Daniil Sergunin, cofundador e CEO da Rhino | Foto: divulgação
Daniil Sergunin, cofundador e CEO da Rhino | Foto: divulgação

Um aplicativo de carros blindados pode não ser uma oferta de apelo geral para o público, mas, segundo a Rhino, dá para crescer de forma acelerada, sim. Menos de um ano depois de uma rodada seed de R$ 18 milhões, a startup de mobilidade acaba de fechar uma nova rodada, no valor de R$ 15 milhões.

O aporte foi liderado pela TMT Investments, fundo britânico que já investiu em empresas como o app de delivery Bolt e o CRM Pipedrive, e pela gestora AngelsDeck, de Dubai, que já tinha entrado em uma rodada anterior. Também entraram na rodada outros investidores anteriores da companhia — o que, segundo o CEO e cofundador Daniil Sergunin, mostra a confiança dos VCs na proposta da Rhino.

Com a nova rodada, a startup já soma cerca de R$ 40 milhões em investimentos, com menos de dois anos de operação – além da seed de R$ 18 milhões em novembro passado e a bridge de R$ 1 milhão fechada em maio, a Rhino levantou outros R$ 10 milhões em media for equity em fevereiro deste ano.

“A rodada de US$ 1 milhão que levantamos seis meses atrás, a gente nem estava buscando no mercado. No entanto, tudo isso que acontece mostra como os fundos observam nossa proposta, nosso crescimento e como estamos entregando o que prometemos”, afirma o empresário.

Mesmo admitindo que crescer exponencialmente com pouco tempo de mercado é menos difícil do que parece, ele se orgulha dos números alcançados pela Rhino em um segmento de nicho como o que ela atende.

Nos últimos 12 meses, a startup triplicou o tamanho da frota de SUVs blindados. Já a base ativa de clientes cresceu 340% no período, chegando a cerca de 300 mil usuários cadastrados no app – em novembro passado, eram 150 mil.

Na parte de receita, a empresa registrou um salto de 700% nos últimos 12 meses e, segundo Daniil, que não abriu números, o fluxo de caixa gerado deve em breve ser suficiente para financiar a operação — ou seja, investir em frota e condutores — sem precisar recorrer ao capital das rodadas. “Dessa nova rodada, a parte destinada a investimentos operacionais será bem menor”, explica.

Use of proceeds

Então, com os R$ 15 milhões a mais em caixa, qual é o novo plano da Rhino? Segundo Daniil, os investimentos serão direcionados para áreas com impacto direto no crescimento da empresa, com esforços em marketing para ampliar a base de clientes e na melhoria da plataforma, tornando mais eficiente a cobertura do serviço em São Paulo.

“Hoje nosso foco é 100% em São Paulo, e a curto prazo não temos planos de ir para outras cidades. Vamos fazer isso no futuro, pois sabemos que a demanda existe, mas ainda há muito espaço para crescer e melhorar o serviço em São Paulo”, pondera o CEO.

Entre as melhorias tecnológicas, Daniil destaca o instant dispatch, recurso que conecta passageiro e motorista de forma quase imediata, reduzindo significativamente o tempo de espera em comparação a serviços de faixa de preço semelhante, como o Uber Black.

Na verdade, a Rhino tem preços um pouco mais altos do que a categoria premium da Uber, mas, segundo o CEO, o serviço vem conquistando o público-alvo por oferecer, além da blindagem, vantagens diferenciadas.

“Hoje temos clientes que utilizam nossos veículos para todas as suas corridas no dia a dia”, afirma.

Para sustentar sua tese de crescimento, a Rhino cita dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), que apontam um crescimento de 11,5% na blindagem automotiva no primeiro semestre de 2025. Questionado sobre o quanto isso representa de mercado endereçável para a empresa, Daniil não entrou em números, mas reforçou que a demanda existe.

“Nosso crescimento reflete a crescente demanda por soluções de mobilidade seguras e confortáveis, tanto entre indivíduos quanto entre empresas. O Brasil é hoje o país que mais avança em blindagem de veículos e, por meio da Rhino, estamos tornando acessível um recurso que antes era restrito a poucos”, afirma o executivo.

Aposta no B2B

Em julho passado, divulgamos em primeira mão aqui no Startups uma nova iniciativa da empresa: a entrada no mercado B2B, com o Rhino for Business. Apesar do pouco tempo, a nova modalidade já atraiu marcas de renome — são cerca de 30 clientes corporativos, entre eles Mitsubishi, RedeTV, Payface, Pepsico, Flytour e Revo.

Segundo Daniil, por conta do pouco tempo de operação, essa frente ainda representa uma fatia pequena do faturamento.

“Mais de 90% da nossa receita ainda vem do B2C, mas até o fim do ano que vem esperamos que o Rhino for Business represente de 20% a 25% do faturamento”, avalia.

Com a nova rodada, a empresa quer dobrar a aposta no B2B, investindo em talentos para prospecção e aquisição de clientes corporativos, com a meta de, no médio prazo, fazer com que essa divisão responda por metade do negócio da Rhino.

“Acreditamos muito no potencial do B2B, mas é um crescimento diferente do B2C. Não é apenas baixar e sair usando o app — são contratos que levam tempo para fechar”, finaliza.