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Obra Show quer digitalizar pequeno varejo de construção com seu marketplace

Tools store, hardware construction shop interior with salesman stand on counter desk showing thumb up and showcases with diy instruments on shelves for carpentry works Cartoon vector illustration
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Ao colocar no ar o marketplace de produtos para construção Obra Show, no fim de 2019, Paulo Souza já tinha em mente que o setor de construção civil era um dos mais lentos na adoção de tecnologia e inovação. O que ele – e ninguém no planeta – imaginava era que uma pandemia chegaria pouco depois e faria esse processo se acelerar. “Ela ajudou na virada de chave do varejista que ainda olhava para o on-line com resistência. Ele foi convencido a entrar”, conta ele.

O marketplace atende lojas de pequeno porte, normalmente de bairro, que fazem a chamada “venda formiguinha”- aquela que acontece item a item para abastecer pequenas obras e reparos. A estimativa é que sejam 140 mil lojas de material de construção espalhadas por todo o Brasil. Atualmente, são 200 lojistas espalhados por 13 cidades de 4 estados, com 50 mil produtos cadastrados. “É pouco ainda. Uma Leroy Merlin tem 60 mil, 70 mil”, diz Paulo. Nos últimos 3 meses, o volume total de vendas (GMV) acumula um crescimento da ordem de 81%. A equipe conta com 20 pessoas.

Paulo Souza (no centro, de paletó azul) e parte da equipe da Obra Show

A criação da plataforma contou, até aqui, com um investimento anjo de R$ 1 milhão feito por investidores da cidade de Maringá (PR), onde a companhia nasceu. O projeto surgiu dentro de uma outra empresa tocada por Paulo, a Dynaset Software, que desenvolve sistemas de gestão. A ideia da iniciativa era focar a atuação da companhia em um segmento, aproveitando sua experiência de uma década de operação. “Meu pai e tio são pedreiros, já fui ajudante do meu pai, porém a escolha pela construção civil não aconteceu por isso. O segmento representa 4% do PIB e é o segundo que menos inova tecnologicamente”, conta.

Segundo Paulo, a proposta é gerar valor a todo o ecossistema do setor: fabricantes, lojistas, profissionais e consumidores. Para ilustrar melhor, os lojistas podem vender seus produtos com agilidade e realizar a própria entrega, já que a plataforma é regionalizada, enquanto profissionais (como pedreiros e eletricistas) não pagam nada para entrar no site e ofertar seus serviços. De quebra, ainda recebem cashback pelas compras feitas com o código dele. “O profissional vira um promotor da empresa”, diz. Segundo Paulo, cimento, torneira e mangueira são os itens mais buscados. Curiosamente, itens de grande porte, como o metro cúbico de areia e de pedra também vendem bastante.

Apesar de toda facilidade oferecida e das mudanças dos últimos meses, a Obra Show ainda enfrenta o desafio de engajar o lojista. “Entramos em um mercado extremamente tradicional. Muitos lojistas não acompanham as mudanças tecnológicas. A maioria dos nossos clientes, pequenos lojistas de bairro, não tinha um e-commerce, nem mesmo um site institucional”, afirma Paulo.

Uma das iniciativas mais recentes para ajudar nesse processo foi a criação do app Obra Show Lojista. Com ele, o lojista escaneia o código de barras de seus produtos e o sistema da Obra Show faz a identificação em sua base de itens, facilitando a construção do inventário on-line. “O cara às vezes tem 30 mil produtos na loja. A variedade é muito grande. Subir tudo isso é um gargalo”, diz.

Agora a construtech se prepara para uma rodada pré-seed para dar sequência à sua expansão. “Queremos entrar no jogo do venture capital porque a operação é complexa, custa caro. Mas o segmento é grande e promissor. Estamos otimistas”, diz.  Além do Paraná, a Obra Show também está presente no interior dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A expansão está sendo feita por meio de um programa de franquias feito com empresários locais. Atualmente são 4 licenciados e um 5º que vai entrar em operação. O modelo de negócios prevê o pagamento de uma licença e a divisão de receitas meio a meio. Segundo Paulo, o cadastro de interessados não está aberto. A ideia é usar a base atual para arredondar o modelo. Uma coisa já está certa: a entrada em capitais não se dará por meio de franquias. “Tem que ser por investimento direto. O risco de uma operação dessas não compensa”, diz.