O mercado esfriou, mas não parou por completo (pelo menos não ainda). A Infleet, logtech baiana de monitoramento, telemetria e gestão de custos para frotistas, começa a semana com o caixa cheio. A companhia recebeu um cheque de R$ 2,6 milhões liderado pela DOMO Invest e Bossanova. Os investidores-anjo Yves Nogueira, diretor-executivo da Tynno Negócios e Participações, e Américo Pereira Filho, ex-ceo da Fedex e membro do conselho da Sequoia, também participaram da rodada.
Em operação desde 2018, a startup foi criada por Victor Cavalcanti, Lucas Correia, Vitor Reis e Henrique de Amorim, todos engenheiros de formação. Sua plataforma coleta informações em tempo real sobre histórico de abastecimentos, custos de manutenção, gastos com combustível, tempo médio de conserto, ociosidade de motor, acompanhamento de rotas e excessos de velocidade na via, entre outros.
Segundo a companhia, a ferramenta reduz até 25% dos custos operacionais dos frotistas. Atualmente, já são mais de 240 clientes pelo Brasil, incluindo Buser, Embasa, Unimed e distribuidores Nestlé e Coca-Cola. O serviço está disponível a partir de uma assinatura mensal que varia de acordo com a quantidade de veículos da frota.
O aporte chega em hora estratégica, principalmente se considerarmos o cenário conturbado do mercado. Até a aceleradora Y Combinator, queridinha de empreendedores em todo o mundo, tem alertado startups a levantarem investimentos o mais rápido possível, sugerindo que o tempo de distribuição de cheques está chegando a um fim abrupto.
Com os recursos, a Infleet vai aprimorar a tecnologia para análise de dados, a fim de facilitar o trabalho do gestor de frotas com a emissão de relatórios automáticos e informações preditivas. “Recebemos dados de todos os veículos e reunimos tudo para o gestor tomar decisões mais assertivas. O objetivo é trazer insights cada vez melhores”, afirma Victor Cavalcanti, co-founder e diretor-executivo da companhia, em entrevista ao Startups.
Os esforços também serão direcionados para ações de marketing e educação, com trabalhos de consultoria e treinamento dos clientes. “O produto traz informações de qualidade, mas que não adiantam se a equipe não souber o que fazer com elas. Vamos focar nessa linha de treinamento para os gestores aprenderem a analisar os dados”, diz Victor.
Próximos passos
A logtech dobrou o time no último ano, chegando a 33 colaboradores, e aumentou o faturamento em mais de 200%. Os negócios cresceram 65% de janeiro a abril de 2022 e a estimativa é chegar a 150% em 2022. Para isso, a empresa vai aumentar o time para cerca de 40 funcionários. Com as inovações, a projeção é terminar o ano com uma carteira d 400 clientes.
Os empreendedores já começaram a olhar para oportunidades fora do país. A aposta é no mercado latino-americano, mais escasso em serviços digitais para otimizar a operação de frotas. “Os Estados Unidos e a Europa estão bem consolidados, com soluções que serviram de inspiração para criarmos a Infleet”, pontua Victor. Ele cita a inglesa Chevin e as norte-americanas Fleetio e Samsara, startup do Vale do Silício que chegou à Bolsa de Valores de Nova York em Dezembro de 2021, valendo US$ 11,5 bilhões.
“No Brasil, existem soluções individuais, cada uma focada em um serviço. Algumas oferecem rastreamento, outras manutenção ou gastos. Então as empresas precisam contratar mais de uma plataforma. Nosso diferencial é visão centralizada de gerenciamento e operacional em uma mesma ferramenta”, argumenta o executivo.
Segundo Victor, a expansão internacional deve ficar para 2024, impulsionada por uma série A em 2023. O roadmap inclui, ainda, integração com outros serviços relacionados à gestão de frotas, como checklist, seguros, locadoras, pneus, oficinas e montadoras. Hoje, a plataforma já tem integrações com Alelo, Teltonika, Queclink, Sascar, Ituran, Telecomtrack, Sitrack, Omnilink, Trimble, Komatsu, TicketLog e MaxiFrota.
Os empreendedores querem promover mais sustentabilidade no setor. “A ferramenta mostra excessos de descarte de pneus ou uso de combustível. Reduzindo o consumo, é possível diminuir a emissão de gases poluentes”, afirma Victor. A Infleet, diz o diretor, está estudando alternativas para oferecer créditos de carbono na plataforma, em parceria com empresas do setor especializadas na modalidade.