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Para Brian Requarth, da Latitud, 2023 será o ano das vintages

Para as startups que souberem cultivar seu negócio no cenário complicado que vem aí, a colheita será valiosa

Latitud vintage
Latitud vintage. Crédito: Canva

Enquanto muitos estão com os dois pés (bem) atrás em relação às expectativas para o novo ano, Brian Requarth, cofundador da Latitud, é do tipo do copo meio cheio. Segundo o executivo, 2023 pode ser o ano para alguns ótimos resultados, especialmente para quem souber navegar em águas turbulentas.

Em sua visão, o que estamos vendo em 2022 e provavelmente veremos em 2023 não é muito diferente de outros momentos que o mercado já viveu. Depois de uma década de mercado em alta, estamos em território árido, com demissões e fechamentos surgindo com maior frequência.

De acordo com Brian, em 2023 um termo deve ganhar força: o das startups que se firmarão como vintages, uma referência a safras de vinhos, mais especificamente as feitas com uvas criadas nas priores das condições.

“Dar às uvas uma vida fácil em solo fértil não as tornará as melhores possíveis. Somente quando são forçados a cavar mais fundo em busca de nutrientes e água, eles podem desenvolver a estratégia e a força para se concentrar mais no cultivo de ótimas uvas, em vez do brilho e glamour de folhas ao redor. E é exatamente isso que as startups estão sendo forçadas a fazer”, explica o líder da Latitud.

Para Requarth, em um cenário onde a irrigação (no caso, os aportes), estão escassos, é hora de estender as raízes dentro do próprio negócio, reavaliando cada linha de receita e esforço interno para estender o runway, algo que foi esquecido por muitos durante o período de abundância em investimentos.

“Mas o (meio) engraçado é que você deveria ter feito essas coisas o tempo todo; era apenas mais fácil fugir sem escrutínio antes. As startups que conseguem sobreviver neste clima descobriram isso e, portanto, têm uma grande chance de ir muito longe”, avalia.

Expectativas do mercado

Apesar de parecer mais otimista, a visão de Brian Requarth se alinha em certa forma com as previsões que o Startups ouviu de diversos executivos para 2023. Embora demissões e downrounds seguirão na pauta, especialmente entre as startups que se capitalizaram mais e agora precisam rever seus planos de crescimento, outros aspectos no mercado não devem esfriar tanto.

De acordo com as fontes ouvidas pelo nosso editor Gustavo Brigatto, por exemplo, fundos de CVC e startups early stage deverão se manter mais ativos no ecossistema, assim como outros meios de capitalização, como venture debt e dívidas como FIDC poderão ser alternativas para fintechs, por exemplo.

Em suma, como muitos já devem saber, 2023 vai ser o ano pra ver quem sabe pilotar em tempo ruim, bem como a metáfora que o confundador da Latitud deixou no final do seu recado. “Em tempos como este, gostamos de citar o grande piloto brasileiro Ayrton Senna: ‘Você não pode ultrapassar 15 carros com tempo ensolarado, mas pode quando está chovendo'”, finaliza Brian Requarth.