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Marketplace Taggie pivota, conquista B2B e prepara 1ª rodada

Startup passa a oferecer plataforma SaaS para escalar vendas digitais do varejo físico e mira faturar R$ 13 milhões

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Foto: Canva

Há cerca de 1 ano, a Taggie surgia no mercado como um marketplace B2B2C para que as pessoas experimentassem peças de roupa de diferentes marcas sem compromisso de compra. Mas de lá para cá muita coisa mudou. A companhia pivotou, lançou novas ferramentas e expandiu as operações. Para dar continuidade a esse crescimento, a startup trouxe novos parceiros de negócio e prepara sua 1ª rodada de captação, a ser concluída nos próximos meses.

A mudança no modelo de negócio ocorreu ainda nos primeiros meses de vida, quando os fundadores Mariana De Marchi e Sergio Costa buscaram alternativas para tornar a Taggie uma empresa rentável logo no início de sua trajetória. Com foco total no B2B, hoje a companhia oferece uma plataforma SaaS (software as a service) para escalar vendas digitais do varejo físico, atuando nas verticais de pagamentos, dados/CRM e operação logística.

“Oferecemos um omnichannel totalmente automatizado de ponta a ponta. O vendedor tornou-se nosso usuário digital, e o transformamos em um smart e-commerce com todas as ferramentas para viabilizar sua venda digital de forma muito mais rápida”, afirma Mariana, CEO da companhia, em entrevista ao Startups. Segundo ela, processos internos que antes demoravam de 4 a 6 horas para as lojas passaram a ser feitos em apenas 2 minutos.

Sem abrir números específicos, a startup revela que cresceu 2,5 vezes a receita projetada para 2022. Em menos de um ano de operação, o negócio saiu dos limites de São Paulo e chegou a Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A Taggie nasceu com foco no segmento fashion, mas ampliou a solução para todo o varejo e tem clientes nos setores de beleza, ótica, entre outros.

Com a solução, as marcas atendidas aumentaram a participação das vendas digitais de 3% para mais de 17% nos dois primeiros meses de operação com a Taggie. Alguns vendedores chegaram a vender R$ 52 mil em um mês por meio da ferramenta. O modelo B2B permitiu que a empresa atingisse o break-even (sem lucros, nem prejuízos) em julho de 2022, sete meses após seu lançamento.

Os empreendedores construíram uma trajetória no setor de varejo e inovação. Formada em marketing, Mariana se especializou em comunicação social com experiência em gerenciamento de grandes operações de serviço, mas sempre foi apaixonada por criar produtos relacionados ao varejo e lifestyle. Já Sergio lançou a BRPay, empresa de pagamentos para PMEs no e-commerce, em 2006. A companhia foi comprada pelo UOL no ano seguinte; Sergio fez sua saída e, poucos depois, o negócio foi unido a outras empresas para dar origem ao PagSeguro.

Estratégias de crescimento

A Taggie segue com a proposta “Try Before You Buy It” (Experimente Antes de Comprar). O consumidor escolhe alguns itens para receber em casa e experimenta as peças à vontade. Depois, a companhia retira a caixa (ou malinha) e faz o check-out dos itens. Caso queira, o consumidor pode comprar as peças ou devolvê-las sem pagar um valor adicional. A diferença é que isso não é feito mais como marketplace, e sim por meio das próprias lojas físicas.

Com a mudança para o B2B, o modelo “Try Before You Buy It” deixou de ser a principal fonte de renda da startup. Ele representa cerca de 20% da receita e a projeção é que caia para menos de 10% ainda este ano. Hoje, mais de 70% do faturamento da Taggie vem da solução de vendas via WhatsApp, com produtos que não necessariamente contam com a experimentação antes da compra.

Para otimizar os pagamentos, a Taggie fechou uma parceria com o PagSeguro para oferecer a solução de pagamentos da plataforma. A projeção é transacionar cerca de R$ 80 milhões pelo PagSeguro neste ano. Além disso, a startup reforçou o time de sócios com Mauro Nomura, fundador e CEO do Grupo Nomura, responsável pela gestão de franquias das marcas Arezzo, Schutz e Adidas.

“O que me chamou a atenção na Taggie foi que a ferramenta consegue garantir a experiência do e-commerce do cliente não precisar se deslocar até uma loja física e, ao mesmo tempo, tem uma vantagem que o comércio eletrônico não tem: a possibilidade de receber a peça no conforto de casa e provar sem compromisso de compra”, explica o executivo.

A chegada de Mauro é peça-chave para validar a ferramenta no mercado, tendo o Grupo Nomura como um parceiro de peso para dar mais autoridade à Taggie. Eles começaram com um piloto em São Paulo, integrando 5 lojas do Grupo à plataforma, e estão expandindo para outras lojas e estados. A projeção é que a parceria movimente R$ 22 milhões em vendas até o fim do ano. Além disso, Mauro estará envolvido nas estratégias do negócio, apoiando a chegada de novos parceiros, clientes ou até mesmo de rodadas de investimento.

Para escalar ainda mais o negócio, a Taggie, que por enquanto opera no bootstrapping, está  em busca de sua primeira captação. “Estamos com a rodada em aberto e a expectativa é fechar em cerca de 60 dias. Estamos conversando com fundos muito próximos que nos acompanham desde o início, e agora temos a maturidade para levantar o cheque”, explica Sergio, que é diretor de tecnologia da Taggie. Eles não abrem o valor do aporte, mas afirmam ser “um bom seed” com investidores que têm afinidade com o mercado em que atuam.

Sócios da Taggie
Sócios da Taggie: Sergio Costa, Mariana De Marchi e Mauro Nomura (Foto: Divulgação)

Próximos passos

Com o caixa reforçado, a startup vai expandir as operações 5 novos estados, concluindo a expansão no Sul e Sudeste nos próximos 2 meses e avançando para outras regiões em seguida. A empresa vai aumentar o time e tem 23 vagas em aberto, principalmente em tecnologia, inteligência de dados e operação.

Ainda este ano, a Taggie vai lançar a sua própria fintech, oferecendo soluções financeiras para o vendedor. Mariana e Sergio ainda não abrem muitos detalhes, mas adiantam que um dos produtos será a oferta de crédito. Além disso, a startup está trabalhando com machine learning para trazer inteligência de dados e recomendação de compra para aumentar ainda mais a conversão por meio de assertividade personalizada de cada consumidor.

A companhia espera aumentar o número de clientes e afirma já ter no pipeline cerca de 200 lojas. “Queremos nos tornar o melhor e maior ecossistema do mercado para varejo físico, chegando a potencializar em até 12x vendas digitais através de lojas físicas”, afirma Mariana. A projeção é encerrar 2023 com um faturamento de pelo menos R$ 13 milhões.