Logística

Com frota elétrica, naPorta quer crescer 300% em 2024

Depois de levantar dois aportes no 1º semestre, logtech quer expandir sem deixar de lado a sustentabilidade

NaPorta
NaPorta. Foto: divulgação

A naPorta, logtech especializada em entregas em regiões periféricas e de difícil acesso, tem uma meta ambiciosa de crescimento para 2024 – expandir 300% em relação ao ano passado. Entretanto, a companhia quer fazer isso de forma sustentável, e isso se estende também à frota utilizada para as entregas. Por isso, a companhia está introduzindo mais veículos elétricos à sua estrutura.

Com o apoio de parceiros estratégicos, como a Cicloway e a Linhauni, a naPorta já começou a transformar sua frota, integrando veículos como furgões, motos e Tuk Tuks 100% elétricos. Até o momento, a startup opera com diversas bicicletas elétricas e outros veículos elétricos que cobrem áreas significativas em São Paulo, como as Zonas Norte e Leste, incluindo regiões como Brasilândia (zona noroeste) e o município de Ferraz de Vasconcelos.

Os veículos elétricos são utilizados no last mile, mas fazem parte de um plano maior para fazer as entregas de forma sustentável. Segundo a empresa, o objetivo é criar uma estrutura de cidade inteligente, o que começou com uma parceria com a Linhauni, para utilizar a linha laranja do metrô para transportar entregas, com centrais de redistribuição nas estações.

Em conversa com o Startups, a cofundadora e CMO da naPorta, Katrine Scomparim, pontua que esse investimento na frota é mais uma etapa no projeto da logtech enquanto startup de impacto. “Primeiro, foi o impacto econômico, empregando pessoas das comunidades para as entregas. Depois o impacto social ao promover o acesso destas comunidades às entregas. O impacto ambiental é a terceira parte desta agenda”, explica a CMO.

Atualmente, as operações da naPorta em São Paulo já contam com oito veículos elétricos e a meta é subir este número para 30 até o fim do ano, inclusive levando esta iniciativa para outros estados em que a logtech tem operação, como o Rio de Janeiro.

“Em São Paulo já estamos utilizando furgões elétricos para coletas de pacotes, algo que no Rio ainda é feito de caminhão”, pontua Leo Medeiros, COO e também cofundador da naPorta.

Aumentando a base

Segundo Leo, a pegada sustentável da companhia começou meio que sem querer em 2022, quando a logtech atendia o MercadoLivre e fazia boa parte de suas entregas a partir de bicicletas ou bikes elétricas. Entretanto, com o aumento do volume, o investimento em veículos mais robustos foi necessário, e o orçamento nem sempre permitiu a aquisição de veículos elétricos, que ainda tem custos elevados no país.

“A gente sempre quis trazer o impacto ambiental, mas no começo ainda não tinha essa grana para implementar”, diz o COO, que também aponta outros percalços. “Essa base de veículos elétricos que temos, ainda temos o desafio de tornar ela madura, treinando entregadores, pensando a grade de carregamento. Já teve entregador que ficou na rua e parou de entregar porque não achou local para carregar”, completa.

Rodrigo Yanez, Sanderson Pajeú, Katrine Scomparin e Leonardo Medeiros, sócios da naPorta (Foto: divulgação).
Rodrigo Yanez, Sanderson Pajeú, Katrine Scomparin e Leonardo Medeiros, sócios da naPorta (Foto: Divulgação).

Com o aumento da frota elétrica, a naPorta quer suportar a crescente demanda que vem anotando ano a ano. Se em 2022 a companhia atendia cerca de seis players de e-commerce para suas entregas, no ano passado esse número subiu para 13, e a meta para 2024 é fechar o ano com 16, ampliando significativamente o volume de entregas.

“Fechamos 2023 de forma muito positiva, atendendo alguns dos maiores players do mercado como Magalu, Shopee, Americanas, Petlove, entre outros. Além disso, estamos atendendo não só em favelas, mas também em outros territórios periféricos onde muitas empresas logísticas não atendem”, destaca Katrine.

Além disso, a logtech abriu recentemente um galpão de 2 mil m² em Itaquera, com capacidade de processar 20 mil pacotes diariamente. Para suportar esses planos, a companhia captou novos recursos no primeiro semestre: um pré-seed de R$ 400 milhões com a GVAngels e outro aporte de valor não divulgado junto ao FUNSES1, Fundo de Investimentos em Participações criado com recursos do Fundo Soberano do Governo do Espírito Santo.

“Esse ano a expectativa é ir também para o Espírito Santo, aumentando presença no Sudeste. Tem bastante demanda no Nordeste, então é um terreno para o qual devemos seguir em breve”, completa Katrine, mantendo os pés firmes no chão. “Queremos crescer, mas mantendo nosso foco em sustentabilidade. Somos uma startup camelo, não queremos ser unicórnio”, finaliza.