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Voltando ao mercado: Enjoei perde o medo e compra a Elo7

Um ano e meio após a má experiência com a Gringa, marketplace compra plataforma de venda de produtos personalizados

Enjoei fachada
Enjoei fachada. Crédito: divulgação

Cerca de um ano e meio depois de passar por sua experiência mal-sucedida de compra, a Enjoei voltou ao mercado. Passado todo esse tempo em relação à sua primeira (e malfadada) aquisição pós-IPO – a Gringa – a companhia anunciou a compra da Elo7, marketplace especializado em produtos artesanais.

O negócio não teve o valor revelado, mas olhando os dados, ele não deve ter sido tão barato: em 2021, a Elo7 chegou a ser comprada pela Etsy – uma gigante norte-americana com um modelo de negócios semelhante ao da Enjoei – por R$ 1 bilhão. Vale lembrar, porém, que naquela época as startups viviam um boom de valorização, um cenário bem diferente do atual.

Entretanto, segundo destacou a Enjoei em fato relevante, a compra da Elo7 deve acrescentar à sua plataforma de compra de itens usados R$ 500 milhões em volume de vendas. É um salto de aproximadamente 50% em relação ao total de vendas que a Enjoei registrou no ano passado, que foi de R$ 1,1 bilhão.

O incremento também deve se refletir na base de compradores ativos, aumentando a base atual estimada de 1 milhão para mais de 2,5 milhões de compradores. Em termos de transações, segundo revelou a Enjoei no comunicado, o crescimento deve ser de 5,6 milhões para 9,2 milhões.

Ainda de acordo com a empresa, a compra da Elo7 vai conectar a base de compradores da Enjoei, com um perfil que busca produtos com significado, com uma base diferenciada de vendedores de produtos artesanais e personalizados que chega a partir da Elo7.

“A aquisição permite expandir a base de vendedores profissionais do Enjoei, acelerando a expansão do nosso negócio”, afirmou a companhia.

Em baixa, mas com dinheiro no caixa

A Enjoei não tem passado pelos melhores momentos no último ano. Desde o seu IPO em 2020, um dos primeiros do mercado brasileiro e que rendeu R$ 1,13 bilhão para o negócio, a companhia registrou quedas no valuation – em 2022, ela perdeu praticamente três vezes o seu valor de mercado.

Por conta das perdas financeiras, em janeiro deste ano a empresa chegou a fazer uma reestruturação interna (que você pode chamar de demissão em massa), dispensando 31 pessoas, o que representa cerca de 10% de sua força de trabalho.

Em resposta ao Startups na época, a empresa afirmou que o movimento foi necessário para alinhar seus planos com os desafios e projetos para os próximos anos. “Esse arranjo permitirá à companhia priorizar determinados projetos de curto e médio prazo em detrimento de outros que serão apreciados mais a frente”, destacou a empresa. Apesar no revés, dinheiro no caixa a companhia possui: segundo resultados divulgados recentemente, a empresa não tem dívidas, com cerca de R$ 300 milhões na conta.

Logo após o IPO, em 2021, a Enjoei chegou a aproveitar um momento de alta, o que serviu para a companhia fazer a sua primeira aquisição, quando fez uma oferta pela plataforma de venda de roupas de luxo Gringa. Entretanto, em maio do ano passado, com suas ações em queda (custando cerca de R$ 2 na época), a empresa suspendeu o negócio com a Gringa.

Se na época do anúncio da Gringa, o mercado não respondeu tão positivamente ao movimento da Enjoei, parece que com a Elo7 o cenário é outro. Após o anúncio da aquisição, as ações da companhia registram uma sessão de disparada na Bolsa. Às 10h16 (horário de Brasília), a alta era de 13,28%, a R$ 1,45.