A nstech tem se destacado nos últimos anos com seus esforços para criar um portfólio abrangente em soluções de tecnologia para players logísticos. Fora as soluções desenvolvidas internamente, a empresa adquiriu cerca de 30 para compor uma oferta de ponta a ponta para diversos setores. Entretanto, agora a companhia inicia um novo movimento, segmentando estas ofertas – e ele começa com a criação de uma vertical dedicada ao setor agro.
A nova unidade de negócio reunirá mais de 40 soluções de software para aumento da eficiência e redução de custos em diversas áreas desse setor, entre elas: frigorífico, laticínios, tradings agrícolas, fertilizantes, indústria química, transportadora de carga agrícola, além de cooperativas e distribuidores de produtos do agronegócio.
Segundo o cofundador da companhia – e responsável pela nova divisão – Thiago Casagrande Cardoso, a nova oferta tem como objetivo “empacotar” soluções que já faziam parte do portfólio da nstech, mas de forma que atendam com maior precisão às demandas de sua base de clientes deste setor.
“Antes eles (os clientes) contratavam soluções olhando para um portfólio muito mais amplo, e nem sempre resultava no melhor mix”, explica Thiago, em entrevista ao Startups. Ele também destacou que a vertical contará com executivos de conta especializados para fazer a orquestração das melhores soluções na hora da venda.
“É um trabalho que vamos construir, discutindo de forma colaborativa com clientes da base e novos clientes, ajudando-os a superar desafios. Nosso foco é o de ver em profundidade as dores e necessidades do setor. Se a gente não tem solução, ou vamos desenvolver ou vamos buscar M&A”, completa Thiago.
Grandes clientes, grandes metas
Por falar na carteira de clientes que a nstech já atende, a lista de nomes grandes é pesada. Para ter uma ideia, na parte de frigoríficos, ela atende as operações logísticas de marcas como JBS e Marfrig; em laticínios, Danone e Lactalis; e na parte de grãos e fertilizantes, Cargill e Mosaic.
Segundo Thiago, por já atender boa parte dos maiores players do país neste segmento, o maior foco da nova divisão é o de aperfeiçoar a entrega e aumentar o ticket dentro da base que já possui. De acordo com o executivo, 60% dos investimentos na nova vertical serão destinados ao relacionamento com clientes da carteira.
“A primeira meta é gastar mais tempo com os clientes já existentes. A maioria deles ainda trabalha com um ou dois produtos, e queremos nos aproximar mais, entender suas necessidades e ampliar nosso potencial no cross-sell e upsell. Por outro lado, não vamos nos esquecer do mercado potencial que ainda podemos conquistar”, ressalta Thiago.
“Além de criar soluções, queremos unir todo esse ecossistema do agro por meio de iniciativas que apostam no networking, conteúdos educacionais e eventos exclusivos. Queremos dar força para essa comunidade”, completa o CEO e fundador da nstech, Vasco Oliveira, em nota.
A nstech não abre números específicos dos clientes agro, mas no quadro geral a empresa fechou em 2023 um receita recorrente anual de R$ 800 milhões – o que em uma conta básica coloca a receita de agro na casa dos R$ 160 milhões. Para 2024, com a nova vertical, Thiago afirma que o plano da nstech é aumentar a receita com clientes agro em 30% – o que em outra conta básica colocaria essa receita acima dos R$ 208 milhões.
Olhando para o mercado agro nacional, num primeiro relance parece que o percentual previsto pela nstech seja um tanto otimista demais – segundo o Ipea, a expectativa é de que o valor adicionado (VA) do setor agropecuário recue 3,2% em 2024. Contudo, para Thiago, esse é um momento em que a tecnologia pode ser mais procurada.
“O cenário que está se desenhando é que o preço das sacas vai diminuir, cortando margens, e daí se abre a porta para a necessidade de cortar custos. Logística é um dos pontos onde se pode fazer isso”, avalia.
Primeiro passo
A vertical agro é o primeiro movimento da nstech em um nicho dedicado, e segundo Thiago, não foi um passo feito à toa. “Agro representa um quarto do nosso PIB, é algo muito significativo”, destaca, seguido de uma constatação. “A maturidade tecnológica no supply chain do agro é muito baixa, e é onde a gente acha que pode agregar valor”, completa.
Entretanto, a nstech não pretende parar por aí. Na visão do executivo, este é o primeiro passo em uma jornada para oferecer ofertas mais segmentadas no futuro, atendendo verticais como varejo e indústria com um olhar semelhante. “Nossa ideia é aprender a gerar valor neste modelo segmentado e abrir para outras verticais no futuro”, explica Thiago.
Além disso, este posicionamento mais assertivo também se alinha com os planos globais de expansão da companhia, que em 2024 envolve o aumento de sua presença internacional. Presente em 15 países, a nstech quer aumentar sua atuação em mercados como o europeu e norte-americano, incluindo a possibilidade de fusões com startups de fora.
Em conversa com o Startups em novembro passado, o CEO Vasco Oliveira não descartou uma ida ao mercado, inclusive com a possibilidade de novas captações e um IPO quando as condições de mercado estiverem mais favoráveis, como forma de impulsionar estes planos.