M&As

No embalo da IA, Revelo empilha M&As para consolidar na América Latina

Após focar 100% em clientes nos EUA, HRTech brasileira cresceu sete vezes e quer fechar 2025 com um aumento de 50% na operação

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Lachlan de Crespigny e Lucas Mendes, fundadores da Revelo | Foto: divulgação
Lachlan de Crespigny e Lucas Mendes, fundadores da Revelo | Foto: divulgação

Ser o “campeão” do mercado quando o assunto é conectar empresas norte-americanas com talentos de desenvolvimento de software no Brasil e América Latina. Segundo a Revelo, essa é a missão da companhia para o futuro, e isso está baseado em um agressivo plano de M&As: só nos últimos dois anos já foram cinco.

As duas aquisições mais recentes foram divulgadas oficialmente esta semana. Por um valor não divulgado, a empresa adquiriu as startups Alto e Paretisa, dois players que também atuavam no segmento de ajudar empresas norte-americanas a recrutar desenvolvedores latinos.

Segundo o CEO Lucas Mendes, as duas compras reforçam o plano da empresa em se consolidar como o principal player de conexão de talentos latinos para o mercado ianque. Com os dois M&A, cerca de 70 mil talentos se somam à base da Revelo, passando dos 400 mil profissionais verificados.

“Com a crescente demanda por engenheiros especializados em IA, estamos oferecendo às empresas em crescimento uma plataforma completa, simples e robusta para encontrar, contratar e pagar desenvolvedores de elite da América Latina — de forma mais rápida e a uma fração do custo nos EUA — mantendo o alinhamento de fuso horário e a compatibilidade cultural”, destacou o executivo no comunicado sobre os M&As.

Em conversa exclusiva com o Startups, Lucas contou mais sobre os movimentos de aquisição. Segundo ele, o plano é fazer da Revelo a “espinha dorsal” que conecta as Américas (Latina e do Norte) quando o assunto é talento técnico. “É um movimento que a gente acredita, depois de fazer cinco aquisições, que nos credencia a construir um campeão latino-americano neste segmento”, destaca.

Além da Alto e da Paretisa, a outras compras da Revelo foram o portal CTO Talks, uma jogada para reforçar a startup na frente de conteúdo, e as mexicanas Listopro e CeroUno, que aceleraram a expansão do banco de talentos da companhia. “Estamos trabalhando nessa diversificação geográfica, com negócios que se complementam”, avalia.

No embalo

Fundada há cerca de 10 anos, a Revelo se viu em meio a um boom de crescimento na chegada da pandemia. A partir de 2020, a plataforma de recrutamento viu a demanda de empresas gringas por desenvolvedores remotos acelerar, e resolveu dobrar sua aposta nisso. A bem da verdade, a companhia fundada por Lucas e o sócio Lachlan de Crespigny fez um “all in” nessa tese.

Em 2023 a empresa “virou a chave” e virou um negócio 100% focado em clientes norte-americanos. Nos últimos 24 meses, desde que a Revelo passou a ter uma base de clientes totalmente norte-americana, já foram mais de 1,1 mil empresas atendidas.

“Desde 2020, a gente já cresceu sete vezes, e queremos fechar 2025 com um crescimento de 50%”, revela Lucas, que não abriu números de receita.

A razão por trás dessa meta de crescimento tem um nome: IA – ou mais especificamente, humanos que ajudam a treinar a IA. Segundo o CEO, as empresas estão em uma corrida na busca por talentos qualificados para ajudar os LLMs a serem melhores em tarefas muito específicas e de alto valor, como a de programação.

“Muitas empresas estão construindo seus modelos internos e precisam de engenheiros especializados e dados para treiná-los. Eles precisam de um humano falando com a máquina, revisando os códigos gerados. “São profissionais de alto conhecimento que estão lá para ensinar o modelo a codar melhor e de forma mais eficiente”, explica.

Segundo Lucas, as contratações voltadas para treinamento de LLMs representaram 22% da receita da Revelo em 2024 – e segundo ele, a fatia deve aumentar.

O que vem por aí?

Voltando ao assunto dos M&As, Lucas revela que a Revelo não deve parar por aí. “Temos um pipeline de aquisições sendo construído para gente fazer mais no futuro”, destaca o executivo, apontando que os deals feitos até o momento foram todos com o caixa da Revelo.

A última captação da companhia foi em 2021, quando levantou US$ 28 milhões em uma rodada liderada pela Bewater Ventures, com participação do IFC (do Banco Mundial), FJ Labs, Valor Capital e Dalus Capital.

Contudo, o CEO admite que, à medida que o plano de M&As venha a se intensificar, uma nova captação pode se tornar um possibilidade. Segundo ele, a empresa está trabalhando em um track record de fusões bem-sucedidas, validando a tese para levar à mesa na hora de negociar um futuro funding.

“A ideia aqui é a gente construir esse histórico de aquisições pra eventualmente escalar essa consolidação com uma rodada mais pra frente”, finaliza.