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Mobly renegocia dívida da Tok&Stok e fala em demissões

CEO da Mobly disse que pode haver custos para a "captura da sinergia" entre as empresas, como o encerramento de contratos trabalhistas

Mobly
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Depois de anunciar a fusão com a Tok&Stok, na madrugada desta sexta-feira, a Mobly informou em teleconferência durante a tarde que deu entrada no plano de recuperação extrajudicial da companhia, que prevê uma renegociação da dívida de R$ 364 milhões da Tok&Stok. Durante a conferência, o CEO da Mobly, Victor Noda, também disse que pode haver custos para a “captura da sinergia” entre as duas empresas, como o encerramento de contratos trabalhistas.

Juntas, a Mobly e a Tok&Stok têm R$ 400 milhões em dívidas e R$ 186 milhões em caixa. A proposta de renegociação que está sendo homologada é para interromper os pagamentos da dívida da Tok&Stok até 2026, voltando a pagar em janeiro de 2027. Também prevê uma carência de um ano para o pagamento dos juros, que seriam retomados em janeiro de 2026.

Segundo Victor, a ideia é que durante esse período a nova companhia tenha tempo de focar na sinergia, sem se preocupar com os desembolsos relativos à dívida. O processo de homologação do plano de recuperação extrajudicial pode levar entre dois ou três meses.

O CEO da Mobly também disse que, apesar de as duas empresas continuarem atuando de forma independente, a fusão tem como objetivo aproveitar as sinergias entre elas, tanto na melhoria da oferta de produtos aos clientes, quanto na redução de custos. De acordo com o executivo, essa economia pode ficar entre R$ 65 milhões e R$ 90 milhões por ano.

Além disso, Victor antecipou que algumas lojas físicas da Tok&Stok podem ser convertidas em lojas duplas. “Eventualmente vamos precisar avaliar se existem hoje lojas da Tok&Stok que estão em um imóvel grande demais e se podemos transformar parte desse espaço em uma loja Mobly, criando um hub com duas lojas separadas, mas em um mesmo imóvel”, explicou.

O e-commerce da Tok&Stok, que é tecnologia de terceiros, será substituído pelo sistema da Mobly, que possui tecnologia proprietária. O grupo também planeja reduzir custos operacionais com logística, já que a Mobly possui sua própria transportadora, que realiza hoje cerca de 60% das entregas da varejista.

Essas mudanças serão acompanhadas de alguns custos, disse o CEO, como encerramento de contratos de centros de distribuição, por exemplo, e também encerramentos de contratos trabalhistas e de terceirizados.

O atual CEO da Tok&Stok é Guilherme Santa Clara, que assumiu depois que a fundadora Ghislaine Dubrule foi destituída do cargo. Segundo Victor Noda, Guilherme é um “CEO interino”, que vai “ajudar no processo de transição”.

Com a operação, o Conselho de Administração da Mobly ganha um assento a mais, destinado a um representante do SPX, o fundo que controlava a Tok&Stok. São sete lugares no total, sendo dois da home24, maior acionista da Mobly, dois dos fundadores da Mobly, e dois independentes.

A fusão entre as duas empresas ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).