Ajudar times de marketing a serem mais estratégicos e não ficarem tão presos às necessidades operacionais do dia-a-dia. Com essa proposta, a Deskfy tem se destacado no mercado com a sua solução, inclusive sendo chamados de “ERP do marketing”, uma referência aos renomados softwares de gestão utilizados em grandes empresas. Aliás, foi com essa abordagem que hoje a startup gaúcha tem clientes como Domino’s, Grupo Trigo, Tramontina, Arezzo e outros.
Para 2024, a expectativa é alcançar R$ 10 milhões de faturamento e a Deskfy se prepara para lançar novos projetos, com iniciativas que visam uma melhor experiência no produto, além de ampliar a aquisição de clientes e expansão da marca, incluindo um reforço de sua presença no mercado Latam, onde já atende uma base pequena de clientes.
“Nos últimos tempos, começamos a acertar mais os passos e ganhamos mais visibilidade com clientes. Conseguimos nos firmar junto às empresas não somente como um fornecedor de soluções, mas como um agente de reeducação nos times de marketing dentro das organizações”, explica Vitor Dellorto, cofundador e CEO da empresa.
Atualmente, o SaaS da Deskfy atende cerca de 400 marcas, com cerca de 20 mil usuários. De acordo com o executivo, muitos deles enfrentam problemas relacionados à inconsistência de marca entre suas estratégias de marketing e suas franquias, pontos de venda, redes de lojas e unidades regionais.
“Nosso software atua como um elo entre essas pontas, unindo esses elementos e impulsionando a transformação dos processos de marketing”, explica.
Inicialmente, o foco da Deskfy era maior em empresas de varejo, mas a empresa está expandindo horizontes, olhando para verticais como saúde, indústria e educação – nessa última, fechou contratos com instituições como Cruzeiro do Sul, McKenzie e Unisinos.
Gerando caixa
Com a estratégia ajustada, a companhia tem anotado um crescimento anual de 40%, ritmo que deve ser mantido em 2024, com a companhia gerando caixa – ou seja, o CEO não vê a necessidade de captar rodada no momento. Segundo ele, o recente inverno do venture capital fez a empresa repensar sobre a ideia de buscar aportes para crescer.
“Ainda tenho uma opinião dividida sobre essa necessidade de fazer rodadas para growth. Temos um contato constante com os fundos, até porque somos uma martech de sucesso. Mas por enquanto, os investimentos que precisamos para crescer, conseguimos fazer com o próprio caixa. Mas não sei, vamos ver”, destaca.
A última rodada da Deskfy foi antes da pandemia – em 2019 ela captou uma rodada seed de R$ 1,3 milhão com a Ace e SaaSHolic. Antes disso, a companhia também tinha recebido aportes de anjo e um da aceleradora Ventiur, conterrânea de São Leopoldo, cidade na região metropolitana de Porto Alegre.
Apesar de não estar interessada em investimentos no momento, Vitor reconhece que lá fora soluções como a da sua empresa estão aquecidas. Na Europa, a Bynder cresceu agressivamente por meio de expansões e está na espera do IPO. “A Adobe também está trazendo soluções de gestão para dentro de sua suíte, mas o custo por aqui é proibitivo”, analisa o CEO.
É justamente esse alto custo das soluções gringas que deixa a porta aberta para a Deskfy no mercado latino-americano. “Apesar de estarmos focados em crescer no Brasil, a gente vê a um fit da solução pro mercado latino-americano, e já começamos essa experiência com clientes no México”, pontua.
Reflexos da enchente
Como toda startup gaúcha, a Deskfy também sofreu os impactos do recente desastre climático causado pelas chuvas no estado. Apesar de ter a maioria de seus colaboradores trabalhando de forma remota, dois funcionários foram atingidos diretamente, e a empresa se posicionou de forma ativa durante a emergência.
“Foi a primeira decisão que tomamos como founders frente à situação, até porque somos de São Leopoldo”, afirma Vitor, mencionando a cidade-natal da startup, onde mais de 70% de área foi atingida, e 180 mil dos 217 mil habitantes foram afetados pelas cheias do Rio do Sinos.
Entretanto, a companhia não parou por aí. Ela criou internamente um programa de voluntariado remunerado, onde colaboradores puderam tirar meio turno de expediente para voluntariar, sem afetar o salário. “25% do pessoal aderiu à ideia e funcionou muito bem até o momento”, explica Vitor.
Além disso, a companhia conceceu mil licenças de seu software para o projeto SOS RS, e cada abrigo tinha acesso ao Deskfy para gerenciar sua comunicação em redes sociais.
Segundo Vitor, comercialmente a calamidade no Rio Grande do Sul não chegou a afetar a companhia, mas alguns ajustes tiveram que ser feitos. “Tínhamos algumas features previstas para lançar no primeiro semestre, mas conversamos com os clientes e vamos entregar nos meses seguintes. No mais, as metas seguem inalteradas”, finaliza.