais um pouco para US$ 15 bilhões. Mas parece que os fundos “apertaram” ainda mais e a empresa cedeu, passando a foice no seu valor de mercado pra conseguir um novo fôlego no caixa.
Apesar do acordo ainda estar na mesa de negociações, o WSJ crava que se trata uma queda rápida e indigesta para a startup, que está no momento trabalhando em sua investida no mercado norte-americano, competindo com outros nomes que vem crescendo no BNPL como a Affirm.
Além disso, o oceano está se tornando cada vez mais vermelho, com pesos pesados como o banco Barclays e a própria Apple entrando no ringue com soluções próprias.
Contudo, segundo dados da própria Klarna, a companhia vem registrando um crescimento superior a 65%, com uma base de 25 milhões de consumidores.
Todo carnaval tem seu fim
O baque da Klarna remete a algo que já falamos aqui no Startups: parece que o “fim da festa” dos super valuations chegou, e as startups maiores estão sentindo os efeitos dessa correção de curso nos VCs.
O mercado de ações está em polvorosa por conta da alta dos juros para combater a inflação. Com o governo pagando mais em seus títulos, há um movimento de busca por opções de investimento mais seguras.
A redução da exposição ao risco já fez a ação de empresas como Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google, grupo conhecido como FANNG, que sempre pareceu ser certeza de crescimento e valorização, recuarem de 20% a 60% no acumulado do ano. Até o Nubank, que estreou na bolsa em dezembro/21 como o banco mais valioso da América Latina, hoje vale um terço do Itaú.
De olho nessa mudança, em maio a Y Combinator mandou uma carta a suas aceleradas, recomendando que elas se preparem para o pior e tentem sobreviver neste momento difícil, estendendo suas pistas com os investimentos já levantados ou rapidamente indo ao mercado para garantir um cheque para dar sobrevida (alô Klarna?).
Outras empresas estão chegando a situações ainda mais drásticas, como foi o caso da Netflix, e até mesmo alguns brasileiras como QuintoAndar, Facily e Ebanx cortando parte de seus times.