Na disputa pelo controle da Linx, Stone e Totvs adotaram abordagens diferentes. Enquanto a empresa de André Street tem procurado apoio à sua oferta nos fundadores e no conselho, a Totvs (que na avaliação de executivos, dormiu no ponto durante as tratativas e precisa correr atrás do prejuízo) está buscando apoio nos acionistas da Linx.
“Totvs está fazendo um trabalho de falar com o mercado, com investidores estrangeiros, mas sem levantar poeira”, disse um banqueiro que se reuniu com executivos da Totvs nas últimas semanas. Em sua base acionária, a Linx tem nomes como o fundo soberano de Cingapura, o GIC, o Itaú e a inglesa Genesis Asset Managers. Os fundadores Alberto Menache, Nércio Fernandes e Alan Dayan têm pouco mais de 14% das ações.
Ontem à noite a empresa de Laércio Cosentino soltou um fato relevante dizendo que até o fim da semana vai mandar aos conselheiros independentes da Linx sua proposta pela companhia. O documento traz a previsão de pagamento de multa de R$ 100 milhões caso o negócio não seja aprovado pelo Cade – “respeitando assim os limites legais do direito brasileiro para a imposição de cláusulas penais dessa natureza, inclusive quanto à soberania da assembleia geral dos acionistas no exame de qualquer proposta de deliberação dependente da mesma assembleia”.
Em paralelo, a Totvs trabalha nos documentos para apresentação e avaliação da oferta junto à SEC, dos EUA e ao Cade. A oferta da companhia tem validade até dia 14.
“Desta forma, a Totvs seguirá respeitando o livre exercício do direito de voto dos acionistas da Linx, legalmente vinculado ao melhor interesse da companhia e não de terceiros, e sem que daí possam resultar em ilegítimas consequências financeiras para a própria companhia.”, disse a Totvs.
O Startups apurou que teria partido do trio fundador da Linx a negociação do prêmio de 30% oferecido pela Stone em sua primeira oferta e também que foram eles que pediram o pagamento do non-compete que gerou barulho no mercado.
Na nova proposta apresentada ontem, a Stone baixou em cerca de 40% o valor oferecido aos executivos, numa tentativa de acalmar os ânimos. O valor da oferta também foi ampliado de R$ 6,04 bilhões para R$ 6,2 bilhões. O plano não parece ter dado muito certo. Para Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, que detém 3% das ações da Linx. “Exatamente a mesma estrutura. Nosso questionamento nunca foram os montantes; a ética segue a mesma. Estamos abertos a novas propostas”, disse ao Startups.