Em junho, já falamos por aqui como a Mercado de Recebíveis estava a todo vapor, levantando uma rodada que elevou o valuation da fintech para R$ 200 milhões. Eis que tem como ficar mais a vapor ainda, já que ela acabou de fazer uma nova captação, atraindo desta vez a Headline, em um deal que jogou o valor de mercado da empresa para R$ 300 milhões.
O valor do aporte não foi divulgado, mas segundo destacou a fintech em nota, os recursos serão utilizados para expandir seus times comerciais e de tecnologia, focando em produtos como o de cartão de crédito, lançado este ano em parceria com a Visa. Outra expectativa da empresa é o de aprimorar sua plataforma, consolidar presença em novas regiões e explorar novos mercados estratégicos, como o de duplicatas.
Em conversa com o Startups, o fundador e CEO da Mercado, Henrique Echenique, destacou que a aproximação com a Headline aconteceu no melhor dos momentos – um em que o aporte financeiro acaba sendo até menos importante do que a parceria com um fundo conhecido como o liderado por Romero Rodrigues.
“Claro que ele chega para acelerar a estratégia que já temos em curso, mas ele é ainda mais importante pelas oportunidades que traz, pela abertura de mercado que a Headline pode nos proporcionar no mercado financeiro. Além disso, isso nos traz uma tranquilidade para nosso roadmap, e não precisamos pensar em funding por um bom tempo”, destaca Henrique.
Além da Headline, a Mercado de Recebíveis tem como investidora a Urca Angels, que liderou uma rodada também de valor não divulgado em junho. A comunidade de investidores-anjo vem acompanhando a empresa desde sua primeira rodada, em 2023.
Acelerando o ritmo
Em conversa com o Startups em junho, Henrique destacou que a meta da Mercado de Recebíveis para 2025 é a de crescer 20 vezes em relação a 2024, atingindo a marca de R$ 2 bilhões em volume processado. Ao falar da nova rodada, Henrique reviu um pouco a meta, destacando que deve fechar o ano na marca do “R$ 1 bilhão alto”.
A Mercado de Recebíveis atingiu o breakeven em maio – meta que estava prevista para o fim deste ano – e, de acordo com o CEO, tem conseguido crescer em velocidade maior que as suas despesas.receber
Com o novo aporte da Headline, o CEO destaca que a expectativa é manter o ritmo acelerado de crescimento para o ano que vem, com uma meta ambiciosa de chegar aos R$ 10 bilhões em TPV, apostando principalmente em duas frentes novas – seu cartão de crédito próprio e uma mudança prevista na regulação das duplicatas escriturais, que deve entrar em vigor no começo do próximo ano.
Resultado de uma mudança na legislação, que permitiu a negócios anteciparem recebíveis de cartão com qualquer instituição de crédito, a Mercado de Recebíveis lançou no começo do ano um cartão próprio em parceria com a Visa, algo que segundo Henrique, tem sido um “divisor de águas” para a companhia.
“Dos clientes da base conectada, mais de 80% já usa o nosso cartão, e acredito que pode chegar a 100%”, diz Henrique, ao comentar sobre a solução que permite a estabelecimentos “embolsarem” seus pagamentos diretamente como saldo de cartão, eliminando taxas e operações adicionais para antecipar recebíveis. “Tem tudo para se estabelecer como um dos carros-chefe da empresa”, completa.
Além disso, para fazer frente à demanda que tem sido criada com o cartão, a Mercado de Recebíveis também está trabalhando na estruturação do seu próprio Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Hoje, a fintech opera por meio de parceiros, como bancos e fundos.
Quanto à parte de duplicatas, Henrique explica que a obrigatoriedade da escrituração destes títulos abrirá um mercado totalmente novo para a companhia, com um potencial endereçável na casa dos R$ 50 trilhões nos próximos anos.
“Com a mudança na regulação, vai se abrir um mercado que antes era majoritariamente atendido por bancos ou FIDC, e nós queremos ser protagonistas nessa transformação, conectados com maior parte das registradoras dessas duplicatas”, explica.
Mais uma rodada
Para a Headline, o investimento na Mercado de Recebíveis, mostra a confiança da gestora na experiência da fintech e de seus executivos – por exemplo, Henrique é um veterano do mercado bancário.
“Sua trajetória, da construção das mudanças regulatórias de recebíveis de cartão de crédito, duplicata escritural e da criação de entidades registradoras, o posiciona como um especialista e referência no setor. Sua visão de mercado e profundo conhecimento técnico foram fundamentais para nosso convencimento e aporte” pontua Gabriel Alves, socio da Headline e responsável pelo aporte.
Este é o sexto investimento da gestora este ano. Em ritmo acelerado de aportes, o fundo liderado por Romero Rodrigues com a XP fez investimentos na Cycles Nutrition, a fintech Blips, a legaltech doc9, a healthtech Neurogram e, mais recentemente, assinou um cheque de R$ 15 milhões para a proptech PipeImob.