
Parece que a disputa pela compra da Warner está apenas começando. Dias depois da Netflix anunciar a compra do estúdio Warner Bros, a Paramount Skydance fez esta segunda-feira uma oferta hostil para comprar a Warner Bros. Discovery, conglomerado que detém não apenas o estúdio de cinema, o streaming HBO Max mas também a Discovery e canais como a CNN.
Na sexta-feira (05), a Netflix anunciou um acordo de US$ 82 bilhões para comprar a Warner Bros. (e seu streaming HBO Max), em uma transação já aprovada pelos conselhos das duas empresas. Contudo, a Paramount ignorou o conselho da Warner Bros. Discovery e foi diretamente aos acionistas, chamando sua proposta de “superior”.
Na sua proposta, a Paramount se dispôs a pagar US$ 30 por ação em dinheiro, avaliando a companhia em cerca de US$ 108 bilhões, incluindo dívidas. A empresa disse ter recorrido aos acionistas porque o conselho da Warner Bros. Discovery estaria “seguindo uma proposta inferior”.
Por sua vez, a Paramount fez a oferta para comprar toda a Warner Bros. Discovery, incluindo o estúdio cinematográfico Warner Bros., o serviço de streaming HBO Max e um portfólio de canais pagos, entre eles a CNN – estes últimos não fazem parte do acordo com a Netflix.
“Acreditamos que nossa oferta vai fortalecer Hollywood”, disse David Ellison, CEO da Paramount Skydance (e filho do cofundador da Oracle, Larry Ellison), em comunicado. “Ela atende aos interesses da comunidade criativa, dos consumidores e da indústria cinematográfica.”
A investida hostil da Paramount é o capítulo mais recente de uma série de tentativas cada vez mais agressivas de adquirir a Warner Bros. Discovery nas últimas semanas. Apesar das investidas da Paramount, a Warner conduziu um processo de licitação que durou semanas e também atraiu o interesse da Comcast, dona da NBCUniversal.
Um ponto crucial para os acionistas será avaliar se os reguladores aprovarão a transação. Após o anúncio do acordo da Netflix com a Warner, grande parte do mercado do entretenimento reagiu contra a transação, tomado por temores de que a gigante do streaming acabará marginalizando lançamentos nos cinemas de um dos últimos grandes estúdios tradicionais.
Em meio à toda a comoção, até o presidente norte-americano Donald Trump resolveu dar o seu pitaco. Em evento no domingo (07) elogiou Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, mas observou que a empresa possui uma “participação de mercado muito grande”, e afirmou que estará “envolvido” na análise regulatória.
Se o acordo fracassar por falta de aprovação regulatória, a Netflix terá que pagar uma multa de US$ 5,8 bilhões à Warner Bros. Discovery, conforme documentos enviados às autoridades federais. Caso a empresa aceite uma oferta superior e não solicitada da Paramount ou de outra concorrente, deverá pagar US$ 2,8 bilhões à Netflix.
Ofertas hostis desse tipo são raras na elite da indústria de mídia, onde relações historicamente próximas entre executivos e estruturas acionárias especiais costumam dificultar esse tipo de operação. Mas há precedentes: Brian Roberts, CEO da Comcast, tentou comprar a Disney de forma hostil em 2004, quando a empresa enfrentava turbulências entre acionistas. A investida, porém, não teve sucesso.