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Mercado de TIC brasileiro deve crescer 5% em 2023, segundo a IDC

Setor de TI deve ser puxado por investimentos em software e cloud, enquanto telecom tende a crescer com o avanço da nuvem e do 5G

Foto: Canva
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Na contramão da crise econômica global, as perspectivas para o mercado brasileiro de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) em 2023 são positivas. De acordo com estudo anual da IDC Brasil, a expectativa é de que o mercado como um todo avance 5% neste ano, movimentando um total de US$ 80 bilhões.

Em recortes separados, a consultoria projeta um crescimento de 3% no setor de telecomunicações e de 6,2% em TI, este último impulsionado pelo consumo de tecnologia pelas empresas, que deve aumentar 8,7% puxado por investimentos em software e cloud.

“De modo geral, o cenário de otimismo moderado do segmento de TI em 2023 se deve a ajustes e redirecionamentos de gastos, enquanto Telecom será puxado pela crescente importância da conectividade e avanço da nuvem e do 5G”, afirmou Luciano Ramos, Country Manager da IDC Brasil, em nota.

Confira a seguir as principais tendências do mercado brasileiro de TI e telecom para 2023, segundo a IDC Brasil:

1- Uso de cloud

De acordo com a consultoria, o amadurecimento no uso de cloud fará com que as empresas busquem maior controle sobre uso e gastos da nuvem. A projeção é que os gastos com IaaS (Infrastructure as a Service) e PaaS (Platform as a Service) passem de US$ 4,5 bilhões, um aumento de 41% em relação a 2022. 

Para 93% das companhias consultadas pela IDC, a otimização e redução dos custos de nuvem por meio de automação e pelo avanço do FinOps devem estimular os investimentos em provedores de serviços gerenciados.

Outro ponto de atenção no mercado de cloud é que as pautas relacionadas a ESG ganham cada vez mais espaço, com as empresas passando a demandar mais informações dos provedores sobre o impacto da nuvem sobre suas emissões de carbono.

2- Avanço na virtualização 

A necessidade de habilitar novas funções de TI – como BSS (Business Support Systems) e OSS (Operations Support System), digitalização de atendimento, aspectos data-driven, implementação de redes 5G, e elevação da conectividade nas empresas – provocará uma grande alteração na arquitetura das redes de telecomunicações e mudarão o relacionamento entre companhias do setor e provedores de cloud.

A IDC espera que, em 2023, haja mais acordos relacionados a funções do core das redes e virtualização. Nos próximos 5 anos, o consumo de nuvem pelo segmento de telecom crescerá, em média, 35,2% em IaaS e 42,2% em PaaS anualmente.

3- Wireless first 

Em 2023, teremos o movimento do Wireless first, que dá protagonismo às redes sem fio. A adoção de práticas do tipo impulsionará o uso de serviços gerenciados, reduzindo a pressão nos times internos e habilitando uma rápida adoção de tecnologias.

Essa tendência, segundo a IDC, será puxada pela implementação do Wi-Fi 6 e da conectividade 5G. A consultoria espera que, este ano, o mercado de Wi-Fi 6 tenha um crescimento de 17% em decorrência da implantação de tecnologias emergentes, como IoT e IA. Para 2026, o Wi-Fi 6 deverá representar 65% do mercado de W-Lan brasileiro.

4- Redes privativas móveis e o 5G

Com a chegada do 5G, empresas de diversas verticais passarão a investir mais em redes privativas móveis a fim de atender necessidades específicas de suas operações e resolver desafios de conectividade. 

As novas possibilidades de receitas no setor geradas a partir das redes privativas móveis devem impactar verticais como cloud, segurança, armazenamento, gerenciamento e análise de dados, bem como outros serviços gerenciados necessários para aplicações mais complexas, como IoT e IA. Sendo assim, e impactados pelos crescentes investimentos em TI no Brasil, o mercado de redes móveis privativas deve crescer acima de 35% ao ano até 2026.

5- Aplicações de negócio em SaaS

Com o avanço das aplicações de negócios ofertadas no modelo SaaS, a IDC estima que, em 2023, cerca de 29% das empresas farão investimentos estratégicos relacionados a software como serviço.

“O grande desafio será evitar que diferentes soluções consumidas a partir da nuvem se transformem em silos com potencial para dificultar o compartilhamento e integração de dados e aumentar os custos com conectividade”, avalia Luciano.

Segundo o estudo da IDC, o mercado de software deve crescer 15,1% em 2023, puxado por soluções de segurança, gestão de dados, IA e CX. E metade do que é gasto com software no Brasil será investido no modelo SaaS, com crescimento de 27,6%.

6- Fusão de inteligência e automação 

Para 20,5% das empresas brasileiras de grande porte entrevistadas para o estudo, os processos de automação e RPA serão estratégicos para as iniciativas que envolvem TI em 2023. A inteligência artificial também vai ganhar mais espaço nos seus orçamentos, sendo o terceiro com maior potencial, atrás apenas de cloud e segurança.

Com o amadurecimento da IA, a expectativa da IDC é que o Brasil ultrapasse US$ 1 bilhão de gastos em 2023 com essa tecnologia, um aumento de 33% comparado a 2022. Já os gastos com soluções de automação inteligente devem superar US$ 214 milhões, crescimento de 17% frente ao ano passado.

7- Segurança de TI e dados 

Segurança continua sendo vista como prioridade número 1 da maioria dos executivos de TI no Brasil. A expectativa é que os gastos com soluções de segurança devem atingir US$ 1,3 bilhão em 2023, um crescimento de 13% em relação a 2022.

8- Devices

As fabricantes de desktops, notebooks, tablets, smartphones e outros devices, entrevistadas pela IDC Brasil indicam um sentimento misto, mas, no geral, esperam um primeiro semestre de adaptações ao novo governo e um segundo de certa recuperação e relativo crescimento no consumo das famílias.

A IDC estima que o mercado brasileiro de devices movimente US$ 21,5 bilhões em 2023, ou seja, 1,1% acima de 2022. Isso faz com que sua participação no total de gastos de TI no Brasil seja de 43,7% em 2023, pouco abaixo do patamar de 2022.

Mesmo com o modesto crescimento das receitas, a importância dos devices para o segmento de TI ainda será relevante, com smartphones somando US$ 13 bilhões, computadores US$ 5,8 bilhões, wearables US$ 882 milhões, impressoras US$ 542 milhões e tablets US$ 464 milhões.