Healthtech

Um ano após comprar Zenklub (e já no breakeven), Conexa faz novo M&A

A nova aquisição é da startup Lina, plataforma de inteligência de dados que chega para aprimorar serviço da healthtech

Matheus Araújo, da Lina, e Guilherme Weigert, da Conexa. Foto: divulgação
Matheus Araújo, da Lina, e Guilherme Weigert, da Conexa. Foto: divulgação

Em outubro do ano passado, a Conexa causou ondas no mercado ao adquirir a Zenklub, um dos players digitais mais conhecidos do Brasil em saúde mental, adicionando-a ao seu ecossistema digital de saúde. Pouco mais de um ano depois, a healthtech ligou novamente sua “máquina de M&Aa”, desta vez adquirindo a Lina Saúde, plataforma de inteligência de dados para gestão de pacientes.

Pelo acordo, a Conexa adquiriu 100% da Lina, em uma transação envolvendo dinheiro e troca de ações – contudo, os valores do negócio não foram divulgados. A fusão ainda deve passar pelo crivo de autoridades reguladoras, mas caso aprovadas, será mais um passo na estratégia da Conexa em se firmar como o maior player de telemedicina no país.

Segundo destacou o CEO da Conexa, Guilherme Weigert, em conversa com o Startups, a aquisição da Lina veio de forma natural, pois já atuavam em parceria há cerca de um ano. Só nos últimos meses, a Conexa já incluiu cerca de 10 operadoras e 1,5 milhão de vidas na base da Lina, e o plano após a aquisição é elevar esse volume em três a quatro vezes nos próximos três anos.

“O acordo foi fechado porque a plataforma tem uma inteligência de dados em saúde que trabalha para facilitar e escalar a coordenação de cuidado dos pacientes que sempre fizemos ao longo do tempo”, complementa Guilherme.

De acordo com o CEO, a plataforma de inteligência da Lina consegue analisar não apenas dados clínicos, mas também de uso, sinistralidade, contribuindo para uma melhor experiência no atendimento. A plataforma conta com mais de 70 algoritmos que armazena dados da Conexa e avisa os profissionais de saúde sobre o acompanhamento de cada paciente.

“A parte de dados era uma peça do quebra-cabeça que estava nos faltando, especialmente entender melhor os pacientes para além das consultas. Assim conseguimos engajar melhor com os usuários, gerando valor no atendimento digital”, explica.”, pontua.

Para Matheus Araújo, cofundador e CEO da Lina Saúde, a companhia estava numa trajetória sustentável de crescimento em seus cinco anos de mercado, mas a proposta para unir forçar com a Conexa mostrou uma oportunidade inédita. “Ao trabalhar em parceria com a Conexa, a gente viu que poderia levar nosso algoritmo para outro nível, pois são negócios muito complementares. Essa fusão foi como se a gente tivesse antecipado o nosso futuro”, afirma Matheus.

Com a fusão das empresas, a Lina seguirá como um produto dentro do portfólio da Conexa, com Matheus liderando a parte de health analytics na companhia-mãe, não apenas cuidando da Lina, mas também trazendo a visão de dados para outros produtos da healthtech.

Em linha com as previsões

No fim do ano passado, após anunciar a aquisição da Zenklub, as metas da Conexa estavam no alto. Para 2024, o plano era o de bater R$ 250 milhões em receita recorrente anual (ARR). Perguntado pela reportagem do Startups, Guilherme confirmou que a companhia bateu a meta pretendida antes do fim do ano. Mais do que isso, a companhia está fechando o ano no breakeven, conquistado neste último trimestre do ano.

Boa notícia para os investidores da healthtech. Em 2022 a empresa trouxe nomes de peso ao seu captable, levantando R$ 200 milhões em sua série C – com R$ 140 milhões saindo do bolso do Goldman Sachs, R$ 50 milhões da General Atlantic, e o restante com a Igah Ventures e Endeavor Scale-Up.

Sobre o crescimento da companhia, o CEO pontuou que atualmente a companhia detém cerca de 7,5% do share do mercado enterprise em programas de saúde – com um crescimento de 66% ano contra ano. “Quando trouxemos a marca Zenklub para o nosso lado, aliando com nossa oferta enterprise, isso gerou muito valor. Além disse, 75% dos nossos clientes atuais já compram mais de uma solução conosco”, avalia.

Falando em fusão com a Zenklub, a integração entre os dois negócios já está 100% finalizada, desde que foi iniciada de fato em fevereiro, quando saiu a aprovação do Cade. “O último quarter deste ano foi o primeiro em que conseguimos gerar caixa a partir da fusão, e já contribuiu para o breakeven”, afirma.

Segundo Guilherme, o expectativa para 2025 é positiva, afirmando que a companhia está em um momento único, sem queima de caixa e com uma previsão otimista de crescimento. “Estamos colocando os M&As para gerar mais valor, colocando na esteira e fazendo a distribuição”, destaca.

Perguntado sobre a possibilidade de novos M&As, o executivo da Conexa afirma que a fome deu uma diminuída, mas a companhia segue olhando para o mercado, especialmente ouvindo as demandas de operadoras e empresas parceiras. Apesar de não ter nenhuma compra em vista, o CEO dá algumas pistas dos novos horizontes a serem observados.

“A saúde híbrida é uma tendência muito forte para o futuro. Estamos sendo provocados pelo mercado, pelas operadoras, para atender além do digital. Estamos analisando como podemos entrar no atendimento presencial, conectando-o com o digital e entregando uma experiência nova para o mercado”, finaliza.