Animais

Startup de genética para cães busca fazer bichanos viverem mais

Petgenoma aposta em testes genéticos para ajudar tutores a prevenir doenças e aumentar a longevidade dos cães

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Eduardo Lemos, fundador e CEO da Petgenoma
Eduardo Lemos, fundador e CEO da Petgenoma (Imagem: Divulgação)

A conexão entre humanos e cães vai muito além de companhia – é uma troca de afeto, confiança e cuidado. Com esse laço em mente, a startup Petgenoma nasceu em 2023 com o propósito de ajudar os tutores a fazerem seus cães viverem mais e com mais qualidade. Usando a ciência como aliada, a empresa aposta na genética para transformar como cuidamos da saúde dos nossos amigos peludos.

Através de um exame genético (principal produto da companhia hoje), é possível descobrir desde a origem racial do animal – algo especialmente valioso para quem tem um vira-lata – até predisposições a doenças, obesidade e outras condições que podem comprometer o bem-estar ao longo da vida. A ideia é que, com essas informações em mãos, tutores, veterinários e criadores responsáveis possam prevenir problemas antes que eles apareçam, oferecendo cuidados mais personalizados com os cães.

O que a Petgenoma faz?

Com um total de R$ 4,6 milhões investidos de sócios e investidores anjo, a Petgenoma atua em cinco frentes principais atualmente. A primeira delas é a identificação de raças, que utiliza um banco de dados com mais de 250 raças para apontar a composição genética do animal. Já a análise de consanguinidade (quando há cruzamentos entre animais com laços genéticos próximos) avalia o grau de parentesco entre os ancestrais do cão, ajudando a identificar riscos de doenças hereditárias.

Outra frente é o mapeamento de saúde, que analisa mais de 300 doenças genéticas que podem afetar o bem-estar do cão ao longo da vida. A Petgenoma também oferece um relatório sobre características físicas e comportamentais do animal. E, por último, a farmacogenética permite entender como o organismo do pet reage a diferentes medicamentos, o que ajuda veterinários a personalizar tratamentos.

O teste, que varia de R$ 590 a R$ 790 (a depender da quantidade de painéis inclusos), pode ser comprado através do site da Petgenoma e feito pelo próprio tutor. “Mesmo que o tutor compre direto conosco, a gente recomenda que ele compartilhe esse resultado depois com o veterinário”, diz Eduardo lemos, fundador e CEO da empresa, completando que o teste consegue identificar predisposições a doenças silenciosas, como câncer e problemas renais.

Vale lembrar que, hoje, o exame da Petgenoma é voltado exclusivamente para cães, mas a companhia já planeja incluir gatos em um futuro próximo.

Laboratório, logística e presença internacional

A Petgenoma centraliza suas operações laboratoriais em um único espaço, instalado no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC) da USP, em São Paulo. De acordo com o CEO, essa estrutura já é suficiente para atender à demanda atual, uma vez que o laboratório é capaz de processar até 19.600 amostras por mês.

A escolha por ter apenas um laboratório em operação não limita o alcance da empresa, que, inclusive, conta com uma logística voltada a alcançar tutores em todas as regiões do Brasil. O processo é simples: o tutor recebe um kit em casa, coleta a amostra por swab bucal e envia de volta para análise.

Com a presença nacional já consolidada, a Petgenoma deu neste ano os primeiros passos rumo à expansão internacional. O projeto-piloto já foi iniciado no Chile, após o contato de um empresário local interessado em distribuir os testes da empresa no país. A oportunidade antecipou os planos de internacionalização, inicialmente previstos apenas para 2026. Agora, a equipe trabalha para se adaptar às questões legais e logísticas do Chile.

A ideia, segundo Eduardo, é de manter o processamento das amostras no laboratório brasileiro – sem a necessidade de abrir unidades fora do país – e expandir progressivamente para outros mercados da América Latina. Na mira estão México, Colômbia, Argentina, Peru e Uruguai.