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Nubank compra Hyperplane para ser "AI-first"

Neobanco comprou startup fundada no Vale do Silício por brasileiros como o ex-StartSe Felipe Lamounier

Nubank
Nubank. Foto: Divulgação

Eis que o Nubank volta ao mercado para adquirir tecnologias baseadas em inteligência artificial. O neobanco anunciou esta quarta (26) a aquisição da Hyperplane, empresa de inteligência de dados do Vale do Silício, mas que foi fundada por brasileiros, incluindo o ex-sócio da StartSe, Felipe Lamounier.

Segundo destacou o Nubank em comunicado enviado à imprensa, a parceria representará o início de “uma nova era para as plataformas bancárias digitais, trazendo produtos e serviços financeiros mais inteligentes, justos e personalizados para seus clientes. Segundo apurou o Startups junto a fontes de mercado, o negócio foi concretizado via troca de ações entre as duas empresas.

Lançada em 2022, a Hyperplane oferece soluções para ajudar bancos a treinar, avaliar e implementar modelos de aprendizagem profunda (deep learning) auto-supervisionados em dados proprietários para tomada de decisões. “A Hyperplane funciona como uma central, permitindo que os clientes treinem centenas de modelos personalizados em diversas esferas de negócios”, disse a companhia em nota.

.Com a nova aquisição, o plano do Nubank é reforçar seu já existente time de IA para criar conexões e gerar insights para as equipes de produto e engenharia criarem não apenas experiências mais fluidas para o cliente, mas também ter as ferramentas para aplicar modelos de IA de forma ampla – de aspectos como análise de risco até o marketing.

Segundo Vitor Olivier, CTO do banco digital, trazer tecnologias como a da Hyperplane faz parte de uma jornada “de vários anos e etapas” para fazer do banco uma empresa IA-first. Segundo ele, a estrutura da Hyperplane permitirá que o Nubank aproveite imediatamente modelos de base em várias áreas e adote as próximas gerações de inteligência.

“A tecnologia de IA da Hyperplane se integrará perfeitamente aos nossos sistemas, aprimorando nossa capacidade de analisar vastos conjuntos de dados e personalizar nossos serviços em um nível granular. É um marco significativo em nossa jornada rumo a um ecossistema bancário mais inteligente e centrado em IA”, conclui Vitor, em nota.

“Há investimentos fundamentais que uma plataforma financeira precisa fazer para rodar com IA. O Nubank é o lugar perfeito para acelerar nossa visão de sistema bancário de consumo hiperpersonalizado devido à maturidade da sua infraestrutura de dados e a sua cultura de inovação”, completa Felipe Lamounier, cofundador da Hyperplane, em comunicado.

A Hyperplane é uma aposta maior do Nubank em colocar IA em sua operação, mas este não foi o primeiro investimento da companhia na tecnologia. Em 2021, o neobanco comprou a Olivia, startup de inteligência artificial que ajuda os usuários a planejar seus gastos e economizar mais, por um valor não divulgado. No ano seguinte, a startup deixou de existir, sendo totalmente integrada dentro do app do Nubank. Entretanto, em 2023, a ferramenta de controle de gastos – algo que foi trazido do Olivia, foi desativado dentro do app.

Despontando rápido

Ao se tornar parte do Nubank, a Hyperplane parte para um novo capítulo em sua jornada rápida de evolução – algo que não é assim tão incomum em meio a todo o hype da inteligência artificial que se vê por aí.

Fundada no Vale do Silício em 2021, a companhia fundada por Felipe Lamounier, juntamente com outros dois brasileiros (Daniel Silva e Felipe Meneses) e o indiano Rohan Ramanath, a companhia captou no fim do ano passado um aporte seed de R$ 30 milhões liderado por um extenso time de investidores gringos e também brasileiros.

Entre os investidores da Hyperplane está o ex-executivo da Stripe, Lachy Groom – executivo que tem seu pool de LPs ninguém menos que Sam Altman, CEO da OpenAI. Outros investidores são os fundos SV Angel, Clocktower Technology Ventures, Liquid2 Ventures, Soma Capital, Latitud, Atman Capital, Crestone VC e Norte.

Em conversa com o Startups em dezembro passado, Felipe Lamounier afirmou que, mesmo sendo do Vale do Silício, a Hyperplane tinha o Brasil como seu mercado alvo principal.

“Escolhemos o Brasil como primeiro mercado pois ele é bastante avançado quanto à adoção de novas tecnologias no setor financeiro. É uma arena excelente para vender tecnologia de ponta”, avalia Felipe, em entrevista ao Startups.

Por falar em tecnologia de ponta, Felipe (que é programador de formação e é conhecido do ecossistema brasileiro por ser um dos cofundadores da StartSe) se juntou a profissionais que entendem do riscado para desenvolver seus modelos de linguagem. Daniel era um dos heads do Google Brain, enquanto Rohan era um dos heads na divisão de IA do LinkedIn.

“Fundar a Hyperplane no Vale do Silício não foi uma decisão por acaso, pois é lá onde estão os profissionais e o cenário onde os LLMs de ponta são desenvolvidos”, completa Felipe, fazendo a ponte do Vale com o apetite de inovação que existe no mercado financeiro brasileiro, celeiro onde inovações pioneiras como Pix e Drex estão chamando a atenção lá fora. “É uma tempestade perfeita”, completa.

Eis que a tempestade perfeita já rendeu uma “chuva de dólares” para a Hyperplane e seus investidores. Agora vamos ver como o Nubank aproveita isso.