Fundada na França em 2016, a BlaBlaCar tem registrado um crescimento exponencial no mercado brasileiro, impulsionado pela retomada do turismo no pós-pandemia e a oferta de sua plataforma multimodal especializada em viagens compartilhadas. A companhia registrou um crescimento de 200% na receita do 3º trimestre de seu marketplace de passagens rodoviárias, lançado no país há pouco mais de três anos, e projeta que o Brasil desbanque a França e se torne o mercado mais importante para a empresa globalmente a partir de 2024.
“O Brasil continua sendo foco e vai se consolidar como o principal mercado da companhia. Com isso, vem também mais inovação, investimento e um olhar super criterioso para as necessidades do país”, afirma Tatiana Mattos, head da BlaBlaCar no Brasil, em conversa exclusiva com o Startups.
Segundo a executiva, o marketplace foi lançado para atender uma demanda reprimida da companhia. “Havia uma demanda importante para uma série de rotas nacionais, mas sem oferta suficiente do nosso serviço de caronas. Então, percebemos que era possível olhar para o transporte rodoviário regular, garantindo uma oferta com muito mais escala. Ali nasce a multimodalidade da plataforma”, conta.
A ampliação das ofertas em todo o território nacional foi possível graças ao crescimento da base de empresas parceiras conectadas à plataforma. Atualmente, são cerca de 33 mil rotas disponíveis e 214 viações vendendo passagens no marketplace da BlaBlaCar – quatro vezes mais do que o registrado no fechamento do primeiro ano de operação. Delas, 100% já renovaram contrato com a empresa para o próximo ano.
O crescimento do marketplace é motivado pela digitalização do setor rodoviário, que assim como em várias outras indústrias, foi acelerado durante a pandemia. “Hoje, embora a maioria do setor ainda seja offline, com compras de passagem feitas diretamente na rodoviária, o equilíbrio com o digital é um pouco maior”, avalia Tatiana. Ela cita também o impacto positivo da recuperação do setor de viagens e turismo no pós-Covid, além da alta nos preços das passagens aéreas, que faz com que um número maior de passageiros opte pelo transporte rodoviário.
Expansão nacional
Embora o crescimento tenha sido a nível nacional, algumas regiões foram impactadas de forma mais expressiva. Houve um aumento de 271% no volume de vendas na região Norte e de 282% no Nordeste do país. “A gente investe não só na aquisição de inventário, para ampliar a rede de parceiros, como também na geração de demanda. Houve um investimento significativo em marketing, com uma série de campanhas promocionais com foco em algumas regiões do país”, explica a head da BlaBlaCar no Brasil.
Os motivos para investir no Norte e Nordeste? Bom, o primeiro é reforçar a missão da BlaBlaCar de conectar a maior parte de pontos possíveis no território nacional. E isso, naturalmente, envolve a expansão para essas regiões. Mas a estratégia vai um pouco mais além. “Embora a cobertura seja nacional, a companhia tem foco em manter presença nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Muitas vezes, a gente trabalha a expansão por região, e neste ano focamos nesses lugares”, conta Tatiana. Ela ressalta que o Nordeste é uma das regiões mais procuradas por turistas no Brasil e tem tido uma ascensão desde a retomada das viagens.
Por aqui, a empresa disputa espaço com startups como Quero Passagem, wemobi, ClickBus, 4Bus e Buser. “O grande diferencial da BlaBlaCar é a multimodalidade, que nos permite ter a oferta ideal para a ocasião de uso necessária para o usuário. Algumas rotas só têm a cobertura da carona, outras tem uma cobertura de ônibus muito mais vasta, e cada caso faz sentido para uma ocasião de uso do viajante”, pontua Tatiana. “Além disso, nós já tínhamos usuários que utilizavam o serviço da carona – que foi lançado no Brasil cinco anos antes do serviço de ônibus. Ou seja, já tínhamos uma base de usuários que se relacionam com a mobilidade de forma digital, o que foi incrementado com o lançamento do marketplace.”
Em 2024, além do mercado brasileiro desbancar o francês e se tornar o mais importante para a empresa globalmente, a previsão é que as operações sigam crescendo a três dígitos. “Vamos ampliar a demanda e oferta do marketplace de ônibus para trazer mais volume, e trabalhar a aquisição e retenção de usuários, além de investir no B2B com uma parceria ainda mais próxima das operadores de ônibus”, finaliza Tatiana.