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O que fazer depois de validar o MVP de sua startup?

O produto validado no mercado é só mais uma etapa da experimentação que deve continuar a ser feita para sustentar a operação e ganhar escala

Vários post-it preenchidos em um painel e uma mão colocando mais um - Startups

Validar o produto mínimo viável (MVP) é um importante passo para uma startup dar continuidade à sua jornada em escalar o negócio e alcançar o sucesso. É o momento de colher feedbacks de usuários reais e descobrir se a sua proposta realmente faz sentido para os clientes. E ainda, aplicar melhorias em uma segunda versão do seu produto.

Mas engana-se quem pensa que depois de lançar o MVP já pode relaxar e esperar o dinheiro cair na conta. É ilusão pensar: “já tenho um produto, então pronto”. Como reforça Pedro Waengertner, cofundador da ACE Startups, o produto validado é só mais uma etapa da experimentação, que deve continuar. 

“Muitas vezes o empreendedor coloca o MVP como um marco, como seu salva-vidas, e para de testar o seu produto e suas hipóteses. Mas existe uma série de experimentações até garantir a venda ao cliente, sua retenção na base, e sustentar a recorrência dessa venda”, diz ele ao Startups

Foto de Pedro Waengertner, cofundador da ACE Startup - Startups
Pedro Waengertner, cofundador da ACE Startup

Segundo Pedro, participar de um programa de aceleração não é um requisito, mas ajuda os empreendedores a conhecerem outros caminhos para dar o próximo passo. A ACE já acelerou mais de 400 startups presencialmente, mais de 4 mil virtualmente, e conquistou mais de 20 exits. Dentre eles, a venda da Love Mondays para o Glassdoor, e da Melhor Envio à Locaweb

Escadinha pós-MVP

Com o produto validado no mercado, clientes pagantes, a startup entra no estágio de operação. Ela inicia a comercialização do seu produto ou serviço e coloca em prática suas estratégias de marketing e vendas. Nesse momento, é preciso ter áreas estabelecidas para garantir uma satisfatória experiência do cliente. Também é a hora certa de buscar um investidor externo (anjo, pré-seed ou seed).

Nas palavras de Marcello Gonçalves, sócio-gestor da Domo Invest, gestora de fundos de venture capital, é a fase em que o avião já está voando e você precisa trocar as peças para torná-lo mais robusto em pleno voo. “O pós-MVP é o momento de construção da empresa baseada em uma escadinha focada em vendas, time e tecnologia”, afirma. 

“É o momento de contratar gente, pensar em como vender o produto e garantir que o MVP que funcionou para cinco clientes, também vai funcionar para 500 ou 5 mil”, exemplifica. Fundada em 2016, a Domo Invest já aportou em cerca de 80 startups e conquistou cinco exits. A gestora atua em três frentes: com o fundo Domo Enterprise, focado em B2B, o Domo Ventures, para negócios B2C, e no coinvestimento de fundo anjo financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Foto de Marcello Gonçalves, sócio gestor da Domo Invest - Startups
Marcello Gonçalves, sócio gestor da Domo Invest

Validação dos clientes

A Bud, plataforma de gestão OKR (Objetivos e Resultados-Chave) para empresas, é um exemplo de startup que fez a lição de casa na estratégia pós-MVP. A primeira versão da plataforma foi feita em 2 semanas e usada em um ambiente de testes. Em cerca de 4 meses de startup, foi validada a primeira versão vendável.

Com o software da empresa, o gestor consegue ver como cada time (marketing, comercial, financeiro, RH, etc) está avançando em relação à estratégia do negócio, quais são os objetivos dos departamentos e quem é responsável pelos resultados.

“O grande ponto depois do MVP é como colocar o produto no mercado o quanto antes para o cliente testá-lo em seu cotidiano, e assim, ter uma medida real se você está resolvendo de fato o problema dele”, afirma Wagner Foschini, cofundador da Bud. Segundo ele, o time foi essencial para que o pós-MVP vingasse. 

Como Wagner ressalta, o começo de uma startup é desafiador, mas no caso dele e de Mauricio Bueno, cofundador e presidente da Bud, o fato de já terem tido uma empresa antes da startup facilitou. A ideia surgiu dentro da weme, consultoria de design e inovação nascida em Campinas (SP), onde ambos atuam hoje apenas como conselheiros. 

Foto de Wagner Foschini e Mauricio Bueno, cofundadores da Bud - Startups
Wagner Foschini e Mauricio Bueno, cofundadores da Bud

“Entendemos nossa real entrega de valor no meio do caminho. Nossa hipótese foi que se aumentássemos a participação das pessoas nas decisões da estratégia e simplificássemos a visualização de prioridades, isso geraria valor, aumentaria a motivação”, acrescenta Mauricio.

A startup, que começou a operar oficialmente em janeiro de 2021, já atende 3 mil usuários de 20 empresas nacionais e tem crescido sua receita recorrente mensal em 20%. Depois de 1 ano de operação, a Bud levantou R$ 1 milhão em um pré-seed liderado pela Bossanova Investimentos

De acordo com os empreendedores, depois do pré-seed, foram feitas melhorias no produto e na operação, além de uma bela encorpada no time de engenharia de produto. Outro movimento foi a estruturação dos times de marketing e vendas. A expectativa é multiplicar a base por 10, chegando a 30 mil usuários no fim de 2022, com clientes na Alemanha, Reino Unido e Portugal.