Legaltech

Intelijus capta R$ 2,8M para emplacar uma IA jurídica diferente

Intelijus. Foto: Canva
Intelijus. Foto: Canva

A Intelijus não é a primeira legaltech que a gente noticia aqui no Startups, que está empregando IA para criar soluções para facilitar o trabalho dos advogados e escritórios de direito. Entretanto, segundo os fundadores, a empresa tem sim algo diferente – e está finalizando uma captação de R$ 2,8 milhões para provar isso.

Responsável pelo desenvolvimento da LIVIA, descrita pelos fundadores como uma agente jurídica totalmente autônoma, a startup está concluindo a captação de uma nova tranche para sua rodada pré-seed, a um valuation de R$ 33 milhões para o negócio. Os nomes dos investidores não foram divulgados.

Segundo Daniel Bichuetti, CTO e cofundador da legaltech, três fundos estão interessados “preencher essa última vaga”, e para ele isso atesta o caminho diferenciado que sua startup está trilhando em seu segmento.

“A LIVIA vai além do tradicional que todos estão fazendo: redatores de peças e chat conversacional. Ela é um agente totalmente autônomo jurídico (apesar de também desempenhar as outras funções). Ela consegue fazer TODO o trabalho que um advogado faz”, pontua Daniel, em conversa exclusiva com o Startups.

Com o aporte, a companhia tem a meta de aprimorar a capacidade autônoma da ferramenta, que foi feita com modelos especializados próprios. “Não usamos APIs de terceiros, pois criamos tudo in-house e com base em projetos open source”, explica o CTO.

Daniel, fundador de segunda viagem e engenheiro embaixador mundial da Haystack (um dos maiores frameworks de Natural Language Processing), montou a Intelijus com o advogado e mestre em educação Vinícius Brasileiro – que ocupa a cadeira de CEO do negócio. Segundo o cofundador, a ideia para fundar a Intelijus veio de uma insatisfação pessoal dos dois.

Daniel Bichuetti (CTO) e Vinícius Brasileiro (CEO), cofundadores da Intelijus. Foto: divulgação
Daniel Bichuetti (CTO) e Vinícius Brasileiro (CEO), cofundadores da Intelijus. Foto: divulgação

“Pudemos perceber como existem pessoas em situação dramática pela mecanização do Direito, pela ausência de humanidade, e pelo baixo acesso à justiça. Elevando a performance do setor público, das corporações e dos advogados com tecnologia, ajudamos com que o Direito retorne à sua origem: ciência humana. As empresas ganham em performance, os advogados tem tempo livre para dedicar ao que quiserem, o Poder Público consegue atender todos, com agilidade e equidade, devolvendo a confiança à estrutura jurídica”, afirma Daniel.

Aliás, para contribuir com essa tese de impacto, a Intelijus deve disponibilizar em breve uma versão gratuita de sua plataforma. “Essa sim será mais uma assistente com chat, que agora após o aporte ficará disponível 24×7 a todo cidadão brasileiro, auxiliando a exercer sua cidadania, esclarecendo dúvidas sobre direitos e deveres”, completa Daniel.

Clientes interessados

De acordo com o CTO, a companhia espera fechar seu primeiro ano “real” de operação com R$ 3,3 milhões de receita recorrente (ARR), e já conta com a demanda para chegar neste objetivo. “Temos uma lista de espera de 4086 advogados/escritórios para nossa solução”, destaca.

Apesar do pouco tempo na ativa, a solução da Intelijus está chamando a atenção de clientes grandes. A legaltech já negociou provas de conceito (PoCs), com empresas nacionais como Caixa Econômica Federal, Natura, assim como também já possui outras legaltechs interessadas em usar a IA da empresa como motor para suas soluções.

Com uma tecnologia já desenvolvida nativamente como multilíngue, a empresa também está de olho em oportunidades no exterior, como um contrato com um grande escritório de advocacia em Singapura e para participar de um sandbox na prefeitura de Valencia, na Espanha.

“Os contatos internacionais se deram após nossa participação no palco do Web Summit 2024, sendo uma das poucas legaltechs selecionadas, e após participarmos a convite do governo brasileiro de conferências do The Next Web“, revela Daniel.

Para o começo do ano que vem, a Intelijus espera dar início oficialmente às vendas da solução em escala (self-service), no mercado internacional, o que segundo o CTO será mais um empurrão rumo às metas planejadas de faturamento. Inclusive, de olho eu seus planos de internacionalização, a startup já contratou uma agência de marketing para tocar um rebranding total, já pensando no mercado internacional.

“Para o ano que vem esperamos concluir com três órgãos públicos de grande porte, e quadruplicar a base de enterprises adotando a solução. A versão para advogados será uma forma de atender toda a cadeia de produção intelectual desse setor. Também estamos conversando com a OAB sobre um projeto piloto em parceria que atenda toda a sociedade”, completa o executivo.