M&A

Agora vai: Google sobe oferta e compra Wiz por US$ 32 bilhões

Startup de cibersegurança recusou oferta de US$ 23 bilhões em junho passado, de olho em um IPO. Mas as coisas mudaram

Google subiu a oferta para fechar negócio com a Wiz | Canva
Google subiu a oferta para fechar negócio com a Wiz | Canva

Água mole, pedra dura. Menos de um ano depois de tentar comprar a israelense Wiz por US$ 23 bilhões – e não fechar negócio – o Google resolveu insistir, aumentou a oferta e parece que agora fechou negócio. A gigante das buscas anunciou nesta terça (18) a aquisição da startup de cibersegurança por US$ 32 bilhões.

A compra, paga totalmente em dinheiro, representa o maior deal já feito pelo Google, superando com folga a aquisição da Motorola Mobility em 2012, quando a big tech pagou US$ 12,5 bilhões.

Contudo, segundo especialistas, a alta aposta na Wiz representa o maior movimento do Google para expandir seu negócio de nuvem para além das buscas e serviços B2C.

Com sede em Nova York (mas fundada em Tel Aviv), a Wiz oferece uma abordagem completa para a segurança na nuvem. Ao integrar dados da Amazon Web Services, Microsoft Azure, Google Cloud e outras plataformas de nuvem, a plataforma faz uma varredura em busca de fatores de risco de segurança.

O anúncio da aquisição chega até de forma surpreendente, já que parecia que a Wiz estava determinada a seguir com as próprias pernas após recusar a oferta inicial do Google em julho do ano passado. Para explicar seus motivos para a recusa dos US$ 23 bilhões oferecidos, a companhia afirmou na época que estava firme em seu plano de seguir para um IPO, com planos de atingir uma receita recorrente anual de US$ 1 bilhão.

Entretanto, segundo analistas, com um mercado ainda complicado para novas aberturas de capital, parece que as coisas mudaram rápido para a Wiz – mas para fechar negócio conseguiram negociar um senhor bônus sobre o valor original oferecido pelo Google no ano passado – cerca de 40%.

“Esta aquisição vai acelerar nossa missão de melhorar a segurança e prevenir invasões, ao acessar recursos adicionais e uma expertise profunda em inteligência artificial”, destacou Assaf Rappaport, CEO da Wiz, em comunicado.

No corpo de investidores da Wiz estão fundos como Andreessen Horowitz, Lightspeed Venture Partners, Thrive, Greylock, Wellington Management, Cyberstarts, Greenoaks, Howard Schultz, Index Ventures, Salesforce Ventures, Advent e Sequoia Capital.

Apostando alto

De acordo com analistas do The New York Times, o M&A tem tudo para ser uma injeção de ânimo na divisão Google Cloud, representando o movimento mais agressivo da empresa de Mountain View na briga com nomes como Microsoft Azure e AWS, focando na parte de cibersegurança.

“Hoje, negócios e governos que rodam na nuvem procuram por soluções de segurança ainda mais robustas, e maior escolha em seus provedores de nuvem”, destacou Sundar Pichai, CEO do Google, em nota. “Juntas, Google Cloud e Wiz vão turbinar a segurança na nuvem e a habilidade de usar múltiplas nuvens”.

Apesar do grande anúncio, a compra ainda terá que passar pelos órgãos regulatórios – e segundo analistas, o deal será um grande teste para ver como serão conduzidas as leis antitruste na nova administração de Donald Trump.

A aquisição da Wiz está alinhada com o plano de tornar o Google Cloud um jogador mais relevante em cibersegurança. Sob a liderança de Thomas Kurian, CEO da unidade, o Google Cloud adquiriu duas empresas de cibersegurança em 2022: a Mandiant por US$ 5,4 bilhões e a Siemplify por um valor estimado de US$ 500 milhões.

A estratégia pode ajudar o Google a alcançar a Microsoft, que afirmou gerar mais de US$ 20 bilhões em receita anual com segurança, tornando-se o maior fornecedor de software de cibersegurança do mundo.

Se for concluído, o acordo também pode ajudar a revitalizar o crescimento da receita do Google Cloud. À medida que o negócio cresce, seu ritmo geralmente desacelera, embora a receita do quarto trimestre tenha aumentado expressivos 30% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 12 bilhões.

A Wiz tem crescido em um ritmo acelerado. No ano passado, a empresa afirmou ter US$ 350 milhões em receita recorrente, um salto em relação aos US$ 100 milhões de dois anos antes. A empresa, sediada em Nova York, disse que planeja alcançar US$ 1 bilhão em receita recorrente em 2025.