
O Mercado Livre anunciou na noite desta quarta-feira (21) uma troca no comando da companhia, que tem ações negociadas na bolsa de Nasdaq, em Nova York. A partir de 1º de janeiro de 2026, o fundador e atual CEO, Marcos Galperin, passará a assumir o papel de Presidente Executivo, enquanto Ariel Szarfsztejn, atual Presidente de Comércio, será o novo CEO global da empresa.
Leia a carta completa enviada por Marcos Galperin aos funcionários:
Olá,
Quero compartilhar com vocês uma notícia que marca o início de uma nova e empolgante etapa para o Mercado Livre. Após 26 anos liderando a companhia como CEO, decidi assumir um novo papel como Presidente Executivo a partir de 1º de janeiro de 2026, quando Ariel Szarfsztejn assumirá o cargo de CEO. Nos próximos meses, trabalharemos juntos nessa transição.
No meu novo papel como Presidente Executivo, continuarei bastante envolvido com o MELI. Meu foco será em estratégia, desenvolvimento de produtos, cultura, decisões de alocação de capital, projetos específicos e na forma como continuaremos aplicando inteligência artificial para transformar nosso negócio e nossa empresa.
Estou absolutamente convencido de que Ariel Szarfsztejn é a pessoa certa para liderar essa nova fase como CEO do MELI. Ari estudou na Universidade de Buenos Aires e fez uma pós-graduação em Stanford. Ele ingressou no MELI em 2017, começou na área de Estratégia e Novos Negócios, depois liderou o desenvolvimento da nossa rede logística por toda a América Latina e, nos últimos três anos, liderou com sucesso o nosso Marketplace. Ele tem a capacidade, a liderança, a confiança da equipe e, fundamentalmente, a cultura necessária para guiar o MELI por muitos anos.
Essa é uma mudança geracional, e sei que Ari, junto com o time talentoso que me acompanhou até aqui, tem tudo o que é necessário para garantir que o MELI continue crescendo com força nas próximas décadas, cumprindo nossa missão de democratizar o comércio eletrônico e os serviços financeiros na região.
Tomei essa decisão após muitos anos de reflexão. Quando completei 30 anos, achava que daria esse passo aos 40. Quando fiz 40, achei que seria aos 45. Quando completei 50, decidi que era melhor não fazer mais previsões!
Mas, há alguns anos, percebi que era hora de decidir, aplicando o mesmo princípio que guiou minhas decisões mais difíceis desde que fundei o MELI em 1999: sempre priorizar o que é melhor para a companhia, além dos meus sentimentos pessoais.
Tenho muito orgulho de ter criado o MELI, de ter escrito seu plano de negócios na universidade, de ter contratado um time formidável — muitos dos quais ainda estão comigo até hoje — e, junto com eles e muitos outros que se juntaram ao longo do caminho, de ter feito essa empresa crescer, atingir a rentabilidade, abrir capital na Nasdaq, conquistar milhões de usuários, lançar novos produtos, nos adaptar às mudanças tecnológicas, construir e desenvolver o maior time de tecnologia da América Latina, a maior rede logística de e-commerce, nos tornarmos a empresa com maior valor de mercado da região e, acima de tudo, realizar nosso sonho: democratizar o comércio e as finanças na América Latina, ajudando centenas de milhões de pessoas a viverem melhor.
Embora eu ainda tenha a mesma energia e paixão do primeiro dia, depois de termos competido de forma favorável com algumas das maiores empresas do mundo, acredito que um dos desafios mais importantes que o MELI enfrenta é garantir uma transição bem-sucedida quando seu CEO fundador deixa esse papel. Já vi empresas de tecnologia enfrentarem dificuldades nesse processo. Por isso, preferi liderá-lo com antecedência, em nossos próprios termos, e fazê-lo com excelência, para que possamos continuar liderando em uma indústria em constante disrupção e mudança, que é hipercompetitiva e que não dá — nem aceita — descanso.
Hoje, o MELI vive um de seus melhores momentos: em escala, crescimento, lucratividade, posicionamento estratégico, solidez financeira, tecnologia e presença de mercado. As oportunidades à frente são praticamente ilimitadas, e temos uma equipe com a capacidade, a cultura e a ambição necessárias para aproveitá-las ao máximo.
Sempre gostei de fazer as coisas de forma um pouco diferente; pensar e agir de forma diferente. E embora tenha sido uma decisão muito difícil, tomei-a porque estou convencido de que essa transição é um passo fundamental para que o MELI continue sendo não apenas a empresa mais dinâmica e inovadora da América Latina, mas também para que se torne uma organização que me transcenda, que transcenda minha geração — e muitas mais. Tenho certeza de que presenciar esse processo de consolidação e crescimento será meu maior motivo de orgulho.
Por isso, acreditem quando digo: o melhor ainda está por vir.
Obrigado a todos que me acompanharam nessa jornada: usuários, investidores, parceiros, colegas, colaboradores, conselheiros, amigos e muitos outros. E, acima de tudo, obrigado à minha família por estar sempre ao meu lado.
Muito obrigado,
Marcos