
O recente inverno do venture capital e a correção nos valuations das startups que acompanhou esse evento não foi nada mal para as multinacionais interessadas em comprar empresas aqui no Brasil. Uma das empresas que aproveitou esse momento foi a italiana Zucchetti, que só no último ano fez dois M&As. Contudo, com o hype da inteligência artificial, a empresa de software está se reorganizando para investir – e até recebeu um empurrão de respeito para fazer isso.
No mês passado, a companhia levantou uma linha de crédito de R$ 35 milhões junto ao BNDES, recurso que será destinado ao desenvolvimento em inteligência artificial. Mais especificamente, ela criará internamente um um sistema de gestão hospedado em nuvem que oferecerá experiências personalizadas para diferentes segmentos de negócios, tudo isso baseado em IA.
“A Zucchetti tem uma tese global de pensar como a IA pode potencializar nossos produtos. Já faz quase dois anos que estamos conduzindo esse trabalho com IA, e a gente percebeu que, mais do que os modelos, nosso poder está nos dados, na nossa base de 100 mil clientes”, destaca Alessio Mainardi, CEO da Zucchetti no Brasil, em conversa com o Startups.
Em um primeiro momento, o plano da empresa italiana é de reforçar sua equipe. Segundo detalha Alessio, a companhia já criou um time interno focado no desenvolvimento de IA e da nova solução, e mais talentos devem ser trazidos nos próximos meses.
Contudo, ainda em linha com a “tese de comprador” que faz parte da companhia aqui no Brasil, o CEO não descarta a possibilidade de novas aquisições, sejam de soluções complementares para ganhar mercado ou mesmo de acqui-hires. “Estamos olhando para o mercado, procurando startups que podem contribuir em áreas como data science, análise preditiva e outras”, completa.
Parte do DNA
Segundo Alessio, a tese de expansão via M&As “faz parte do DNA” da Zucchetti, mas no momento a empresa está mantendo uma postura mais conservadora. Depois de fazer grandes compras no ano passado, em 2025 a multinacional não chegou a fazer nenhuma aquisição no Brasil.
“Este ano, a gente está com algumas oportunidades no funil, mas estamos analisando com calma para não sermos afetados pelas flutuações de mercado que estão acontecendo”, avalia o executivo.
As últimas aquisições da Zucchetti no Brasil foram a AppBarber, catarinense especializada em soluções tecnológicas para barbearias, salões de beleza e clínicas de estética, um negócio de R$ 25 milhões fechado no final de 2024. Antes disso, em outubro, ela levou a D4Sign, empresa especializada em assinatura eletrônica, por R$ 180 milhões.
Entretanto, segundo o CEO, a companhia está de olho em verticais específicas para complementar seu ecossistema de soluções. “Tem muitos negócios em ERP, serviços digitais para varejo e indústria, que tem fit com nossa proposta”, explica.
Para Alessio, uma grande oportunidade de aquisições pode vir a partir do ano que vem, com a reforça tributária. “Quando a gente olha para o mercado de ERP, de automação de gestão, com a reforma tributária vai ter muita empresa software que vai ter problemas em se adequar. Vai precisar de investimento. Aí pode ser um bom momento para a gente avançar”, finaliza.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		