Criada com uma estratégia de consolidação do mercado de software, a Nuvini já incorporou 6 empresas e agora conta com um reforço importante para cumprir sua meta de dobrar de tamanho em dois anos. Walter Leandro Marques acaba de assumir como vice-presidente de M&A da companhia.
Essa é a 1ª vez que um executivo assume a função, que antes era liderada pelo fundador da Nuvini, Pierre Schurmann, e também é a 1ª vez que um nome de uma adquirida assume um posto na holding. E não é para menos. Se houvesse um panteão de entendedores de fusões e aquisições no mercado de tecnologia brasileiro, Walter certamente estaria nele.
Empreendendo desde os 17 anos, ele já participou de 3 operações. A 1ª foi a venda da Pagamento Digital, hoje PayU, para o Buscapé. Em 2014, vendeu a Tray, plataforma de comércio eletrônico que fundou com o irmão William 10 anos antes, para a Locaweb. Depois, ficou 3 anos liderando novos negócios e aquisições da companhia. Em 2017, ele investiu na Onclick, que 2 anos depois, foi vendida para a Nuvini.
“O cenário é de muita oportunidade, que bom que está assim. Se não fosse, talvez eu nem tivesse aceitado. Com os valuations descontados, o trabalho será bem melhor”, diz Walter em conversa com o Startups. Segundo ele, a missão é trabalhar como um alocador de capital, buscando oportunidades que tragam melhor retorno para os investimentos ao longo do tempo dentro do conceito de value investing.
Isso significa buscar negócios que geram lucro e caixa, fugindo daqueles que estão em ritmo de crescimento acelerado, comprando mercado com investimento em marketing ou em aquisições. “O foco é procurar as empresas que estão fora do radar de outras companhias. A gente trablaha para achar melhores margens. Se entra em mar vermelho, ou muito competitivo, somos nivelados para baixo” diz. Se bem que, no atual momento de maior racionalidade, o perfil que a Nuvini busca é que deve se tornar o mais buscado. Em 2023, o objetivo é incorporar pelo menos mais 3 negócios ao grupo.
Constelação
A tese da Nuvini emula a da canadense Constellation Software, que já comprou mais de 500 empresas, incluindo algumas dezenas no Brasil. A ideia é juntar todos os negócios debaixo de um mesmo guarda-chuva, aproveitando ganhos de escala do compartilhamento de operações administrativas, mas deixando cada empresa atuar de forma isolada e independente em seu nicho.
Aliás, o atendimento a nichos é parte importante da estratégia. Quanto mais especializada uma empresa for, mais interessante ela fica. “Quanto mais nichada, ela resolve dores que outros não vão olhar”, explica Walter. Além disso, ao ganhar mais musculatura, a escolhida se torna mais suscetível a ser o nome que vai sobreviver naquele mercado. E as oportunidades podem vir em qualquer área. A Nuvini é agnóstica em termos de segmento de atuação.
Em termos de valores a serem investidos, a Nuvini não tem um tamanho de cheque definido. O montante depende da oportunidade. O olhar está bastante direcionado a negócios com mais de cinco anos de operação e com receita entre R$ 10 e R$ 50 milhões.
Segundo Walter, o Brasil tem de 20 mil a 25 mil empresas de SaaS em atividade, e a Nuvini tem 1,5 mil em seu pipeline. Uma das primeiras missões de Walter à frente da área de M&A será estruturar uma base de dados robusta para embasar a análise de novas oportunidades. “O objetivo é ter o maior mapeamento de empresas B2B SaaS do Brasil” afirma. Atualmente a equipe dele conta com 4 pessoas.