Empreender não é fácil. A jornada é repleta de desafios que vão muito além de ter dinheiro, a concorrência e o cenário econômico instável. Mas, se depender de muitas universidades no país, esse caminho pode ser bem menos tortuoso. Por meio de ligas empreendedoras, os jovens são preparados para os negócios – ao mesmo tempo que cursam sua graduação ou pós -, em um espaço para troca de informações, workshops, mentorias e criação de uma rede de contatos.
A ideia é ser um grupo formado por alunos que realizam uma série de atividades focadas no empreendedorismo, criando bases para o desenvolvimento de negócios, ou pelo menos para a formação de empreendedores que podem um dia montar uma startup. Atualmente são mais de 100 ligas empreendedoras espalhadas pelas universidades brasileiras.
E não é de hoje que esse tipo de apoio rola no ambiente universitário. A Liga de Empreendedores do Insper, por exemplo, instituição sem fins lucrativos que oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação executiva, desde 2014 tem capacitado alunos que querem empreender.
Ao todo, mais de 30 startups foram fundadas por mais de 70 ex-membros, captaram mais de R$ 1 bilhão e geraram mais de 4 mil empregos diretos. Especificamente no hub de inovação e empreendedorismo do Insper, são mais de 48 startups fundadas por ex-alunos e mais de R$ 5 bilhões captados.
Aliás, nomes relevantes do ecossistema e que vocês já leram bastante a respeito aqui no Startups já passaram pelo Insper. Rodrigo Tognini, cofundador e CEO da Conta Simples, por exemplo, é ex-membro da liga. Já Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, plataforma de terapia online, cursou MBA em gestão no Insper, de 2012 a 2014.
Além da Vittude, outras startups de ex-alunos do Insper que receberam investimentos no ano passado foram a Evino, e-commerce de vinho, de Ari Gorenstein (aluno de MBA em Finanças em 2014); a Salú, startup de saúde do aluno de Administração André Boff; dentre outras. Neste ano, por enquanto faz parte desta lista a z1, que captou R$ 54 milhões. Thiago Achatz, um dos fundadores da fintech, se formou em Economia pelo Insper.
Por dentro da liga
Segundo Guilherme Okida, estudante de Administração e membro da Liga de Empreendedores do Insper, a estratégia de trabalho do grupo composto hoje por 11 membros está baseada em mentorias e encontros estratégicos semanais com players de destaque no mercado, contribuindo com o potencial de cada empreendedor envolvido.
“Neste semestre, por exemplo, aprendemos muito com a Laura Constantini, da Astella. Somos um monte de loucos juntos se apoiando. Levamos a cultura da Liga muito a sério, sua missão de transformar o Brasil por meio do empreendedorismo”, diz.
Para se tornar um membro da liga, o aluno passa por um processo seletivo que inclui o preenchimento de um formulário e uma prova prática: é feita uma dinâmica onde ele deve demonstrar suas habilidades como empreendedor, na criação e venda de uma solução, por exemplo. Neste semestre, dos 100 inscritos apenas 6 foram aprovados.
A fim de debater o momento atual do ecossistema no Brasil, a Liga promoveu, em sua sede em São Paulo, o talk “Conexões de Sucesso”, no fim de maio. O evento abordou o cenário das startups brasileiras, o acesso ao capital, o mercado de Venture Capital e as relações entre investidos e investidores. Fundadores de empresas como Creditas, Zup, Conta Simples, Gal, Monashees, Astella, Green Rock e Norte Ventures lideraram as discussões.
“O networking entre membros de relevância do ecossistema é a base de uma de nossas estratégias de fomento do setor. Eventos como este corroboram para a troca de conhecimentos e experiências entre todos nós e nos faz dar passos mais sólidos em frente”, afirma Guilherme. Há 3 anos na Liga de Empreendedores do Insper, enquanto não funda sua própria startup na área da saúde, Guilherme sente o gostinho da rotina de uma healthtech. Atualmente ele trabalha no comercial e financeiro da Medpreço.
Além da Liga de Empreendedores, o Insper mantém também o Hub de Inovação Paulo Cunha, cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento de soluções inovadoras que resolvam problemas reais das organizações e da sociedade. As atividades do hub são estruturadas em três pilares: o Hub.i9 (um canal que reúne webséries, matérias, vídeos e podcasts sobre o tema inovação e empreendedorismo), a inovação desenvolvida com parceiros e o Centro de Empreendedorismo (CEMP).
Por fim, a instituição conta ainda com o Insper Angels, rede de investidores-anjos formada e gerida por ex-alunos, que busca conectar empreendedores excepcionais a investidores engajados. A rede conta com mais de 450 investidores-anjos, que, além de capital financeiro, contribuem para o desenvolvimento dos empreendedores por meio de networking e mentorias.