M&A

Comprada por fundo australiano, Horus acelera internacionalização

Startup de softwares para drones e monitoramento de grandes áreas estima que, até 2026, 60% de sua receita será fora do Brasil

Fabricio Hertz, CEO da Horus | Divulgação
Fabricio Hertz, CEO da Horus | Divulgação

Como diz o ditado: reunir a fome com a vontade de comer. Com planos de internacionalizar a sua solução de inteligência e monitoramento de grandes áreas para drones, a Horus Smart Detections acabou de encontrar um parceiro. A startup catarinense foi adquirida pelo Nightingale Partners, fundo australiano de private equity focado no setor energético.

O deal, cujo valor não foi divulgado, chega para acelerar o plano da Horus de ampliar sua presença em mercado estratégicos, especialmente junto a clientes do setor de energia solar. As soluções da companhia permitem inspecionar grandes ativos com precisão e eficiência, como parques solares, linhas de transmissão em áreas remotas e estruturas urbanas.

Segundo o CEO Fabricio Hertz, que fundou a Horus em 2014 ao lado dos sócios Lucas Bastos e Lucas Mondadori, entrar para o portfólio da Nightingale é um “empurrão” importante para chegar em mercados onde a geração de energia solar está em alta.

“Somos a primeira empresa de soluções de inspeção de ativos na carteira do fundo, e já estamos olhando para outras regiões na América Latina, Europa, Ásia e a própria Austrália. Queremos levar a excelência que desenvolvemos para estes mercados”, pontua Fabrício que segue como diretor da empresa, ao lado dos outros dois founders.

Agora aumentando o seu foco no mercado internacional – e fazendo parte de um fundo internacional – a Horus tem metas agressivas de crescimento. De acordo com o CEO, até 2026 a companhia estima que 60% de sua receita já virá de grandes contratos internacionais. “Com isso, poderemos chegar a um aumento de 100% a 120% em nossa receita”, revela o executivo.

Caminhos até o M&A

Antes de ser adquirida pela Nightingale, a Horus teve um longo caminho ao longo de seus mais de 10 anos de mercado. Com seus fundadores formados em engenharia, a companhia desenvolvia veículos remotamente pilotados (VANTs). Segundo Fabrício, eram drones mais robustos, de uso industrial, que eram utilizados por clientes em áreas como agro, mineração e indústria.

Com um foco diferenciado, a empresa chamou a atenção de veículos de fomento como Sinapse (hoje Centelha), do governo catarinense, e chegou a receber em 2017 um investimento de R$ 3 milhões da SP Ventures. “Foi partir dessa rodada que começamos a fazer nossa transição para uma empresa mais focada em software e tecnologia embarcada”, relembra Fabricio.

A empresa chegou a fazer mais rodadas para tocar esse plano, todas elas via crowfunding na Eqseed – foram mais R$ 6 milhões levantados em três rodadas de 2019 a 2022. Neste momento, a companhia passou por outra transformação, aumentando o foco em serviços e grandes clientes.

“Redobramos nosso olhar para serviços e software para grandes clientes. Já fizemos mais de 15 gigawatts de inspeção de energia solar, uma marca que nenhuma empresa tem na América Latina”, afirma o CEO, e este posicionamento foi que atraiu a Nightingale.

“Eles (da Nightingale) têm olhado para mercados onde o desenvolvimento em áreas como energia solar são bastante pulsantes, e a América Latina é um celeiro destas tecnologias”, completa,

Além de grandes empresas do setor energético (Fabrício não revelou nomes), a empresa também é responsável pelas tecnologias de monitoramento em grandes cidades como Florianópolis e Rio de Janeiro.

Sinergias com a Nightingale

Conforme pontua Fabricio, a Nightingale Partners, cujo portfólio de empresas com atuação no setor elétrico possui faturamento superior a R$ 380 milhões anuais, reconheceu na Horus uma oportunidade estratégica para fortalecer a presença na Europa e no Sudoeste Asiático, além de expandir sua atuação na América Latina a partir do mercado brasileiro.

“Nosso plano é construir uma via de mão dupla, identificando oportunidades e abrindo portas para nossa solução no mercado externo, mas também ‘plugando’ outras soluções do portfólio deles para trazer aos nossos clientes aqui no Brasil. O fundo tem empresas com soluções em áras como manutenção, por exemplo, que podemos oferecer como serviço no cross-sell”, explica o CEO.

Segundo Lindsay Philips, presidente do Conselho de Administração da Nightingale Partners, a tecnologia da Horus impressionou o fundo, assim como o seu suporte ao cliente. “No segmento de inspeção de parques solares com drones, temos a convicção de que a Horus é uma das empresas mais bem preparadas e com maior conhecimento nesse setor em nível mundial”, destaca.

Agora “sob o guarda-chuva” do fundo australiano, a companhia quer acelerar rápido, tanto em geração de negócios, quanto em time. “O time deve crescer algo em torno de 80% até o fim do ano, de acordo com a demanda que for surgindo”, revela Fabrício.

Conforme explica o CEO, a Nightingale já começou a parceria investindo para a reestruturação de negócios e de time, de olho na internacionalização. “Na virada da metade do ano, a expectativa é de que venha um investimento mais substancial, com a chegada de mais contratos internacionais e a necessidade de estabelecer times e operações externas para atender esses novos clientes”, finaliza.