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Mais Mu mira venda de R$ 50 mi em 2022 de seus "lanchinhos proteicos"

Com mais de 5.000 pontos de venda espalhados pelo Brasil, foodtech teve receita de R$ 17,5 mi em 2020 e espera fechar 2021 com R$ 30 mi

Mais Mu mira venda de R$ 50 mi em 2022 de seus "lanchinhos proteicos"

A Mais Mu está numa missão para levar produtos saborosos e, ao mesmo tempo, nutritivos a todo o Brasil. Fundada em 2014 pelos colegas de faculdade Otto Guarnieri e Antônio Neto, a foodtech desenvolve suplementos e snacks proteicos para quem quer ter uma vida mais saudável sem abrir mão do bom paladar.

A ideia surgiu depois de um intercâmbio no exterior. “Eu estava na Califórnia e o Antônio, na Dinamarca. Eram mercados mais maduros, onde os suplementos não estavam direcionados apenas para fisiculturistas, era algo muito mais amplo”, diz Otto, diretor-executivo da startup.

Decidiram apostar no segmento Whey, fabricado a partir da extração de proteínas do soro do leite. Com o apoio de nutricionistas e engenheiros de alimento, aumentaram o portfólio, chegando a 60 produtos como suplementos, barrinhas, cappuccinos e achocolatados, chocolates com zero açúcar, entre outros. Para o próximo ano, a expectativa é ter pelo menos 10 novos lançamentos.

Para sustentar as entregas para todo o Brasil, a companhia investe em uma robusta infraestrutura de dados, identificando a frequência de pedidos que o cliente faz no ano, quais produtos ele prefere ou, ainda, se houve problemas na entrega. “O desafio é cada vez mais tomar decisões melhores por causa disso, melhorando ainda mais a experiência de compra dos consumidores”, explica o empreendedor.

O negócio surfa numa onda promissora. O mercado das foodtechs recebeu cerca de US$ 1,3 bilhão em investimentos de capital de risco até maio de 2018 em nível mundial, de acordo com informações do PitchBook, e deve chegar a R$ 980 bilhões até 2022, segundo a instituição britânica The Food Tech Matters.

O Brasil acompanha essa tendência, principalmente quando o assunto é alimentação nutritiva e equilibrada. Uma pesquisa de 2020 do Instituto QualiBest em parceria com a consultoria de food service Galunion, revelou que 74% dos consumidores buscam por opções saudáveis e dietas funcionais, e 75% gostam de comprar comidas saborosas, frescas e que ajudam a melhorar a imunidade e o bem-estar.

Estratégias

“Sempre tivemos concorrentes, mas o perfil deles mudou”, observa Otto. Segundo o executivo, a companhia surgiu em um cenário de consumidores insatisfeitos que tentavam mudar a dinâmica do mercado e contribuir para o bem-estar da sociedade. Hoje, ele enxerga nos concorrentes grandes empresas que, de olho na demanda e oportunidade de mercado, decidiram apostar no segmento. “Antes, um grupo movido pelo propósito. Agora, pela lucratividade. A Mais Mu está mais alinhada com a maneira antiga, próxima do público, oferecendo um atendimento humano e descontraído.”

A sacada para driblar a concorrência e fazer o negócio crescer diversificar os canais de venda, levando os produtos para além das tradicionais lojas de suplementos. Hoje, os clientes encontram itens Mais Mu no e-commerce da marca e nos sites no site da Amazon e do Mercado Livre, além de supermercados físicos e online, como Shopper e Pão de Açúcar, farmácias, lojas de produtos naturais e até no Rappi. Ao todo, são mais de 5 mil pontos de venda espalhados pelo Brasil.

“Tomamos muito cuidado para levar o produto certo ao canal certo. Nem todos os itens servem para uma farmácia ou uma loja de produtos naturais”, explica Otto. Segundo o empreendedor, o time tem o papel de estudar e entender as diferentes dinâmicas dos distribuidores, direcionando para um os produtos mais assertivos.

A estratégia fez com que a empresa saltasse de R$ 17,5 milhões de faturamento em 2020 para R$ 30 milhões em 2021. A previsão da Mais Mu é faturar R$ 50 milhões no próximo ano. O crescimento já começou a chamar a atenção dos investidores que, por meio da plataforma de equity crowdfunding Kris, injetaram R$ 2,25 milhões na companhia em sua primeira rodada pública de investimento.

A operação trouxe mais de 250 sócios à “vaquinha”, apelido carinhoso da marca. “É uma comunidade bem engajada, que muitas vezes nos ajuda com consultorias”, diz o empreendedor. Além dos parceiros que entraram com o aporte, a startup também tem um projeto interno para transformar colaboradores em sócios. Uma oportunidade de vestir ainda mais a camisa da empresa e, ainda, aumentar a renda com as participações no negócio.

O bem-estar também está no centro das atenções da companhia, que recentemente lançou o programa interno Ser Mais, focado em sustentabilidade, esportes e diversidade. Com o apoio da MOSS, fintech ambiental que opera como uma plataforma de compra e venda de crédito de carbono, a Mais Mu está compensando as pegadas de carbono do escritório e dos colaboradores.

“Analisamos a quantidade de exercícios físicos que os funcionários praticam por mês e revertemos isso em iniciativas como, por exemplo, a plantação de árvores”, explica Otto. Para o próximo ano, a expectativa é ampliar o programa para incluir também clientes, sócios e fornecedores.