Artigo

O crédito está caro: como as PMEs podem evitar a armadilha do endividamento

Conteúdo Especial

Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da Conta Simples
Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da Conta Simples | Foto: Divulgação

*Por Rodrigo Tognini, CEO e co-fundador da Conta Simples

Com a recente alta da Selic para 14,25%, as pequenas e médias empresas (PMEs) se veem diante de um desafio que parece um clichê repetido ano após ano: o crédito ficou mais caro. Isso significa que o custo para financiar operações diárias disparou, que a inadimplência tende a aumentar e que a eficiência financeira deixou de ser um diferencial para se tornar uma questão de sobrevivência.

Hoje, mais de 7 milhões de empresas estão inadimplentes, segundo dados do Serasa. O cenário piora quando olhamos para os pedidos de recuperação judicial: 92% deles vêm de PMEs. E, se a taxa de juros continuar subindo, como muitos analistas preveem, esse número pode crescer ainda mais. É um alerta vermelho para gestores que ainda não ajustaram suas estratégias financeiras. O acesso ao crédito está mais restrito, os bancos estão mais criteriosos e a conta simplesmente não fecha para quem depende de capital de giro sem uma boa gestão financeira.

A busca por crédito entre as empresas registrou um salto significativo de 11,3% em janeiro de 2025, se comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme apontam os dados do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian. Esse aumento contrasta com a tímida elevação de 1,5% vista em janeiro de 2024, sinalizando que, diante do cenário atual de juros elevados e pressão inflacionária, muitas empresas estão recorrendo a financiamentos não para expandir suas operações, mas sim para manter a liquidez ou renegociar compromissos financeiros.

O estudo Panorama da Gestão de Despesas Corporativas no Brasil da Conta Simples revelou que 62% das PMEs têm dificuldades em monitorar seus gastos em tempo real, o que compromete a previsibilidade financeira e aumenta a dependência de crédito emergencial. Além disso, 45% dos gestores afirmam que a falta de controle sobre despesas variáveis impacta diretamente a margem de lucro. Esses números reforçam a necessidade de uma gestão mais estratégica para evitar armadilhas financeiras.

O caminho? Eficiência financeira. E isso passa por um controle rigoroso do fluxo de caixa, renegociação de prazos com fornecedores e diversificação das fontes de financiamento. O tempo de “pegar um empréstimo e depois ver como paga” acabou.

A tecnologia como aliada (e não como custo)

Muitas empresas ainda veem a tecnologia como um investimento caro, quando, na verdade, ela pode ser a principal ferramenta para reduzir custos e ganhar eficiência. Soluções de gestão financeira, automação de pagamentos e análise de dados permitem cortar desperdícios, evitar gastos desnecessários e melhorar a previsibilidade do negócio. Quem aposta na digitalização sai na frente, pois consegue acompanhar cada centavo que entra e sai, tomar decisões baseadas em dados e reduzir a dependência de crédito emergencial.

O mesmo estudo mostrou que empresas que adotam ferramentas de gestão de despesas conseguem reduzir até 25% dos custos operacionais, liberando recursos para investimentos estratégicos. Na Conta Simples, vemos de perto como essa mudança de mentalidade impacta positivamente nossos clientes. Empresas que adotam soluções de controle de gastos de forma estratégica melhoram a saúde financeira, o que as torna menos vulneráveis a crises externas, como a alta dos juros.

Resiliência financeira é o novo crescimento

O Banco Central está focado em conter a inflação, mas para as PMEs o foco precisa ser outro: garantir que o negócio continue de pé. Isso significa tomar crédito apenas quando necessário e viável, otimizar despesas e, acima de tudo, manter um planejamento financeiro sólido. Empresas que conseguem equilibrar crescimento com sustentabilidade financeira sairão mais fortes desse ciclo econômico desafiador.

A crise pode ser uma ameaça ou uma oportunidade. A diferença entre uma coisa e outra está na forma como cada empresa escolhe lidar com ela.