A capixaba ISH Tecnologia, que atua na área de cibersegurança, entrou com pedido de IPO na B3 na sexta-feira. Se a oferta vingar, será a 1ª empresa focada em segurança digital listada na bolsa brasileira.
O Startups apurou que a companhia pretende levantar cerca de R$ 700 milhões na operação, sendo dois terços disso sendo revertidos para o caixa da companhia (oferta primária) e o restante indo para os acionistas vendedores. A maior participação no negócio é de Rodrigo Volk Etienne Dessaune, CEO, com 52,26%. Armsthon Hamer dos Reis Zanelato, presidente do conselho, tem 26,25% e João Paulo Barros da Silva Pinto, presidente do comitê de gestão e assessoria e Allan Marcelo de Campos Costa, VP, 11,61% e 10%, respectivamente.
No prospecto a ISH diz que pretende usar a maior parte dos recursos da captação (40%) em crescimento orgânico – “com ênfase em marketing, vendas infraestrutura e recursos humanos, além de capital de giro”, pesquisa e desenvolvimento (35%) e crescimento inorgânico (os 25% restantes). Segundo a companhia, já foram mapeados 600 possíveis alvos.
A oferta tem como coordenador líder a XP Investimentos e conta com a participação do UBS BB e do BTG Pactual.
ISH quem?
No mercado há 25 anos, a ISH teve receita líquida de R$ 223 milhões em 2020, um crescimento de 40% na comparação com 2019. Deste total, 85% são recorrentes. O churn anual está na casa de 2%.
“Em 30 de junho de 2021, aproximadamente 70% dos bookings (que são a soma do valor total dos contratos fechados com clientes finais em um determinado período) são relativos à soluções de cibersegurança, decorrentes de contratos do ISH Vision, plataforma responsável pelos produtos (próprios e de terceiros) e serviços de cibersegurança. O percentual restante, de aproximadamente 30% dos bookings, são de soluções complementares de infraestrutura de tecnologia da informação e armazenamento e processamento de dados em nuvem de forma segura através da plataforma ISH Secure Cloud”, escreveu a companhia no prospecto.
O time de mais de 490 colaboradores atende 500 empresas. Na lista estão nomes como Bradesco, Itaú, Porto Seguro, EDP, Raízen, Dafiti, Leroy Merlin, Marisa, Via Varejo, Creditas, entre outros.
Ela tem um data center próprio em sua sede, na cidade de Vitória (ES) e 9 escritórios operacionais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curi tiba, Goiânia, Recife e Fort Lauderdale, na Flórida (EUA).
Boa hora?
O pedido de IPO chega em um momento em que a segurança digital ganha (ainda mais) relevância. Com efeito colateral da aceleração na digitalização trazida pela pandemia, o volume de ataques cibernéticos está explodindo. Apenas no 1º trimestre deste ano foram 3,2 bilhões de tentativas, segundo a empresa de segurança Fortinet. O segmento campeão de ataques é o varejo.
Na sexta-feira, inclusive, a Renner ficou fora do ar depois de ser vítima de um ataque de ransonware. Foram 48 horas com o site sem funcionar e com instabilidades. Não está claro ainda se para voltar a operar a companhia conseguiu recuperar seus sistemas ou se pagou o resgate. No Twitter e em grupos no WhatsApp circulou nos últimos dias que os criminosos teriam pedido US$ 1 bilhão.
Mas esse número é irreal. Para efeito de comparação, a JBS pagou US$ 11 milhões aos criminosos do REvil, que sequestraram seus dados em junho. O mais provável é que o resgate pedido no caso da Renner tenha ficado na casa de US$ 1 milhão.
Mas se do lado do seu produto a ISH tem uma demanda garantida, do lado das ações, não há tanta certeza ainda. Isso porque o IPO chega em um momento de desconfiança do mercado por conta dos rumos da política e da economia.
A ver se os coordenadores vão conseguir contar a história e convencer os investidores de que o negócio é mesmo seguro.