Negócios

Mesmo com prejuízo recorde, SoftBank avalia lançar mais um fundo

Conglomerado considera lançar em 2023 um terceiro fundo de investimentos da série Vision Fund

Fachada espelhada do edifício com escrito SoftBank - Startups
Foto: SoftBank

Nos últimos meses, as turbulências do mercado financeiro e do ecossistema de startups colocaram o reino do SoftBank em uma crise acentuada. Em agosto, o megafundo japonês reportou um dos piores resultados de sua história com perdas de US$ 21,6 bilhões em seu primeiro trimestre fiscal.

Durante a apresentação dos resultados, Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank, admitiu que após o mercado aquecido ano passado, agora sentia-se “envergonhado” com seu próprio comportamento. E mais: afirmou que o SoftBank deve fazer uma “redução dramática” em seu quadro em diversas unidades de negócio e será ainda mais conservador em suas escolhas de investimentos.

Ainda assim, o conglomerado avalia lançar um terceiro fundo de investimentos da série Vision Fund, utilizando recursos do caixa próprio. As informações foram noticiadas pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal e confirmadas pela Reuters na quarta-feira (14).

O tamanho do fundo ainda não foi determinado, mas seu lançamento está previsto para o início de 2023, afirmaram pessoas familiarizadas com o assunto que conversaram com a Reuters. “A fonte, que pediu anonimato já que essas discussões são confidenciais, alertou que os planos estão sujeitos a mudanças e [o SoftBank] pode eventualmente decidir não lançar um novo fundo”, escreveu a Reuters.

Em 2017, o Vision Fund I levantou US$ 100 bilhões para investir em startups, sendo US$ 28 bilhões do próprio caixa e o restante de terceiros. O Vision Fund II veio dois anos depois, com US$ 49 bilhões disponíveis pelo SoftBank e sócios do grupo.

Tensão generalizada

Frente ao cenário atual do mercado, os investimentos liderados pelo SoftBank, que comandou a onda de interesse de fundos de venture capital na América Latina, tem despencado na região. Dados divulgados pela Pitchbook mostram que o total deals teve uma queda em investimentos de 71% comparado ao recorde de US$ 7,1 bilhões registrado no terceiro trimestre de 2021, de acordo com a plataforma.

O fundo vem perdendo grandes aliados como Rajeev Misra, que tocava o Vision Fund, depois de ter sofrido diversos desfalques com nomes como Marcelo Claure, que liderava as operações na América Latina e saiu em janeiro em meio a divergências sobre compensação, além de outras lideranças.

Ao mesmo tempo, a vida não anda muito fácil para as investidas do conglomerado japonês. A MadeiraMadeira, que em 2021 levantou US$ 190 milhões com o SoftBank e Dynamo, cortou 3% do seu quadro de funcionários para reduzir os custos. Nos últimos meses, outras startups do portfólio do SoftBank enxugaram as operações, como a Loggi, que ontem cortou cerca de 15% do seu quadro de 3.000 pessoas.

A VTEX dispensou mais de 10% do quadro e a healthtech Alice, que em dezembro fechou uma série C de US$ 127 milhões, desligou 63 funcionários. Loft e QuintoAndar foram outras gigantes afetadas pela onda dos layoffs.