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Martech ou fintech? Para a BPool, dá pra ser as duas coisas

Subindo sua aposta em serviços financeiros, startup que conecta agências a grandes empresas quer dobrar faturamento em 2024

Both ways
Both ways. Foto: Canva

Em sua missão de cortar burocracias e morosidade na relação entre agências de marketing e grandes empresas, a BPool se firmou nos últimos anos como uma martech, desenvolvendo uma plataforma otimizada para conectar estas duas pontas. Entretanto, o que começou como um marketplace se expandiu, e agora a empresa está pronta para explorar novas avenidas de faturamento – entre elas, a de serviços financeiros.

“Quando sua empresa tem um modelo estruturado e que está funcionando bem dentro dos clientes, se começa a ver outras oportunidades e pensar em produtos complementares”, explica Beto Sirotsky, cofundador e co-CEO da BPool, em papo com o Startups.

Com mais de 70 clientes atendidos (incluindo Unilever, Pepsico, Google, Casas Bahia, L’Oréal e Reckitt), um ecossistema de 1500 agências – isso sem contar cerca de 4 mil talentos freelancers conectados após a aquisição da Ollo em 2022 -, agora o plano da companhia é acelerar o seu “lado fintech”. Isso significa evoluir em serviços como antecipação de pagamentos e o Bpay, ferramenta em que os serviços de publicidade podem ser pagos pelas empresas contratantes dentro da plataforma.

“Esse ano estamos com o olhar muito mais apurado para explorar oportunidades nessa avenida financeira. Tem um potencial muito grande, mas sem esquecer que isso é parte de nosso papel como matchmaker entre agências e grandes empresas”, frisa Beto. “Estamos criando melhores condições para o grande player acessar o produtor de menor porte, como agências menores e boutiques, de forma mais facilitada e com governança – e aí o tema do financeiro também entra”, completa.

A explicação de Beto faz todo o sentido, pois geralmente as grandes empresas têm, por questões internas, prazos mais estendidos para a liberação de pagamentos, e empresas menores lidam com um fluxo de caixa mais curto. “É uma conta que nem sempre fecha, e vimos que uma solução de antecipação fazia grande sentido”, afirma.

Beto Sirotsky co-CEO da BPool (Foto: Eduardo Kanashiro/divulgação)
Beto Sirotsky, co-CEO da BPool (Foto: Eduardo Kanashiro/divulgação)

Aliás, a solução de antecipação de pagamentos da BPool serviu, nas últimas semanas, para ajudar na crise do estado-natal de Beto, um “gaúcho com orgulho”. Com sua camada financeira, a empresa conseguiu adiantar pagamentos para agências parceiras, assim como estimulou a contratação de fornecedores gaúchos para ajudar no difícil momento atual do estado. “Do nosso time, um terço é gaúcho, mas os outros dois terços também estão bastante engajados com a causa de recuperação do Rio Grande do Sul”, destaca.

Apesar de não abrir números, Beto afirma que a solução de antecipação de pagamentos já vem funcionando em testes no último ano e a resposta foi positiva. “Vimos que ela agregou valor para os dois lados – agências e grandes clientes”, pontua.

Além disso, com a internalização de serviços financeiros, a companhia espera reforçar ainda mais seu apelo com clientes internacionais, que podem usar a plataforma da BPool para fazer seus pagamentos. “20 a 25% do nosso faturamento já vem de fora do Brasil”, afirma o co-CEO, que comanda a martech ao lado do outro cofundador, Daniel Prianti.

Grande potencial

Atualmente, a companhia ainda está trabalhando com recursos do próprio caixa para bancar seus serviços financeiros. Apesar de não abrir valores de receita, a empresa anotou no ano passado um GMV de R$ 100 milhões – e para este ano a meta é dobrar este número.

Entretanto, conforme avalia Beto, caso a frente fintech comece a ganhar tração rápido, a martech já está avaliando opções de como “virar a chave” para uma operação mais robusta. “Ainda estamos vendo se buscamos um parceiro do setor financeiro, ou se fechamos nós mesmos um FIDC”, afirma.

Contudo, Beto frisa que este lado fintech da BPool ainda representa um pedaço pequeno da operação da companhia, mas admite que há um grande potencial. “A gente não sabe onde isso (serviços financeiros) pode parar, pois essa parte é uma dor do mercado e tem um grande mercado endereçável. Ainda é uma parte pequena comparada ao core, mas tem o potencial de chegar a 10, 15% (da receita) e daí vemos como isso pode ganhar força a médio e longo prazo”, avalia.

Apesar de estar aberto à possibilidade da sua empresa ser um pouco fintech, Beto prefere deixar bem claro que a BPool sempre será, essencialmente, uma martech, colocando a camada financeira a serviço de sua oferta base, que é o de conectar grandes empresas a players criativos menores.

“O plano é ter esse produto para compor a nossa plataforma, funcionando a serviço do nosso core. A gente só consegue ter esses produtos financeiros, pois já temos a plataforma anterior de matchmaking”, finaliza.