Enquanto o Marco Legal da IA ainda avança no Congresso brasileiro, a startup Palqee já lançou no mercado um produto projetado para monitoramento de riscos de sistemas de inteligência artificial em grandes empresas. Com escritórios em Londres e São Paulo, a empresa é focada em governança, e conseguiu atingir este ano o tão sonhado breakeven.
Fundada em 2019 pelo brasileiro Andre Quintanilha, o franco-americano Hartley Jean-Aimee e a alemã Sabrina Palme, a Palqee também planeja abrir um escritório em Nova York no primeiro trimestre do ano que vem.
“As organizações estão cada vez mais preocupadas com o comportamento desses sistemas de IA. E, nos Estados Unidos, apesar de não haver uma regulamentação, a demanda está até maior que no Brasil e na Europa por conta da consciência que as organizações têm. Há uma maturidade maior no uso de IA no país. O principal foco das empresas é garantir que não haja problemas”, explica Andre, em entrevista exclusiva ao Startups.
Os três fundadores se conheceram em um mestrado de negócios na China e iniciaram a operação em Londres, já que a Europa costuma liderar as regulamentações, como ocorreu com a proteção de dados e a inteligência artificial.
Em 2021, a startup expandiu suas operações para o Brasil após receber um aporte de R$ 3 milhões liderado pelo fundo britânico Fuel Ventures, com a participação do grupo de investidores-anjo brasileiro GV Angels e do português COREAngels.
O primeiro produto lançado pela Palqee foi voltado para a governança das empresas no que diz respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Como os nossos clientes são de governança e estão preocupados com IA, criamos o segundo produto, de monitoramento de sistemas de IA em tempo real”, afirma Andre.
Lançado no Web Summit Rio, em abril deste ano, o Prisma ajuda a monitorar vieses como racismo geográfico, demográfico etc, oferecendo alertas em tempo real. Também consegue prever inconsistências e resolver possíveis problemas antes que impactem o sistema.
Entre os clientes da Palqee que usam essa ferramenta está a KPMG Brasil. Em três meses de monitoramento, o Prisma identificou pontos críticos, como uma taxa de 13,89% de alucinação nos outputs da IA, além de uma influência de 6% do tom de entrada e 5% da clareza de entrada nos resultados da IA. Esses dados permitiram que a KPMG formulasse estratégias de mitigação e ajustasse seus processos de governança para reduzir riscos críticos, aumentando a precisão nas interações e confiança nos resultados.
Até o final de 2025, a Palqee espera alcançar a marca de 100 empresas utilizando a solução no Brasil. Com um modelo de assinatura baseado em volume de interações, a empresa prevê arrecadar R$ 120 milhões nos próximos cinco anos com o novo produto.
“Prevemos uma expansão acelerada impulsionada por esse novo produto. Atingimos o breakeven antes disso, no segundo trimestre ano ano, mas com certeza ele vai acelerar o crescimento da empresa. São contratos de maior valor e com necessidade imediata. Queremos ser líderes em monitoramento de risco de sistemas de IA”, diz Andre.
Com as contas da empresa equilibradas, a Palqee não planeja novas rodadas de captação no momento – apesar de manter o canal de comunicação aberto com os investidores. O foco agora é continuar crescendo por conta própria e ganhar mais espaço no mercado para, quem sabe, se planejar para um IPO lá na frente.