Fundada em 2010 pelos irmãos Rodrigo e Bruno Affonso, a Lev vive um momento chave em sua trajetória. “2024 tem sido um ano de muitos aprendizados e planejamento estratégico para impulsionar nosso crescimento no próximo ano”, afirma Rodrigo, em entrevista ao Startups. A marca carioca de bicicletas elétricas planeja aumentar o faturamento em 50% até o fim do ano e triplicar o número de lojas próprias até 2027, colocando em prática projetos e iniciativas que impulsionem a ampliação dos negócios.
Parte fundamental dessa estratégia é a inauguração de uma fábrica própria em Manaus (AM). “Criamos uma planta de 3.200 metros quadrados, que começa a operar em dezembro de 2024. Essa linha de montagem garantirá uma produção estável nos próximos quatro anos, permitindo que entreguemos o número de bicicletas necessário”, afirma Rodrigo. Embora as peças ainda sejam importadas da China, a nova fábrica permitirá que a Lev nacionalize 100% da montagem final de suas bicicletas elétricas.
Segundo o executivo, transferir a fabricação para Manaus permitirá que a Lev aumente significativamente sua produção enquanto reduz custos, especialmente na área tributária. “A carga de impostos sobre o nosso produto é extremamente alta, com um aumento superior a 100%. Sem essa carga tributária, uma bicicleta que hoje custa R$ 10 mil sairia por R$ 5 mil. O projeto de Manaus é muito importante e faz muito sentido dado o tamanho da empresa”, explica Rodrigo.
A startup também está inaugurando um novo centro de distribuição no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional. O espaço será dedicado a áreas essenciais do negócio, como logística, e-commerce, live commerce, estoque e restauração de bicicletas, garantindo uma gestão mais integrada e ágil das operações.
Entrada no B2B
Até setembro de 2024, 100% das vendas da Lev eram realizadas no modelo B2C, ou seja, diretamente para o consumidor final, por meio de suas 40 lojas próprias distribuídas em cinco estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No entanto, a empresa agora se prepara para ingressar oficialmente no mercado B2B.
“Criamos um time dedicado exclusivamente às vendas B2B, com foco em cidades e regiões onde ainda não temos lojas, mas onde faz sentido comercializar nosso produto”, diz Rodrigo. A estratégia é vender as bikes para outras bicicletarias, para que elas revendam os produtos da Lev.
Ele revela que o novo modelo de distribuição já conta com quase 150 bicicletarias cadastradas. “Acreditamos que a operação B2B fará uma diferença significativa nos negócios, aumentando nosso volume e capilaridade. A previsão é que esse modelo nos ajude a dobrar o número de vendas atuais e, em breve, o B2B represente 70% de nossas entregas”, afirma.
O modelo de franquias não está nos planos da Lev, pelo menos por enquanto. “Talvez comecemos a estudar essa possibilidade em 2026, avaliando se realmente vale a pena. No momento, nosso foco é expandir com as lojas próprias e dar esse primeiro passo no B2B para entender melhor o mercado”, pontua Rodrigo.
Modelos complementares
No modelo B2C, a Lev estuda a possibilidade de abrir lojas próprias em estados como Paraná e Minas Gerais, consolidando sua atuação no Sul e Sudeste. Além disso, com a implementação da nova fábrica em Manaus, a empresa pretende expandir sua presença nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com Bruno, que teve a ideia de criar a Lev a partir de uma viagem à China em 2007, essa nova estrutura permitirá uma logística mais eficiente, facilitando o escoamento de produtos para essas regiões.
O modelo B2B permitirá à empresa identificar as regiões com maior demanda por bicicletas elétricas, orientando a abertura de novas lojas próprias em locais estratégicos. Rodrigo destaca que, na prática, o modelo B2B funcionará como um estudo de mercado que não apenas fornece insights valiosos, mas também gera faturamento, ao invés de representar um custo desnecessário. “A Lev tem como característica sempre fechar o ano no azul, desde a sua fundação”, ressalta Bruno.
Atualmente, o principal mercado da Lev continua sendo sua terra natal, com 23 das 40 lojas próprias localizadas no Rio de Janeiro e Niterói. A startup tem direcionado esforços para expandir em São Paulo, que já representa 18% das vendas da Lev no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a companhia conta com nove lojas e planeja abrir mais duas até o final do ano.
“Hoje, o Rio vive intensamente a cultura da mobilidade elétrica, muito em razão da Lev, com mais de 30 mil clientes utilizando nossas bicicletas diariamente, em vez de carros e transportes públicos. Estamos conseguindo replicar esse modelo em São Paulo, onde temos observado um movimento muito positivo”, afirma Bruno.
A startup, que até recentemente contava com 32 lojas próprias nos cinco estados onde atua, já aumentou esse número para 40 e deve chegar a 42 unidades até o fim de 2024. O plano é alcançar 94 lojas próprias em 2027, quase triplicando sua base em cerca de três anos.
Embora não seja uma iniciativa imediata, a Lev pode estruturar sua primeira captação no fim de 2025. Segundo os sócios, a startup já está em conversas e desenvolvendo relacionamento com fundos de investimento.